A atividade e o descanso
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)Oliverio: — Uma das experiências logosóficas que mais me tem chamado a atenção é a que nos impele a estar sempre mentalmente ativos, como condição indispensável para conseguir realizações efetivas, ou seja, de caráter permanente. Não sendo assim, não se poderiam obter, ao que parece, as grandes vantagens que a Sabedoria Logosófica preconiza. Creio, contudo, que não é absolutamente necessário manter um ritmo constante de atividade mental, pois fatigar a mente com uma contínua azáfama de pensamentos poderia ser prejudicial.
Preceptor: — Tudo depende de como se considerem ou se entendam as coisas. Em primeiro lugar, o método logosófico estabelece que, aos trechos intensos de estudo ou de atividade mental, devem seguir outros de descanso, durante os quais é recomendável distrair a atenção em coisas úteis, em lugar de entregar-se a distrações pueris. Desse modo, a mente recebe uma compensação feliz que a descansa num proveitoso sossego e a prepara, ao mesmo tempo, para uma nova atividade. Por outro lado, o descanso físico e psicológico que o sono proporciona durante a noite é mais que suficiente para restituir os desgastes produzidos pela vigília.
Oliverio: — Quer dizer, então, que o descanso é necessário à mente, mas concebido sempre de forma proveitosa e alternando-se com estudos intensivos.
Preceptor: — Para maior compreensão, apresentarei uma analogia; preste bem atenção nela: os ensinamentos logosóficos são como a água cristalina que flui de um lençol fecundo. De um lado, levam consigo a força fertilizante, e, de outro, saciam a sede. Não deixe que essa água se estanque em sua propriedade, pois você correria o risco de converter em lamaçal o que deveria ser vale fecundo.
Como se pode apreciar na própria Natureza, a vida, para cumprir seus ciclos de renovação, deve estar, tal como a água, em permanente atividade. Todo instante inativo sempre tende a prolongar-se além da conta, transformando-se em preguiça.
Você há de convir comigo agora que, para evitar cair em tão sedutora prostração, os preceitos logosóficos devem fixar ou estabelecer como norma uma atividade que exclua toda inação, sempre perniciosa.
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