O COELHINHO ESPERTO
Marlene B. Cerviglieri
Havia uma fazenda muito grande e linda. Todos que a visitavam ficavam encantados com tantos animais. Cada raça tinha seu próprio lar, quero dizer suas casinhas e ficavam juntos. Assim os porquinhos estavam sempre comendo e dormindo junto da mamãe porca. As vacas, que eram a maioria, ficavam num pasto muito amplo e criavam seus bezerrinhos. Bem afastado destes animais maiores, havia o galinheiro onde as galinhas botavam seus ovos e criavam seus pintinhos. Os patos também ficavam por perto, pois gostavam muito de dar uns mergulhos no lago próximo.
Bem lá embaixo numa descida ficavam os coelhinhos. Era uma coisa linda de se, ver as gaiolas grandes, e dentro todo o parquinho para eles brincarem.
Havia também a água corrente, muita verdura ali era colocada para que comessem. Vocês sabem que verdura é muito bom e devemos comer todo dia, assim o fazem os coelhinhos. Vejam como são espertos e saltitantes e têm muita força também. Bebem muita água e comem muita verdura e legumes. Bem, estou aqui para contar a história do coelhinho esperto não é mesmo?
Pois aqui vai: Uma manhã depois de se fartar de tanta verdura o coelhinho rajadinho, assim era chamado, pois era todo branco com algumas manchas pretas, resolveu sair da gaiola. Ah, pensou ele: quero dar uma voltinha par aprender alguma coisa mais. Saiu saltitante como são os coelhos, e foi parar bem no meio da floresta que havia na fazenda.
- Puxa que coisa maravilhosa! Quanta árvore e vegetação!
Ficou muito encantado mesmo, foi entrando cada vez mais. De repente surgiu um tatu... O coelhinho, que não conhecia nenhum outro bicho, levou um susto.
- Quem é você?
- Ora, sou o tatu! Respondeu.
O coelhinho chegou até perto, meio com medo e colocou o nariz no tatu.
- Coelhos são assim cheiram tudo.
- Puxa como você é duro!
- E você é mole. Respondeu o outro.
O tatu que era muito esperto e conhecia muitos bichos, riu do coelho.
- Veja, coelhinho, existe duro e mole...
- O quê? Perguntou o coelhinho.
- É, meu amigo, duro sou eu e mole é você.
- Ah, entendi. Quer dizer que existe diferença entre duro e mole.
- Sim, e você sente isto.
- Veja aqui outra diferença: Nós estamos embaixo da árvore, certo?
- Sim.
- E o nosso amigo lá, o passarinho, está em cima da árvore. Entendeu?
- Sim. Embaixo e Em cima.
Ficou feliz de aprender, disse adeus ao tatu e voltou pulando para sua casa.
- Meus irmãos - disse quando chegou -, aprendi muito hoje, sei agora o que é duro e o que é mole!
- Vejam - e foi dando instruções para seus irmãos -, coisas simples de se aprender.
- E você já sabe estas diferenças?
Se não souber leia novamente e o tatu irá explicar. Seja um coelhinho esperto!
Marlene B. Cerviglieri
A cidade dos vaga-lumes
Marlene B. Cerviglieri
A cidade era muito pequena, porem seus habitantes muito unidos. Todos sabiam de tudo. O que acontecia durante o dia, era assunto para o jantar. Viviam do cultivo de suas plantações, e em geral a colheita era sempre muito boa. Havia os que plantavam laranjas, outros café e milho e mesmo cana. Alem desta plantação todos tinham sua horta particular para o sustento da família.
Ao redor das casas viam-se arvores de frutas como goiabas, maças pêras e até parreiras de uva. Sempre ao final da colheita faziam uma grande festa na rua principal. Chegou finalmente o grande dia, e as senhoras estavam muito ocupadas com tantos pratos especiais para serem feitos. A rua estava toda enfeitada, com espigas de milho e abóboras. Usavam para enfeitar tudo que haviam colhido, ficava muito interessante de se ver. A agitação corria solta, as crianças estavam alegres pulando de um lado para o outro. Creio que toda a cidade estava presente nesta festa que acontecia o dia inteiro. A noite foi chegando e a festa continuava.
Começou a escurecer e as luzes não se acendiam! Alegres que estavam não deram muita importância ao fato. Foi escurecendo mais, e ai então ficaram preocupados. Vamos ver o que esta acontecendo... Mexeram, lidaram com os fusíveis e nada de se acenderem as lâmpadas. Acabaram ficando no escuro... Foi então que começaram a ver as luzinhas piscando em todo lugar! Mas o que é isso? Estavam sem saber o que era aquilo. Devagar tudo foi ficando quase iluminado, não era como as lâmpadas mas iluminavam! Foi quando alguém gritou bem alto;
- Os vaga-lumes...
Eram vaga-lumes pulando para todo lado, participando da festa também! Riram a vontade, continuaram a festa, pois os vaga-lumes se incumbiam de iluminar um pouco. Depois disto ficou tradição na cidade, no dia da festa nada de lâmpadas. Esperavam anoitecer para ver os vaga-lumes fazerem seu trabalho. Não acreditam? Pois vão conferir.
Onde? Na cidade dos vaga-lumes....
Marlene B. Cerviglieri
DE TÃO FORTE QUE CHEIROU
Marlene B. Cerviglieri
De tão forte que cheirou
O nariz arrepiou
A picada não foi grande
Mas a abelha picou
Corre, corre é pior
Todas se juntaram
Atrás do menor
Que até hoje não se sabe
Se está vive, ou foi para a melhor!
Marlene B. Cerviglieri
Saltitante como Grilo
Marlene B. Cerviglieri
Saltitante como um grilo
Atrás da bola fui correr
Não vendo a vassoura
Toda a tremer
Com um golpe de mestre
A cabeça desviei
Mas não vi a bola
E mais ninguém
Acordei em minha cama
Será que sonhei?
Mas quando tentei levantar
Ui, Ui...
O galo se pôs a cantar!
Marlene B. Cerviglieri
A ÁRVORE DEITADA
Marlene B. Cerviglieri
Ali no meio do parque estava a arvore deitada. Seu tronco era imenso e seus galhos pareciam ganchos esparramados ao seu redor. Mesmo assim despertava um fascínio em todos os que por ali passavam. Ninguém sabia, no entanto, que aquela mesma árvore, de mais de cem anos, tinha sido um dia frondosa cheia de folhas e de muita sombra. Sofreu por muito tempo ali deitada, não deixando transparecer que estava muito triste.
- Sou uma árvore careca. Pensava.
Realmente não tinha mais nenhuma folha em seus galhos. No dia que foi derrubada pela ventania muito forte, mas muito forte mesmo, perdeu toda as suas folhas. Ali deitada com a raiz a mostra permanecia como que calada esperando que algo mais acontecesse.
- Que será de mim agora? - pensava quietinha deitada no chão. Os pássaros não vão mais querer fazer os seus ninhos, não há mais segurança, pois estou toda sem folhas.
Quanto mais pensava mais triste ia ficando. Daí que uma manhã surgiu no parque um bando de meninos e meninas vindos de uma escola, para lá passarem algumas horas. Normalmente isto sempre acontecia. Porém naquele dia aconteceu um fato muito bonito. Interessante como diria minha professora.
As crianças depois de andarem em todos os brinquedos existentes, e de fazerem muito barulho estavam cansados demais. Que fazer? Os bancos eram de cimento e duros. Surgiu então a grande idéia.
- Veja - disse um deles - ali está uma enorme árvore!
- E deitada. - disse o outro. Parece uma cama enorme, vamos até lá.
Assim sendo subiram com facilidade na arvore deitada. Encaixaram-se tão bem em seus galhos, e lá descansaram. Quando voltaram para a escola tiveram que relatar o passeio. É claro que o assunto imediato foi a árvore deitada. Como falaram tanto dela a outra classe pediu também para ir vê-la.
Hoje a árvore deitada é procurada por muitos jovens que se sentem bem a vontade para subir nela, sentar lá em cima e descansarem. Às vezes pensamos que tudo está perdido, não terá mais solução. Engano nosso, para tudo tem jeito, é uma questão de sabermos esperar e ter paciência. Os fatos mudam nada é para sempre.
Do medo de ir para a fogueira que tinha a árvore, pois achava que não servia para mais nada. Tornou-se o lugar mais procurado do parque. Quando estiveres achando que nada mais vai dar certo, espere e verás que o conserto logo virá. Existem mil formas de ser, não necessariamente precisam ser sempre as mesmas. O difícil é aceitar as diferentes, pois as conhecidas são fáceis. No tombo mesmo permanecendo deitado, existe a transformação. Sejamos como a árvore e pensemos positivo para enfim podermos ajudar e sermos ajudados.
Marlene B. Cerviglieri
A LAGARTIXA E A BORBOLETA
Marlene B. Cerviglieri
Viviam no beiral de uma casa, dna Lagartixa e sua enorme família. Ali abrigadas se reuniam em torno de seus filhotinhos, só saiam para procurar comida. Eram muito ligeiras e apesar de seus rabinhos longos, corriam bem depressa. Certa manhã a mamãe Lagartixa saiu para procurar comida, mas avisou suas lagartixinhas que ficassem bem quietinhas, nada de dar passeio pelas janelas ou nas paredes. Lá foi a mamãe pensando que iria ser atendida por suas filhinhas. Qual nada. Assim que ela saiu, as lagartixinhas olharam umas para as outras e disseram:
- O que vamos fazer se não podemos sair daqui?
- Ora, ora vamos dar uma voltinha na janela, ver se achamos algum mosquitinho!
Seus olhinhos brilhavam só em pensar de achar um mosquitinho na janela. Uniram-se e foram. Nesta mesma manhã a Borboleta que voava no jardim, beijando todas as flores que via, resolveu dar uma paradinha no batente da janela!
Ficava pousada no vidro. Às vezes, voava para o jardim ou ficava pousada no batente da janela. As lagartixinhas, que nunca haviam visto uma Borboleta, estavam encantadas com seu vestuário e sua agilidade.
- Veja ela tem quatro cores, e os olhinhos brilham, e como vai de um lugar para outro!
- Ela está voando - disse uma delas.
- O que é voar? Perguntaram as outras.
- Ora é andar sem pôr os pés no chão...
- Ouvi dizer que os pássaros também fazem isso É mesmo?
- Pois eu acho que nós devíamos voar também!
- Você está louca! - respondeu a irmãzinha já ficando preocupada.
De nada adiantou pedir e até implorar para que ficassem quietas ali. Afinal já haviam desobedecido a mamãe. E agora ? Tentou mais uma vez falar com elas mas nada.
Sendo assim ficou num cantinho do beiral observando para ver o que elas iriam fazer. Não tinham como se apoiar e o rabinho até atrapalhava, mesmo assim se colocaram em posição quase de pé e se atiraram para o jardim. Claro que aconteceu o que se esperava, caíram pesadamente no chão. Todas doloridas, faltando pedacinho de rabo em uma, e agora? Foi quando a irmã, que não as acompanhou nesta loucura, gritou para elas:
- Esperem, vou buscar ajuda.
Assim o fez e veio com a mamãe Lagartixa. Depois de levá-las para casa e cuidar dos ferimentos, a mamãe tinha uma lição para ensinar:
- Primeiro vocês me desobedeceram, só de sair sem conhecer lá fora já foi um perigo grande. Agora vocês inventam de querer voar também?
- Mas mamãe, vimos a dna Borboleta ela faz tudo tão devagar não parecia perigoso.
- Muito bem minhas filhinhas, a dona Borboleta já nasceu para voar!
- Como assim mamãe?
- Alguns animais nascem sabendo o que fazer, é da raça dela.
- Vocês não poderiam sair por ai voando nunca, só se alguém as atirasse!
- Imaginem o Totó voando? Ou o Burrico?
- Por isso digo que cada um deve ficar no seu canto com os seus encantos.
- Encantos mamãe?
- Sim todos nós temos os nossos encantos, não precisamos copiar ninguém, pois não será a mesma coisa. Entenderam o que a mamãe disse?
Rindo responderam:
- Sim mamãe. Mas que seria muito gozado ver o elefante voando, ah seria...
Rindo apreenderam a lição e até hoje o rabinho delas ainda está crescendo. É porque as lagartixas se perdem um pedacinho, volta a crescer.
- Interessante não é?
Cada uma com os seus dons, cada um dentro de sua raça, com seus encantos.
- E você já sabe quais são os seus?
Marlene B. Cerviglieri
Nenhum comentário:
Postar um comentário