O aluno e o sentido da leitura
Giselle Cruz
Ler envolve um conjunto de capacidades. Muitas pessoas expressam suas ideias através da escrita; outras preferem a oralidade e procuram escrever textos simples, que não necessitem de um cuidado maior, como bilhetes, e-mail, scraps e as próprias conversas no MSN. No entanto, algumas situações exigem que sejamos capazes de expressar pensamentos e ideias através da escrita. Então, devemos dar atenção a algo que é fundamental para essa prática: a leitura
Os professores, na sua grande maioria, consideram os alunos leitores a partir do momento em que estes são capazes de decodificar palavras, ignorando assim o fato de que existe uma imensa diferença entre decodificação e o que vem a ser uma compreensão. A escola também deixa a desejar, pois recebe alunos que não manusearam livros nem jornais, que não folhearam revistas, que não ouviram leituras de contos de fadas, ou seja, alunos que não possuem conhecimento dessas práticas e, simplesmente, não proporcionam essas vivências aos seus educandos.
Segundo Lerner, “Investigações psicolinguísticas, desde os anos 70, mostram que não se lê letra por letra, que a leitura implica uma construção de significados e que eles não estão no texto, mas são construídos pelo leitor”(LERNER, p. 14). Portanto, se nós professores desejamos que o aluno possa ler e escrever textos com autonomia, devemos oferecer-lhes subsídios com os quais sejam capaz de compreender e manipular os significados sociais e culturais da língua escrita; que consigam fazer a construção de sentido de um texto e o reconhecimento de diferentes gêneros, todos indicando um controle fluente dos usos sociais da língua. Por isso, a leitura deve ser trabalhada em sala de aula, com o objetivo de fazer com que o aluno, seja capaz de desenvolver a capacidade de refletir, de maneia crítica, sobre a realidade que o cerca. Esse pensamento só será desenvolvido se conseguirmos, como educadores, dar condições aos nossos alunos para que consigam expressar suas próprias ideias e experiências, fazendo dos textos um lugar de interação entre, aluno-texto-autor e com isso, o aluno consiga através das análises compreender, interpretar e, a partir disso, produzir textos com autonomia e responsabilidade.
Já Saraiva (2006), transforma o “texto literário” como ator principal de seus artigos. O autor prossegue argumentando que os professores não sabem fazer uso dos textos literários, ou seja, usam os textos literários apenas para ampliação do vocabulário de seus alunos, assimilação de regras da escrita e exercícios para reconhecimento de informações. Não sabem usar o texto literário como prática significante, ignorando a interação texto/leitor.
Sabemos que o texto literário, embora fictício ele estabelece correspondências com a realidade, ou seja, ele corresponde (faz referência) à realidade do leitor, pois possibilita várias leituras. A ambigüidade, também enriquece, abre o texto para o leitor fazer várias interpretações, usando sua imaginação. Ao ler o texto literário o leitor age sobre o texto, desconstruíndo suas tramas e reconstruindo-as, preenchendo os espaços deixados em branco ao desconstruí-lo, extraindo e, ao mesmo tempo, atribuindo significados a partir de seu conhecimento linguístico e de mundo.
Chama a atenção a maneira com que o autor reforça a ideia de que valorizar os textos literários na prática pedagógica, não significa excluir todos os outros e usar somente essa modalidade de texto, mas que “o processo de aprendizagem da língua deve ser enriquecido pela pluralidade de discursos e de gêneros”. O autor segue argumentando que uma produção de texto, é ao mesmo tempo, o lugar onde a linguagem é reconhecida como uma forma de ação, um processo de estabelecer vínculos e de criar compromissos entre interlocutores, ou seja, um diálogo do leitor com o texto. Pois, ao produzir um texto levamos em conta uma série de elementos que são essenciais para seu entendimento, sempre produzimos com um propósito, alguém sempre vai ler e, consequentemente tentar entender a mensagem, então, precisamos pensar no tipo de gênero, nos recursos de coesão e coerência, na sua função, na sua informatividade, dentre muitos outros.
Explorar a oralidade dos nossos alunos, é também produzir textos, não escritos, mas orais, os quais usamos todos os dias. Também, ao lermos um texto precisamos lembrar que ele tem uma intencionalidade e que nunca é uma “informação” acabada em si mesmo, por isso, a leitura de textos tem que estar presente em qualquer disciplina, seja ela qual for, e não apenas, nas aulas de língua portuguesa, mas nos decepcionamos cada vez que ouvimos um educador de outras áreas dizer que – “não é minha função ensinar a escrever certo”. Tomara que esse pensamento seja deletado da memória dos que, ainda pensam dessa maneira sobre o ensino da língua. Esse é mais um motivo para nós futuros professores, trabalhar a leitura com os alunos, estabelecendo relações entre o texto e os conhecimentos prévios do educando ou, entre o texto e outros textos já lidos. Essa ideia, também está destacada no PCN do Ensino Fundamental. Observa-se:
o leitor competente é capaz de ler as entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos, estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos (PCN, p.70).
Então, se é nossa responsabilidade formar bom leitores, temos que, junto com a escola, desenvolver neles habilidades de compreensão, interpretação e produção, não o simples conhecimento de palavras para apenas decodificar, reproduzir, trabalhar com regras gramaticais, pedir produção para o professor “corrigir” e dar nota. Em qualquer texto, o aluno precisa construir um sentido, ser capaz de refletir, de maneia crítica, sobre o mundo que o cerca e a partir disso poder compreender e interpretar o que leu. Esse pensamento fica claro quando Geraldi comenta que:
é preferível que um ou outro aluno nos “logre”, dizendo que leu um livro que não leu, à estabelecer critérios rígidos de avaliação de leitura. (GERALDI, 2002. p. 63).
Portanto, um texto nada mais é do que um instrumento de interação entre professor/aluno/texto/autor, processo este que envolve tanto leitor quanto escritor e o sentido se forma a partir das relações que ambos mantém. Podemos dizer que é no processo de leitura que realizamos um trabalho ativo de compreensão e ao mesmo tempo de interpretação do texto, a partir dos nossos objetivos, de nossos conhecimento sobre o assunto e sobre a utilização da língua, a qual é também um instrumento de interação social.
De acordo com a pesquisa de Duarte e Werneck, sobre a relação entre leitura/literatura na aulas de Língua Portuguesa, é importante que o trabalho em sala de aula dê ênfase à capacitação do leitor literário, através de procedimentos e estratégias de leitura que incentivem o aluno a ler. O professor deve propiciar aos alunos o desenvolvimento de uma bagagem que sirva de base para o entendimento de novos textos.
Para Kleiman (2004), “A leitura deve ser trabalhada de acordo com o gênero textual a ser utilizado; tendo objetivos diferentes para cada tipo de texto”. Se o texto é objeto significante, é o leitor que, por sua atividade, nele constrói a significação. Pois o estudo da literatura deveria ser compreendida como produção artística por sua habilidade em ajudar os alunos a compreenderem a si próprios, sua comunidade e seu mundo mais profundamente. Em suma, a literatura influencia o destinatário, porque pode criar ou veicular normas, reproduzir ou reforçar padrões vigentes e, inclusive, antecipar-se à sociedade, inovando e rompendo com códigos consagrados.
Acreditamos nos futuros educadores que pensam na educação como uma necessidade e que tenham responsabilidade e compromisso para proporcionar um encontro mágico com a literatura. Por isso, devemos acima de tudo, levar nossos alunos ao desenvolvimento da capacidade de refletir, de maneia crítica, sobre o mundo que o cerca e mais específico, sobre a utilização da língua como instrumento de interação social.
Os textos estudados ao longo do semestre sobre leitura e literatura, estão escritos com clareza, coesão, coerência e boa argumentação, o que possibilita o bom entendimento do assunto. Também, é de grande valia para a ampliação dos conhecimentos a respeito do tema, podendo ser recomendado para acadêmicos do Curso de Letras e todos aqueles que desejam aprender mais sobre as teorias em questão.
Referencias.....
BIBLIOGRAFIA
GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 1997.
BRASIL, SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa: 5ª. a 8ª. Série. Brasília: SEF, 1998
Ler envolve um conjunto de capacidades. Muitas pessoas expressam suas ideias através da escrita; outras preferem a oralidade e procuram escrever textos simples, que não necessitem de um cuidado maior, como bilhetes, e-mail, scraps e as próprias conversas no MSN. No entanto, algumas situações exigem que sejamos capazes de expressar pensamentos e ideias através da escrita. Então, devemos dar atenção a algo que é fundamental para essa prática: a leitura
Os professores, na sua grande maioria, consideram os alunos leitores a partir do momento em que estes são capazes de decodificar palavras, ignorando assim o fato de que existe uma imensa diferença entre decodificação e o que vem a ser uma compreensão. A escola também deixa a desejar, pois recebe alunos que não manusearam livros nem jornais, que não folhearam revistas, que não ouviram leituras de contos de fadas, ou seja, alunos que não possuem conhecimento dessas práticas e, simplesmente, não proporcionam essas vivências aos seus educandos.
Segundo Lerner, “Investigações psicolinguísticas, desde os anos 70, mostram que não se lê letra por letra, que a leitura implica uma construção de significados e que eles não estão no texto, mas são construídos pelo leitor”(LERNER, p. 14). Portanto, se nós professores desejamos que o aluno possa ler e escrever textos com autonomia, devemos oferecer-lhes subsídios com os quais sejam capaz de compreender e manipular os significados sociais e culturais da língua escrita; que consigam fazer a construção de sentido de um texto e o reconhecimento de diferentes gêneros, todos indicando um controle fluente dos usos sociais da língua. Por isso, a leitura deve ser trabalhada em sala de aula, com o objetivo de fazer com que o aluno, seja capaz de desenvolver a capacidade de refletir, de maneia crítica, sobre a realidade que o cerca. Esse pensamento só será desenvolvido se conseguirmos, como educadores, dar condições aos nossos alunos para que consigam expressar suas próprias ideias e experiências, fazendo dos textos um lugar de interação entre, aluno-texto-autor e com isso, o aluno consiga através das análises compreender, interpretar e, a partir disso, produzir textos com autonomia e responsabilidade.
Já Saraiva (2006), transforma o “texto literário” como ator principal de seus artigos. O autor prossegue argumentando que os professores não sabem fazer uso dos textos literários, ou seja, usam os textos literários apenas para ampliação do vocabulário de seus alunos, assimilação de regras da escrita e exercícios para reconhecimento de informações. Não sabem usar o texto literário como prática significante, ignorando a interação texto/leitor.
Sabemos que o texto literário, embora fictício ele estabelece correspondências com a realidade, ou seja, ele corresponde (faz referência) à realidade do leitor, pois possibilita várias leituras. A ambigüidade, também enriquece, abre o texto para o leitor fazer várias interpretações, usando sua imaginação. Ao ler o texto literário o leitor age sobre o texto, desconstruíndo suas tramas e reconstruindo-as, preenchendo os espaços deixados em branco ao desconstruí-lo, extraindo e, ao mesmo tempo, atribuindo significados a partir de seu conhecimento linguístico e de mundo.
Chama a atenção a maneira com que o autor reforça a ideia de que valorizar os textos literários na prática pedagógica, não significa excluir todos os outros e usar somente essa modalidade de texto, mas que “o processo de aprendizagem da língua deve ser enriquecido pela pluralidade de discursos e de gêneros”. O autor segue argumentando que uma produção de texto, é ao mesmo tempo, o lugar onde a linguagem é reconhecida como uma forma de ação, um processo de estabelecer vínculos e de criar compromissos entre interlocutores, ou seja, um diálogo do leitor com o texto. Pois, ao produzir um texto levamos em conta uma série de elementos que são essenciais para seu entendimento, sempre produzimos com um propósito, alguém sempre vai ler e, consequentemente tentar entender a mensagem, então, precisamos pensar no tipo de gênero, nos recursos de coesão e coerência, na sua função, na sua informatividade, dentre muitos outros.
Explorar a oralidade dos nossos alunos, é também produzir textos, não escritos, mas orais, os quais usamos todos os dias. Também, ao lermos um texto precisamos lembrar que ele tem uma intencionalidade e que nunca é uma “informação” acabada em si mesmo, por isso, a leitura de textos tem que estar presente em qualquer disciplina, seja ela qual for, e não apenas, nas aulas de língua portuguesa, mas nos decepcionamos cada vez que ouvimos um educador de outras áreas dizer que – “não é minha função ensinar a escrever certo”. Tomara que esse pensamento seja deletado da memória dos que, ainda pensam dessa maneira sobre o ensino da língua. Esse é mais um motivo para nós futuros professores, trabalhar a leitura com os alunos, estabelecendo relações entre o texto e os conhecimentos prévios do educando ou, entre o texto e outros textos já lidos. Essa ideia, também está destacada no PCN do Ensino Fundamental. Observa-se:
o leitor competente é capaz de ler as entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos, estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos (PCN, p.70).
Então, se é nossa responsabilidade formar bom leitores, temos que, junto com a escola, desenvolver neles habilidades de compreensão, interpretação e produção, não o simples conhecimento de palavras para apenas decodificar, reproduzir, trabalhar com regras gramaticais, pedir produção para o professor “corrigir” e dar nota. Em qualquer texto, o aluno precisa construir um sentido, ser capaz de refletir, de maneia crítica, sobre o mundo que o cerca e a partir disso poder compreender e interpretar o que leu. Esse pensamento fica claro quando Geraldi comenta que:
é preferível que um ou outro aluno nos “logre”, dizendo que leu um livro que não leu, à estabelecer critérios rígidos de avaliação de leitura. (GERALDI, 2002. p. 63).
Portanto, um texto nada mais é do que um instrumento de interação entre professor/aluno/texto/autor, processo este que envolve tanto leitor quanto escritor e o sentido se forma a partir das relações que ambos mantém. Podemos dizer que é no processo de leitura que realizamos um trabalho ativo de compreensão e ao mesmo tempo de interpretação do texto, a partir dos nossos objetivos, de nossos conhecimento sobre o assunto e sobre a utilização da língua, a qual é também um instrumento de interação social.
De acordo com a pesquisa de Duarte e Werneck, sobre a relação entre leitura/literatura na aulas de Língua Portuguesa, é importante que o trabalho em sala de aula dê ênfase à capacitação do leitor literário, através de procedimentos e estratégias de leitura que incentivem o aluno a ler. O professor deve propiciar aos alunos o desenvolvimento de uma bagagem que sirva de base para o entendimento de novos textos.
Para Kleiman (2004), “A leitura deve ser trabalhada de acordo com o gênero textual a ser utilizado; tendo objetivos diferentes para cada tipo de texto”. Se o texto é objeto significante, é o leitor que, por sua atividade, nele constrói a significação. Pois o estudo da literatura deveria ser compreendida como produção artística por sua habilidade em ajudar os alunos a compreenderem a si próprios, sua comunidade e seu mundo mais profundamente. Em suma, a literatura influencia o destinatário, porque pode criar ou veicular normas, reproduzir ou reforçar padrões vigentes e, inclusive, antecipar-se à sociedade, inovando e rompendo com códigos consagrados.
Acreditamos nos futuros educadores que pensam na educação como uma necessidade e que tenham responsabilidade e compromisso para proporcionar um encontro mágico com a literatura. Por isso, devemos acima de tudo, levar nossos alunos ao desenvolvimento da capacidade de refletir, de maneia crítica, sobre o mundo que o cerca e mais específico, sobre a utilização da língua como instrumento de interação social.
Os textos estudados ao longo do semestre sobre leitura e literatura, estão escritos com clareza, coesão, coerência e boa argumentação, o que possibilita o bom entendimento do assunto. Também, é de grande valia para a ampliação dos conhecimentos a respeito do tema, podendo ser recomendado para acadêmicos do Curso de Letras e todos aqueles que desejam aprender mais sobre as teorias em questão.
Referencias.....
BIBLIOGRAFIA
GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 1997.
BRASIL, SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa: 5ª. a 8ª. Série. Brasília: SEF, 1998
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