Adaptação e Acolhimento: Um cuidado inerente ao projeto educativo da instituição e um indicador de qualidade do serviço prestado pela instituição
Por Cisele Ortiz (*)
Pretendo neste texto propor algumas reflexões sobre o processo de entrada da criança na escola de Educação Infantil. O acolhimento do ponto de vista das crianças, das famílias e da instituição, tendo como foco o planejamento do processo de acolhimento. Tratar deste tema se justifica por algumas razões advindas da experiência: Primeira razão, nos processos de formação de professores muitas vezes nos deparamos com situação de conflito entre profissionais e famílias que se forem investigadas com maior atenção são reveladoras de problemas mal resolvidos desde a entrada da criança na escola.
Segunda, quando questionamos a organização dos grupos infantis, normalmente há uma queixa muito grande de que as crianças estão eternamente em adaptação. Uma boa parte das escolas seja pública ou privada, costuma privilegiar a quantidade de vagas a serem preenchidas em detrimento da relação que se estabelece entre as pessoas, mudando as crianças de grupo com muita freqüência diante dos indicadores de desenvolvimento: sentar, engatinhar, andar, tirar fraldas... dentro deste tópico podemos ressaltar também o excesso de crianças em um grupo, desrespeitando o tamanho máximo dos grupos e proporção adulto/criança Considero esses aspectos como são fatores que interferem num bom acolhimento.
Terceira, os professores vivenciam o choro das crianças durante muito tempo, todos os dias, quem vê de fora pensa que eles já se acostumaram, mas não se acostumaram não com o nível de ruído, de estresse, etc... Sentem-se cobrados e observados caso a adaptação demore para acontecer, gerando ansiedade e instabilidade.
Quarta, inexiste o planejamento institucional da acolhida: Essa prática, embora comum, não está de todo disseminada na educação, principalmente nas escolas públicas e creches que atendem a população de baixa renda. Parecem existir ainda resistências em se planejar uma boa acolhida. Podemos inferir que há por trás disso a idéia de que é um “luxo” destinado aos ricos, pois a criança pobre não precisa deste cuidado, na medida em que mães e crianças de baixa renda já estão acostumadas a sofrer, de que qualquer lugar do mundo é melhor do que suas casas, e que quem precisa do serviço deve se submeter sem atrapalhar muito. Se se constatam problemas eles são considerados como uma “frescura” da criança ou excesso de mimo da mãe. Este preconceito na verdade revela uma concepção assistencialista, no qual a educação do pobre é vista como um favor.
“A educação infantil inaugura a educação da pessoa. Essa educação se dá na família, na comunidade e nas instituições. As instituições de educação infantil vêm se tornando cada vez mais necessárias, como complementares à ação da família, o que já foi afirmado pelo mais importante documento internacional de educação deste século, a Declaração Mundial de Educação para Todos (Jomtien, Tailândia, 1990)” referendado no. PNE do Brasil de 2002. O fato é de a escola de educação infantil já há 15 anos desde de 1988 é direito da criança e opção da família. Constituição, ECA e LDB reforçam a idéia deste direito... Leia mais na Nova Escola
(*) Psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Avisa Lá (www.avisala.org.br)
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