Alfabetização e poesia
Palmyra Baroni Nunes - 25/01/2011
Palmyra Baroni Nunes - 25/01/2011
Folha Dirigida - 20/01/2011Quem sobe nos ares não fica no chão, Quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa Estar ao mesmo tempo nos dois lugares! (Ou Isto ou Aquilo, Cecília Meireles)
O ano de 2011 marca os cento e dez anos do nascimento da escritora Cecília Meireles. Autora de diversas obras, dentre as quais, encontra-se uma bastante conhecida de crianças e adultos, o livro de poesias Ou isto ou aquilo. Nele, existe uma coletânea de poesias cheias de aliterações, que contribuem para a criação de imagens e ritmos que facilitam a compreensão e interpretação dos textos e que podem ser usadas pelo professor com seus alunos para diversos fins.
Os sons das palavras não são escolhidos de forma aleatória, pelo contrário, eles acabam por contribuir para que o leitor construa significados descobrindo, assim, a beleza das poesias.
Pensando na riqueza das poesias de Cecília nesta obra, acredito haver uma bem sucedida relação entre alfabetização e poesia. Segundo Mary Kato, em seu texto Como a criança aprende a ler: uma questão platoniana ,existe uma fase no aprendizado da criança em que esta adora versos rimados e brinca com palavras que rimam. Tal fase se estende da alfabetização ao letramento. Daí a importância de se trabalhar com poesias na sala de aula, por se tratar de um gênero textual no qual forma, conteúdo e ritmo podem ser explorados de maneira significativa para ensinar a ler, desenvolver a fluência na leitura oral e na interpretação de textos pela criança. Por ser um gênero que mexe com o imaginário, sendo rico em significados, a habilidade da escrita também pode, perfeitamente, ser incentivada e melhorada, através da produção de poesias feitas pelos próprios alunos. Além disso, a musicalidade presente nos textos de Cecília aumenta a consciência fonológica dos alunos, auxiliando, assim, no processo de alfabetização.
O trabalho com poesias na alfabetização pode acontecer de formas distintas, onde diversas áreas do conhecimento são ativadas, isto é, desde o reconhecimento da repetição de um fonema, até o sentido estabelecido pela repetição desse fonema. Com isso, atividades variadas podem ser desenvolvidas com as poesias, tendo objetivos distintos, para atingir alunos em diferentes fases de aprendizagem. Quando os alunos ainda apresentam pouca experiência com a leitura, as atividades podem ser de reconhecimento de sílabas e palavras que estão sendo trabalhadas pelo professor. É importante expor as poesias trabalhadas na sala de aula para que elas possam ser usadas sempre que necessário, ou seja, conforme os fonemas e sílabas são apresentados, estes podem ser identificados em poesias já lidas pela turma, para que os alunos percebam seu avanço na leitura. Com essas atividades, os fonemas e as palavras são apresentados dentro de um contexto estando sempre associados a textos.
Com o objetivo de verificar a fluência e, ao mesmo tempo, autonomia na leitura de palavras, os alunos podem receber as poesias com lacunas e as palavras que faltam para completar esses espaços. Após a leitura, eles devem colocar as palavras no local onde estas se encaixam, sempre recebendo feedback do professor. A escrita também pode ser contemplada com atividades em que os alunos devem escrever as palavras que estão faltando nas poesias, como um ditado contextualizado. Eles também podem ser convidados a interpretar e fazer sentido com atividades em grupo em que os versos são recebidos e depois colocados em ordem e, através da leitura da poesia original, os alunos checam se a ordem está correta e, caso não esteja, fazem as mudanças adequadas. Essas atividades contribuem para que os alunos ganhem maior confiança e intimidade com a leitura e escrita. Além disso, a leitura das poesias em voz alta ajuda a sentir o que as repetições representam dentro do contexto.
Apresentar as poesias em painéis envolve outras linguagens, uma vez que, a criação destes busca a interpretação da poesia e a tradução daquilo que os alunos entenderam através de desenhos, onde, geralmente, todos dão palpites ao participarem de sua confecção. Por outro lado, algumas poesias são melhor apreciadas e entendidas se representadas pelos alunos, que podem buscar diferentes e interessantes formas de mostrá-las, criando uma atmosfera de união e troca tão importantes em qualquer ambiente escolar. Numa época em que muito é discutido sobre os benefícios que o desenvolvimento de um trabalho eficaz com gêneros textuais traz para classes de alfabetização, o exposto acima demonstra a contemporaneidade das poesias de Cecília Meireles que, assim como vários outros escritores, deixou-nos um solo bastante fértil que pode ser explorado tanto para ensinar a ler quanto para ensinar a gostar de ler, já que poesias e alfabetização fazem um entrelace perfeito para a aprendizagem. O ano de 2011 traz uma bela oportunidade de fazer com que esse entrelace aconteça, o que seria também uma bela homenagem à escritora Cecília Meireles.
Palmyra Baroni Nunes é professora do Ensino Fundamental da Prefeitura do Rio de Janeiro, formada em Letras (Inglês/Literaturas) pela UERJ, com Mestrado em Linguística Aplicada pela UFF.
O ano de 2011 marca os cento e dez anos do nascimento da escritora Cecília Meireles. Autora de diversas obras, dentre as quais, encontra-se uma bastante conhecida de crianças e adultos, o livro de poesias Ou isto ou aquilo. Nele, existe uma coletânea de poesias cheias de aliterações, que contribuem para a criação de imagens e ritmos que facilitam a compreensão e interpretação dos textos e que podem ser usadas pelo professor com seus alunos para diversos fins.
Os sons das palavras não são escolhidos de forma aleatória, pelo contrário, eles acabam por contribuir para que o leitor construa significados descobrindo, assim, a beleza das poesias.
Pensando na riqueza das poesias de Cecília nesta obra, acredito haver uma bem sucedida relação entre alfabetização e poesia. Segundo Mary Kato, em seu texto Como a criança aprende a ler: uma questão platoniana ,existe uma fase no aprendizado da criança em que esta adora versos rimados e brinca com palavras que rimam. Tal fase se estende da alfabetização ao letramento. Daí a importância de se trabalhar com poesias na sala de aula, por se tratar de um gênero textual no qual forma, conteúdo e ritmo podem ser explorados de maneira significativa para ensinar a ler, desenvolver a fluência na leitura oral e na interpretação de textos pela criança. Por ser um gênero que mexe com o imaginário, sendo rico em significados, a habilidade da escrita também pode, perfeitamente, ser incentivada e melhorada, através da produção de poesias feitas pelos próprios alunos. Além disso, a musicalidade presente nos textos de Cecília aumenta a consciência fonológica dos alunos, auxiliando, assim, no processo de alfabetização.
O trabalho com poesias na alfabetização pode acontecer de formas distintas, onde diversas áreas do conhecimento são ativadas, isto é, desde o reconhecimento da repetição de um fonema, até o sentido estabelecido pela repetição desse fonema. Com isso, atividades variadas podem ser desenvolvidas com as poesias, tendo objetivos distintos, para atingir alunos em diferentes fases de aprendizagem. Quando os alunos ainda apresentam pouca experiência com a leitura, as atividades podem ser de reconhecimento de sílabas e palavras que estão sendo trabalhadas pelo professor. É importante expor as poesias trabalhadas na sala de aula para que elas possam ser usadas sempre que necessário, ou seja, conforme os fonemas e sílabas são apresentados, estes podem ser identificados em poesias já lidas pela turma, para que os alunos percebam seu avanço na leitura. Com essas atividades, os fonemas e as palavras são apresentados dentro de um contexto estando sempre associados a textos.
Com o objetivo de verificar a fluência e, ao mesmo tempo, autonomia na leitura de palavras, os alunos podem receber as poesias com lacunas e as palavras que faltam para completar esses espaços. Após a leitura, eles devem colocar as palavras no local onde estas se encaixam, sempre recebendo feedback do professor. A escrita também pode ser contemplada com atividades em que os alunos devem escrever as palavras que estão faltando nas poesias, como um ditado contextualizado. Eles também podem ser convidados a interpretar e fazer sentido com atividades em grupo em que os versos são recebidos e depois colocados em ordem e, através da leitura da poesia original, os alunos checam se a ordem está correta e, caso não esteja, fazem as mudanças adequadas. Essas atividades contribuem para que os alunos ganhem maior confiança e intimidade com a leitura e escrita. Além disso, a leitura das poesias em voz alta ajuda a sentir o que as repetições representam dentro do contexto.
Apresentar as poesias em painéis envolve outras linguagens, uma vez que, a criação destes busca a interpretação da poesia e a tradução daquilo que os alunos entenderam através de desenhos, onde, geralmente, todos dão palpites ao participarem de sua confecção. Por outro lado, algumas poesias são melhor apreciadas e entendidas se representadas pelos alunos, que podem buscar diferentes e interessantes formas de mostrá-las, criando uma atmosfera de união e troca tão importantes em qualquer ambiente escolar. Numa época em que muito é discutido sobre os benefícios que o desenvolvimento de um trabalho eficaz com gêneros textuais traz para classes de alfabetização, o exposto acima demonstra a contemporaneidade das poesias de Cecília Meireles que, assim como vários outros escritores, deixou-nos um solo bastante fértil que pode ser explorado tanto para ensinar a ler quanto para ensinar a gostar de ler, já que poesias e alfabetização fazem um entrelace perfeito para a aprendizagem. O ano de 2011 traz uma bela oportunidade de fazer com que esse entrelace aconteça, o que seria também uma bela homenagem à escritora Cecília Meireles.
Palmyra Baroni Nunes é professora do Ensino Fundamental da Prefeitura do Rio de Janeiro, formada em Letras (Inglês/Literaturas) pela UERJ, com Mestrado em Linguística Aplicada pela UFF.
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