“Hiperatividade” e as férias escolares: pais desesperados
MARJORIE CALUMBY GOMES DE ALMEIDAO período das férias escolares se aproxima e com elas a ansiedade e até mesmo o desespero tornam-se visíveis a maioria dos pais. Não raras são as vezes em que os pais têm lotado os consultórios psicopedagógicos e psiquiátricos em busca de uma indicação medicamentosa para cuidar do “comportamento” dos filhos, desta vez não para se concentrar nos estudos em sala de aula, mas sim em casa durante as férias escolares. Não seria este um momento aguardado por toda a família para curtirem juntos programas agradáveis e que o bem-estar seria a base primordial para tornar os laços afetivos ainda mais fortes entre a família? Seria talvez em outras épocas ou este propósito lamentavelmente tem sido voltado a um grupo cada vez mais restrito na sociedade atual. Com tantos compromissos que a modernidade exige dos pais para que possam cada vez mais construir e manter patrimônios, os mesmos tem delegado suas responsabilidades insubstituíveis para terceiros, ficando estes para babás, escolas, creches, avós, tios, etc. Afinal, os pais precisam dar tudo o que há de melhor aos seus filhos (em termos materiais) e assim, como forma de “recompensa” pela presença contínua de ausência, os pais inconscientemente sobrecarregados de culpas, não economizam presentes. Estas crianças, excessivamente mimadas desconhecem o “não” e se acham no direito desde muito pequenos a fazerem tudo o que sentirem vontade, sem restrições. Não têm limites para tevê, internet, celulares, games e tudo o mais que os satisfaça.Mas e os relacionamentos? E como está sendo o desenvolvimento fora da vida tecnológica? Qual a qualidade da vida REAL? Com as férias, os pais precisam passar mais tempo com essas pessoas que eles pouco conhecem, pouco dialogam, pouco sabem a respeito, e então eis o problema: cadê o controle da situação? Lidam com crianças que mais curtem a vida virtual; que comem, falam e agem como querem, sem respeitar qualquer hierarquia, sem respeitar horários, entre outros. Apavorados, os próprios pais se negam a perceber que se trata de uma extensão da própria educação recebida no seio familiar e buscam pílulas mágicas para salvar a situação. HIPERATIVIDADE tem sido esse o grande vilão nos últimos anos. Tem sido ele o grande culpado pela falta de limites das crianças da atualidade. Afinal, tendo um rótulo, um distúrbio, uma doença, um tratamento envolvido na história, isenta qualquer pessoa de responsabilidades. É fato que a hiperatividade existe, mas deve ser devidamente diagnosticada e tratada com seriedade por profissionais qualificados. O que não é aceitável é esse modismo de diagnósticos desenfreados, onde remédios são receitados indiscriminadamente como temos nos deparado freqüentemente. É necessário que os pais façam um exame de consciência, analisem bem como tem sido o seu exemplo e compromisso no processo educacional dos seus filhos. Para isso não é necessário abandonar empregos, mas sim, perceber que mais do que a quantidade, a qualidade do tempo em que eles desfrutam juntos é o que importa, e que dizer “não” é também uma prova de amor, um modo de educar, pois está preparando seu filho a lidar de forma saudável com as frustrações que a vida não o poupará por ser seu filho. Portanto, rever os conceitos seria uma das atividades saudáveis a serem incluídas nos planos das próximas férias, pois buscar remédios para controlar comportamento em plenas férias é na verdade querer nada mais, nada menos do que tentar substituir suas responsabilidades para uma babá química.
MARJORIE CALUMBY GOMES DE ALMEIDA
O período das férias escolares se aproxima e com elas a ansiedade e até mesmo o desespero tornam-se visíveis a maioria dos pais. Não raras são as vezes em que os pais têm lotado os consultórios psicopedagógicos e psiquiátricos em busca de uma indicação medicamentosa para cuidar do “comportamento” dos filhos, desta vez não para se concentrar nos estudos em sala de aula, mas sim em casa durante as férias escolares.
Não seria este um momento aguardado por toda a família para curtirem juntos programas agradáveis e que o bem-estar seria a base primordial para tornar os laços afetivos ainda mais fortes entre a família? Seria talvez em outras épocas ou este propósito lamentavelmente tem sido voltado a um grupo cada vez mais restrito na sociedade atual.
Com tantos compromissos que a modernidade exige dos pais para que possam cada vez mais construir e manter patrimônios, os mesmos tem delegado suas responsabilidades insubstituíveis para terceiros, ficando estes para babás, escolas, creches, avós, tios, etc. Afinal, os pais precisam dar tudo o que há de melhor aos seus filhos (em termos materiais) e assim, como forma de “recompensa” pela presença contínua de ausência, os pais inconscientemente sobrecarregados de culpas, não economizam presentes. Estas crianças, excessivamente mimadas desconhecem o “não” e se acham no direito desde muito pequenos a fazerem tudo o que sentirem vontade, sem restrições. Não têm limites para tevê, internet, celulares, games e tudo o mais que os satisfaça.
Mas e os relacionamentos? E como está sendo o desenvolvimento fora da vida tecnológica? Qual a qualidade da vida REAL?
Com as férias, os pais precisam passar mais tempo com essas pessoas que eles pouco conhecem, pouco dialogam, pouco sabem a respeito, e então eis o problema: cadê o controle da situação? Lidam com crianças que mais curtem a vida virtual; que comem, falam e agem como querem, sem respeitar qualquer hierarquia, sem respeitar horários, entre outros. Apavorados, os próprios pais se negam a perceber que se trata de uma extensão da própria educação recebida no seio familiar e buscam pílulas mágicas para salvar a situação.
HIPERATIVIDADE tem sido esse o grande vilão nos últimos anos. Tem sido ele o grande culpado pela falta de limites das crianças da atualidade. Afinal, tendo um rótulo, um distúrbio, uma doença, um tratamento envolvido na história, isenta qualquer pessoa de responsabilidades. É fato que a hiperatividade existe, mas deve ser devidamente diagnosticada e tratada com seriedade por profissionais qualificados. O que não é aceitável é esse modismo de diagnósticos desenfreados, onde remédios são receitados indiscriminadamente como temos nos deparado freqüentemente. É necessário que os pais façam um exame de consciência, analisem bem como tem sido o seu exemplo e compromisso no processo educacional dos seus filhos. Para isso não é necessário abandonar empregos, mas sim, perceber que mais do que a quantidade, a qualidade do tempo em que eles desfrutam juntos é o que importa, e que dizer “não” é também uma prova de amor, um modo de educar, pois está preparando seu filho a lidar de forma saudável com as frustrações que a vida não o poupará por ser seu filho. Portanto, rever os conceitos seria uma das atividades saudáveis a serem incluídas nos planos das próximas férias, pois buscar remédios para controlar comportamento em plenas férias é na verdade querer nada mais, nada menos do que tentar substituir suas responsabilidades para uma babá química.
A criança bipolar
Para saber se uma criança apresenta o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é importante evitar justificar alguns comportamentos que podem revelar a doença. Há crianças que nascem mais animadas, com temperamento mais eufórico, com muita energia e criatividade, porém se adaptam bem ao meio-ambiente familiar ou escolar, não causando nenhum transtorno para ela mesma e/ou para os outros. São normais. Por outro lado, se ela é super-irritável, variando repentinamente entre a euforia e a tristeza, entre o desânimo e a hiperatividade (agitação), tendo falta de sono, sem ter nada que explique isto, e se já houve casos de TAB ou depressão séria em algum membro da família, os pais devem procurar orientação médica.
Pode ser mais difícil diagnosticar esta doença na infância porque geralmente pais e professores parecem encontrar uma “causa” para a criança estar eufórica ou depressiva. Surgem explicações lógicas, mas nem tudo o que é lógico é normal. Um adulto que trabalha euforicamente por anos, com pouco ou nenhum episódio depressivo, dificilmente também alguém poderá considerá-lo Bipolar Tipo II (veja artigo anterior), porque pode se tratar de uma pessoa “muito produtiva e empreendedora".Apesar de não existirem testes padronizados para a Desordem Bipolar, o Dr. Valentim Gentil Filho, professor de psiquiatria da Universidade de São Paulo, cita um adaptado do livro “The Bipolar Child” (“A Criança Bipolar”), o qual reproduzo abaixo e que pode servir de alerta para os pais, professores ou outros cuidadores das crianças.Assinale os comportamentos que a criança apresenta ou apresentou no passado. Se você assinalar mais de 20 itens, ela deveria ser examinada por um profissional da área.A criança:1- Fica aflita demais quando separada da família2- Demonstra ansiedade ou preocupação excessiva3- Tem dificuldade para levantar-se pela manhã4- Fica hiperativa e excitável à tarde5- Tem sono agitado ou dificuldade para conciliar o sono6- Tem terror noturno ou acorda muitas vezes no meio da noite7- Não consegue concentrar-se na escola8- Tem caligrafia pobre9- Tem dificuldade em organizar tarefas10- Tem dificuldade em fazer transições11- Reclama de sentir-se aborrecida12- Tem muitas idéias ao mesmo tempo13- É muito intuitiva ou muito criativa14- Distrai-se facilmente com estímulos externos15- Tem períodos em que fala excessiva e muito rapidamente16- É voluntariosa e recusa-se a ser subordinada17- Manifesta períodos de extrema hiperatividade18- Tem mudanças de humor bruscas e rápidas19- Tem estados de humor irritável20- Tem estados de humor vertiginosamente alegres ou tolos21- Tem idéias exageradas sobre si mesma ou suas habilidades22- Exibe um comportamento sexual inapropriado23- Sente-se facilmente criticada ou rejeitada24- Tem pouca iniciativa25- Tem períodos de pouca energia, ou alheamento, ou se isola26- Tem períodos de dúvida sobre si mesma ou de baixa estima27- Não tolera demoras ou atrasos28- Persegue obstinadamente suas próprias necessidades29- Discute com adultos ou é mandona30- Desafia ou se recusa a cumprir regras31- Culpa os outros por seus erros32- Enerva-se facilmente quando as pessoas impõem limites33- Mente para evitar as conseqüências de seus atos34- Tem acessos de raiva ou fúria explosivos e prolongados35- Tem destruído bens intencionalmente36- Insulta cruelmente com raiva37- Calmamente faz ameaças contra outros ou contra si mesma38- Já fez claras ameaças de suicídio39- É fascinada por sangue ou coágulos40- Já viu ou ouviu alucinaçõesQuanto ao tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar, o mesmo deve ser feito por médico psiquiatra e envolve o seguinte:1)Medicamentos: antidepressivos, estabilizadores do humor, lítio, às vezes neurolépticos. Lembre-se: os mesmos medicamentos produzem resultados diferentes para pessoas diferentes e NÃO devem ser tomados sem prescrição médica. O lítio é altamente tóxico, embora com bons resultados para várias pessoas na fase eufórica. O médico responsável pelo tratamento deverá solicitar periodicamente exames de sangue para o controle do nível do lítio no sangue, buscando uma dosagem eficaz. Se for acima de 1.2mEq/l, pode causar intoxicação grave. Se for abaixo de 0.6mEq/l pode ser ineficaz. Não se automedique. Não tome medicamentos sugeridos por pessoas leigas, mesmo que elas ou conhecidos delas tenham obtido bons resultados.Cafeína (bebidas com “cola”, “energizantes”), cocaína, anfetaminas (usadas ou não em “fórmulas para emagrecer”) podem desencadear a doença bipolar, entre outros distúrbios mentais. Anti-depressivos podem levar a pessoa para o pólo eufórico.2)Psicoterapia – feita por psicólogo clínico ou psiquiatra, geralmente é ineficaz nas fases maníacas especialmente do Bipolar Tipo I porque a pessoa está refratária a qualquer conselho, advertência e psicoterapia. Ela poderá ser útil na fase depressiva, como orientação profissional no período inter-crises, e em quadros muito leves eufóricos. A terapia e aconselhamento familiar são úteis também.
3)Mudanças no estilo de vida – aceitar as limitações; eliminar o consumo de substâncias nocivas à saúde como o café e outras bebidas com cafeína; não ingerir nenhuma bebida alcoólica; ter horários fixos para alimentar-se; tomar três refeições ao dia (um farto desjejum, bom almoço, jantar leve 3 horas antes de dormir); intervalo de 5 horas entre uma refeição e outra; tomar muita água pura nos intervalos; caminhar pelo menos 30 minutos por dia, cinco vezes por semana; dormir em horário regular antes das 23h, adotar uma dieta preferencialmente vegetariana evitando produtos de origem animal; melhorar o contato afetivo com as pessoas, desenvolver uma filosofia espiritual na vida. Estudos científicos mostram que os que praticam uma fé religiosa têm melhores resultados na saúde em geral.
Para saber se uma criança apresenta o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é importante evitar justificar alguns comportamentos que podem revelar a doença. Há crianças que nascem mais animadas, com temperamento mais eufórico, com muita energia e criatividade, porém se adaptam bem ao meio-ambiente familiar ou escolar, não causando nenhum transtorno para ela mesma e/ou para os outros. São normais. Por outro lado, se ela é super-irritável, variando repentinamente entre a euforia e a tristeza, entre o desânimo e a hiperatividade (agitação), tendo falta de sono, sem ter nada que explique isto, e se já houve casos de TAB ou depressão séria em algum membro da família, os pais devem procurar orientação médica.
Pode ser mais difícil diagnosticar esta doença na infância porque geralmente pais e professores parecem encontrar uma “causa” para a criança estar eufórica ou depressiva. Surgem explicações lógicas, mas nem tudo o que é lógico é normal. Um adulto que trabalha euforicamente por anos, com pouco ou nenhum episódio depressivo, dificilmente também alguém poderá considerá-lo Bipolar Tipo II (veja artigo anterior), porque pode se tratar de uma pessoa “muito produtiva e empreendedora".
Pode ser mais difícil diagnosticar esta doença na infância porque geralmente pais e professores parecem encontrar uma “causa” para a criança estar eufórica ou depressiva. Surgem explicações lógicas, mas nem tudo o que é lógico é normal. Um adulto que trabalha euforicamente por anos, com pouco ou nenhum episódio depressivo, dificilmente também alguém poderá considerá-lo Bipolar Tipo II (veja artigo anterior), porque pode se tratar de uma pessoa “muito produtiva e empreendedora".
Apesar de não existirem testes padronizados para a Desordem Bipolar, o Dr. Valentim Gentil Filho, professor de psiquiatria da Universidade de São Paulo, cita um adaptado do livro “The Bipolar Child” (“A Criança Bipolar”), o qual reproduzo abaixo e que pode servir de alerta para os pais, professores ou outros cuidadores das crianças.
Assinale os comportamentos que a criança apresenta ou apresentou no passado. Se você assinalar mais de 20 itens, ela deveria ser examinada por um profissional da área.
A criança:
1- Fica aflita demais quando separada da família
2- Demonstra ansiedade ou preocupação excessiva
3- Tem dificuldade para levantar-se pela manhã
4- Fica hiperativa e excitável à tarde
5- Tem sono agitado ou dificuldade para conciliar o sono
6- Tem terror noturno ou acorda muitas vezes no meio da noite
7- Não consegue concentrar-se na escola
8- Tem caligrafia pobre
9- Tem dificuldade em organizar tarefas
10- Tem dificuldade em fazer transições
11- Reclama de sentir-se aborrecida
12- Tem muitas idéias ao mesmo tempo
13- É muito intuitiva ou muito criativa
14- Distrai-se facilmente com estímulos externos
15- Tem períodos em que fala excessiva e muito rapidamente
16- É voluntariosa e recusa-se a ser subordinada
17- Manifesta períodos de extrema hiperatividade
18- Tem mudanças de humor bruscas e rápidas
19- Tem estados de humor irritável
20- Tem estados de humor vertiginosamente alegres ou tolos
21- Tem idéias exageradas sobre si mesma ou suas habilidades
22- Exibe um comportamento sexual inapropriado
23- Sente-se facilmente criticada ou rejeitada
24- Tem pouca iniciativa
25- Tem períodos de pouca energia, ou alheamento, ou se isola
26- Tem períodos de dúvida sobre si mesma ou de baixa estima
27- Não tolera demoras ou atrasos
28- Persegue obstinadamente suas próprias necessidades
29- Discute com adultos ou é mandona
30- Desafia ou se recusa a cumprir regras
31- Culpa os outros por seus erros
32- Enerva-se facilmente quando as pessoas impõem limites
33- Mente para evitar as conseqüências de seus atos
34- Tem acessos de raiva ou fúria explosivos e prolongados
35- Tem destruído bens intencionalmente
36- Insulta cruelmente com raiva
37- Calmamente faz ameaças contra outros ou contra si mesma
38- Já fez claras ameaças de suicídio
39- É fascinada por sangue ou coágulos
40- Já viu ou ouviu alucinações
Quanto ao tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar, o mesmo deve ser feito por médico psiquiatra e envolve o seguinte:
1)Medicamentos: antidepressivos, estabilizadores do humor, lítio, às vezes neurolépticos. Lembre-se: os mesmos medicamentos produzem resultados diferentes para pessoas diferentes e NÃO devem ser tomados sem prescrição médica. O lítio é altamente tóxico, embora com bons resultados para várias pessoas na fase eufórica. O médico responsável pelo tratamento deverá solicitar periodicamente exames de sangue para o controle do nível do lítio no sangue, buscando uma dosagem eficaz. Se for acima de 1.2mEq/l, pode causar intoxicação grave. Se for abaixo de 0.6mEq/l pode ser ineficaz. Não se automedique. Não tome medicamentos sugeridos por pessoas leigas, mesmo que elas ou conhecidos delas tenham obtido bons resultados.
Cafeína (bebidas com “cola”, “energizantes”), cocaína, anfetaminas (usadas ou não em “fórmulas para emagrecer”) podem desencadear a doença bipolar, entre outros distúrbios mentais. Anti-depressivos podem levar a pessoa para o pólo eufórico.
2)Psicoterapia – feita por psicólogo clínico ou psiquiatra, geralmente é ineficaz nas fases maníacas especialmente do Bipolar Tipo I porque a pessoa está refratária a qualquer conselho, advertência e psicoterapia. Ela poderá ser útil na fase depressiva, como orientação profissional no período inter-crises, e em quadros muito leves eufóricos. A terapia e aconselhamento familiar são úteis também.
3)Mudanças no estilo de vida – aceitar as limitações; eliminar o consumo de substâncias nocivas à saúde como o café e outras bebidas com cafeína; não ingerir nenhuma bebida alcoólica; ter horários fixos para alimentar-se; tomar três refeições ao dia (um farto desjejum, bom almoço, jantar leve 3 horas antes de dormir); intervalo de 5 horas entre uma refeição e outra; tomar muita água pura nos intervalos; caminhar pelo menos 30 minutos por dia, cinco vezes por semana; dormir em horário regular antes das 23h, adotar uma dieta preferencialmente vegetariana evitando produtos de origem animal; melhorar o contato afetivo com as pessoas, desenvolver uma filosofia espiritual na vida. Estudos científicos mostram que os que praticam uma fé religiosa têm melhores resultados na saúde em geral.
3)Mudanças no estilo de vida – aceitar as limitações; eliminar o consumo de substâncias nocivas à saúde como o café e outras bebidas com cafeína; não ingerir nenhuma bebida alcoólica; ter horários fixos para alimentar-se; tomar três refeições ao dia (um farto desjejum, bom almoço, jantar leve 3 horas antes de dormir); intervalo de 5 horas entre uma refeição e outra; tomar muita água pura nos intervalos; caminhar pelo menos 30 minutos por dia, cinco vezes por semana; dormir em horário regular antes das 23h, adotar uma dieta preferencialmente vegetariana evitando produtos de origem animal; melhorar o contato afetivo com as pessoas, desenvolver uma filosofia espiritual na vida. Estudos científicos mostram que os que praticam uma fé religiosa têm melhores resultados na saúde em geral.
A aventura de ensinar, criar e educar.
Madalena Freire
O educador lida com a arte de educar. O instrumento de sua arte é a pedagogia. Ciência da educação, do ensinar. É no seu ensinar que se dá seu aprendizado de artista. Toda pedagogia sedimenta –se num método. Maneira de ordenar, organizar com disciplina, a ação pedagógica segundo certos pressupostos teóricos. Toda pedagogia está sempre engajada a uma concepção de sociedade, política. É neste sentido que nesta concepção de educação de educação este educador faz arte, ciência e política. Faz política quando alicerça seu fazer pedagógico a favor ou contra uma classe social determinada. Faz ciência quando apoiado no método de investigação científica estrutura sua ação pedagógica. Faz arte porque cotidianamente enfrenta – se com o processo de criação na sua prática educativa, onde no dia – a - dia lida com o imaginário e o inusitado. A ação criadora envolve o estruturar, dar forma significativa ao conhecimento. Toda ação criadora consiste em transpor certas possibilidades latentes para o campo do possível, do real. Assim, como o próprio viver, o cria é um processo existencial. Não lida apenas com pensamentos, nem somente com emoções, mas se origina nas profundezas de nosso ser, onde a emoção permeia os pensamentos ao mesmo tempo que a inteligência estrutura, organiza as emoções. A ação criadora dá forma, torna inteligível, compreensível o mundo das emoções. É nesta busca de significados que o educador estrutura, organiza a consciência de seu viver pedagógico. O ato criador é o processo de dar forma, dar vida aos nossos desejos. Para isso, é necessário estar concentrado – como corpo e a mente presentes – para desenvolver o esforço na educação do desejo que traz o germe da paixão. Paixão que precisa ser educada... No exercício disciplinado de sua arte (mediado por seus instrumentos metodológicos), é que a paixão de educador é educada. Educador ensina a pensar, e enquanto ensina, sistematiza e apropria – se do seu pensar. Pensar é o eixo da aprendizagem. Para pensar e aprender tem – se perguntar. E para perguntar é necessário existir espaço de liberdade e abertura para o prazer e o sofrimento inerentes a todo processo de construção do conhecimento. A pergunta é um do sintomas do saber. Toda pergunta revela o nível da hipótese em que se encontra o pensamento e a construção do conhecimento. Revela também a intensidade da chama do desejo, da curiosidade de vida. Ansiedades, confusões e inseguranças são constitutivas do processo de pensar e aprender. Assim como também o imaginar, o fantasiar e o sonhar. Não existe pensamento criador sem estes ingredientes. Educador ensina a pensar. Mas somente pensar não basta. Educador ensina a pensar e a agir, segundo o que se pensa quando se faz. Nesta concepção de educação o educador é um leitor, escritor, pesquisador, que faz ciência da educação. Graduada em Pedagogia pela USP Madalena Freire dedica-se desde 1981 à formação de educadores com grupos de reflexão e estudo.PPD recomenda sua obra: A paixão de conhecer o mundo. São Paulo: Paz e Terra, 2003 (16ª edição).
Madalena Freire
O educador lida com a arte de educar. O instrumento de sua arte é a pedagogia. Ciência da educação, do ensinar. É no seu ensinar que se dá seu aprendizado de artista. Toda pedagogia sedimenta –se num método. Maneira de ordenar, organizar com disciplina, a ação pedagógica segundo certos pressupostos teóricos. Toda pedagogia está sempre engajada a uma concepção de sociedade, política. É neste sentido que nesta concepção de educação de educação este educador faz arte, ciência e política. Faz política quando alicerça seu fazer pedagógico a favor ou contra uma classe social determinada. Faz ciência quando apoiado no método de investigação científica estrutura sua ação pedagógica. Faz arte porque cotidianamente enfrenta – se com o processo de criação na sua prática educativa, onde no dia – a - dia lida com o imaginário e o inusitado. A ação criadora envolve o estruturar, dar forma significativa ao conhecimento. Toda ação criadora consiste em transpor certas possibilidades latentes para o campo do possível, do real.
Assim, como o próprio viver, o cria é um processo existencial. Não lida apenas com pensamentos, nem somente com emoções, mas se origina nas profundezas de nosso ser, onde a emoção permeia os pensamentos ao mesmo tempo que a inteligência estrutura, organiza as emoções. A ação criadora dá forma, torna inteligível, compreensível o mundo das emoções. É nesta busca de significados que o educador estrutura, organiza a consciência de seu viver pedagógico.
O ato criador é o processo de dar forma, dar vida aos nossos desejos. Para isso, é necessário estar concentrado – como corpo e a mente presentes – para desenvolver o esforço na educação do desejo que traz o germe da paixão.
Paixão que precisa ser educada...
No exercício disciplinado de sua arte (mediado por seus instrumentos metodológicos), é que a paixão de educador é educada. Educador ensina a pensar, e enquanto ensina, sistematiza e apropria – se do seu pensar. Pensar é o eixo da aprendizagem. Para pensar e aprender tem – se perguntar. E para perguntar é necessário existir espaço de liberdade e abertura para o prazer e o sofrimento inerentes a todo processo de construção do conhecimento. A pergunta é um do sintomas do saber. Toda pergunta revela o nível da hipótese em que se encontra o pensamento e a construção do conhecimento. Revela também a intensidade da chama do desejo, da curiosidade de vida. Ansiedades, confusões e inseguranças são constitutivas do processo de pensar e aprender. Assim como também o imaginar, o fantasiar e o sonhar. Não existe pensamento criador sem estes ingredientes. Educador ensina a pensar. Mas somente pensar não basta. Educador ensina a pensar e a agir, segundo o que se pensa quando se faz. Nesta concepção de educação o educador é um leitor, escritor, pesquisador, que faz ciência da educação.
Graduada em Pedagogia pela USP Madalena Freire dedica-se desde 1981 à formação de educadores com grupos de reflexão e estudo.
PPD recomenda sua obra: A paixão de conhecer o mundo. São Paulo: Paz e Terra, 2003 (16ª edição).
A importância de se impor limites as crianças - Paty Fonte
Segundo Vazquez (2003) o homem, quando superou sua natureza instintiva passou, efetivamente, a possuir uma natureza social e tornou-se membro de uma sociedade. Desta evolução, surgiu a moral, com o objetivo de estabelecer e assegurar a harmonia e o equilíbrio entre os comportamentos dos membros de uma sociedade e os interesses coletivos da mesma. E, através dos conjuntos de normas e regras estabelecidos pela moral, o homem aprendeu a regular suas inter-relações sociais. A moral pode ser considerada como história, pois remonta desde a Antigüidade, período feudal, Idade Média ( burguesia ), sociedade moderna e contemporânea, como também por ser o que determinará o comportamento social do homem que como um ser dinâmico em constante processo de imitação e consequentemente entre um ser histórico, necessita de limitações pró-sociais e conscientes que lhe permitam o comportamento adequado socialmente, ao focalizar o bom e o proveitoso, como interesses da coletividade, ao invés dos indivíduos, contribuindo desta maneira para a união e estabelecimento dos deveres e dos direitos dos homens tal como desenvolverem nos mesmos as virtudes da solidariedade, da disciplina, da educação e amor aos filhos, ao contrário da covardia, indisciplina egoísmo e outros vícios que possam contribuir para a desunião dos grupos sociais. A sociedade representa o limite moral do ser social, porque a coletividade absorve e controla o indivíduo através de suas normas e princípios; sobretudo pelos costumes e tradições. Entretanto, o processo de estabelecimento de limites não poderá ocorrer alheio ao progresso histórico-social, apesar de serem distintos, por ser o desenvolvimento produtivo do homem um processo concomitante ao seu progresso humano de ser social, ou seja, à partir de sua práxis social, o homem terá o seu índice de progresso na liberdade relativo a necessidade social. A produção do homem (trabalho) preservará a sua autonomia espiritual, cultural e social, tal como o seu desenvolvimento moral (limites). Contudo, infelizmente, paralelo ao progresso histórico de desenvolvimento moral positivo do homem, existe o progresso moral negativo, no qual a violência, o crime e a degradação moral podem ser constatados nos dias atuais através dos índices cada vez maiores de atentados terroristas, sejam por contradições religiosas, políticas ou por insatisfações pessoais. Posto isto, é que existe a necessidade premente do homem em assumir a responsabilidade de seus comportamentos. A construção de limites deve iniciar cedo. Ao nascer, a criança inicia seu processo de individualização que se dará através dos cuidados da mãe com o bebê. Nesta etapa, o colo é importante, pois permite que o bebê conheça os limites entre o eu e o não eu. Entre os sete e nove meses as crianças começam a engatinhar, e, assim, partem para explorar o mundo. Nessa idade, elas já são capazes de compreender o sentido do não, mas ainda não entendem totalmente o significado da proibição. Nesta época, recomenda-se que os locais perigosos ou que reúnam objetos importantes sejam interditados. Isso irá ajudar no aprendizado do sentido da proibição, que deve ser enfatizado verbalmente. [...] educar implica sempre, em maior ou menor grau, a necessidade de limitar, de às vezes dizer não, de negar algumas coisas aos filhos. Dizer não nessas circunstâncias pode se tornar uma coisa difícil, para muitos, talvez uma barreira intransponível. (ZAGURY, 2000, p.24)
As crianças da atualidade vêm sendo vítimas da tentativa de "modernizar" a educação ao meio familiar. São vítimas porque não se tem conseguido atingir o objetivo desejado. Não se deve esquecer que o equilíbrio deve ser a base de todas as atitudes, comportamentos, enfim, de tudo que, principalmente, diga respeito a educação infantil. Desde a década de 60 era comum que as crianças fossem tratadas com pouca ou nenhuma consideração. Suas idéias não tinham valor e às vezes nem eram ouvidas ou solicitadas; suas vontades não eram consideradas e não lhes era dado o direito de questionamento. O poder do adulto sobre a criança era claro e inquestionável. As crianças eram vistas como pessoas que não sabiam nada e que ainda tinham tudo para aprender, mas, ao mesmo tempo, eram cobrados comportamentos de adultos, pois tinham que ser responsáveis e compreender as regras sociais. Então eram tratadas como adultos pequenos. Atualmente, começou a se evidenciar a necessidade de uma mudança na estrutura familiar. "Hoje em dia, no meio em que vivemos, a liberalidade é grandemente incentivada.Torna-se, pois difícil para os pais discernirem em que situação, devem ou não ser severos, porque a severidade passou a ter uma conotação negativa, sendo encarada como uma forma de autoritarismo, o que agrava a insegurança dos pais quanto à tomada de decisões". (ZAGURY, 2002, p.46)
Os papéis não se apresentavam mais tão rigidamente constituídos. Mães saíam para trabalhar e as responsabilidades domésticas eram divididas, os pais começavam a ter mais "peso" na educação dos filhos, antes exclusividade materna. Mas, não se tinha a receita dessa nova família, o que aconteceu foi que alguns pais confundiram o que seria uma relação mais aberta, íntima e afetuosa, com falta de limites. Consequentemente, muitas famílias começaram a enfrentar um problema: o poder passou para os filhos. Agora, eles tentavam cercear os pais, querendo ditar as regras na família. Os pais, na procura de uma educação menos rígida e castradora, acabaram criando filhos "mandões" e sem noção de direitos e deveres, sem limites - o que é imprescindível para a vida na sociedade conforme Zagury (2002, p.46) "Filhos de pais severos podem realmente tornar-se dependentes e inseguros, da mesma forma que os filhos de pais permissivos podem apresentar as mesmas características". Não se deve perder de vista a necessidade e o respeito recíproco, da abertura, da confiança, da intimidade e da expressão de sentimentos nessas relações. Porém, isso não implica uma liberdade total e ausência de regras. Implica, sim, numa relação e numa educação mais flexível e consciente; onde regras e limites estão presentes. A falta de limites pode provocar na criança a sensação de abandono, pela falta de orientação e controle dos pais sobre o que pode ou não fazer e a ilusão de que pode fazer e ter o que quiser. É importante para ela a concepção de limites dada pelos pais ou pessoas que os substituam, pois, com isso, se sente segura. "Os pode" e os "não pode", devem ser internalizados pelas crianças, desde a primeira infância, cabendo aos pais e também a escola a importante e fundamental tarefa de estabelecimento de limites e regras básicas de convivência, ou seja, o processo de socialização essencial para o desenvolvimento psíquico-social futuro das mesmas. Por vezes, este processo perde a continuidade devido os pais sentirem-se inseguros, culpados por sua ausência (conseqüência de pais profissionalmente realizados) ou medo de serem antiquados e autoritários, e permitirem que seus filhos perpetuem o meio social, primeiro através do grito (berra e esperneia), depois pela violência e agressão. Os pais devem ensinar a civilidade a seus filhos substituindo os atos que a criança tem no início da vida por formas reconhecidas socialmente. Conforme Zagury, pais inseguros e sem convicção sobre suas reais responsabilidades, tendem a criar conflitos com os filhos, especialmente, os da classe média e alta, pelo fato destes terem sido acostumados a obterem tudo o que desejassem. Habituam seus filhos a um padrão de vida sem consciência da realidade que os cerca, economicamente ou socialmente, desenvolvendo desta maneira uma certa indiferença ou desvalorização ao que possuem e ao que desejariam possuir, aprendendo apenas a consumir, "pediu, ganhou. Desejou, teve". Os filhos deixam de se perceberem "membros" da família, de uma sociedade, para sentirem-se "senhores" das mesmas com todos os direitos, entretanto, sem nenhum dever nem interesse pelo outro produzindo assim a tirania. "É fundamental restituir aos pais a coragem que eles perderam, talvez até sem sentir, na tentativa de encontrar um novo caminho nas suas relações com os filhos. É preciso evitar que se invertam os papéis de dominador-dominado /dominado-dominador. Isto pura e simplesmente não conduzirá a nada de positivo". (ZAGURY, 2002, p.26)
Todo estudo investigativo parte de uma questão problemática. A preocupação em observar o comportamento da criança na faixa etária em questão, requer compreender os limites que ela deve ter para uma convivência socialmente integrada. Em vista do exposto, o problema que norteou o estudo foi perceber quais as conseqüências apontadas pelos professores, da falta de limites para o desenvolvimento social de crianças de classe média. Observa-se que a criança deve saber obedecer às normas de convívio social, o que será fundamental para o equilíbrio de sua formação adulta, tornando-se evidente que os pais são os primeiros orientadores que irão nortear as atitudes da criança em sua fase de desenvolvimento infantil. É fundamental para a boa educação do ser humano, que pais e professores acreditem no estabelecimento dos limites como um processo de compreensão e apreensão do outro através do respeito, pois, não se pode ultrapassar os limites que este terá estabelecido para si, nem satisfazer somente aos próprios desejos sem pensar nos direitos do outro.
Segundo Vazquez (2003) o homem, quando superou sua natureza instintiva passou, efetivamente, a possuir uma natureza social e tornou-se membro de uma sociedade. Desta evolução, surgiu a moral, com o objetivo de estabelecer e assegurar a harmonia e o equilíbrio entre os comportamentos dos membros de uma sociedade e os interesses coletivos da mesma. E, através dos conjuntos de normas e regras estabelecidos pela moral, o homem aprendeu a regular suas inter-relações sociais.
A moral pode ser considerada como história, pois remonta desde a Antigüidade, período feudal, Idade Média ( burguesia ), sociedade moderna e contemporânea, como também por ser o que determinará o comportamento social do homem que como um ser dinâmico em constante processo de imitação e consequentemente entre um ser histórico, necessita de limitações pró-sociais e conscientes que lhe permitam o comportamento adequado socialmente, ao focalizar o bom e o proveitoso, como interesses da coletividade, ao invés dos indivíduos, contribuindo desta maneira para a união e estabelecimento dos deveres e dos direitos dos homens tal como desenvolverem nos mesmos as virtudes da solidariedade, da disciplina, da educação e amor aos filhos, ao contrário da covardia, indisciplina egoísmo e outros vícios que possam contribuir para a desunião dos grupos sociais.
A sociedade representa o limite moral do ser social, porque a coletividade absorve e controla o indivíduo através de suas normas e princípios; sobretudo pelos costumes e tradições.
Entretanto, o processo de estabelecimento de limites não poderá ocorrer alheio ao progresso histórico-social, apesar de serem distintos, por ser o desenvolvimento produtivo do homem um processo concomitante ao seu progresso humano de ser social, ou seja, à partir de sua práxis social, o homem terá o seu índice de progresso na liberdade relativo a necessidade social. A produção do homem (trabalho) preservará a sua autonomia espiritual, cultural e social, tal como o seu desenvolvimento moral (limites). Contudo, infelizmente, paralelo ao progresso histórico de desenvolvimento moral positivo do homem, existe o progresso moral negativo, no qual a violência, o crime e a degradação moral podem ser constatados nos dias atuais através dos índices cada vez maiores de atentados terroristas, sejam por contradições religiosas, políticas ou por insatisfações pessoais. Posto isto, é que existe a necessidade premente do homem em assumir a responsabilidade de seus comportamentos.
A construção de limites deve iniciar cedo. Ao nascer, a criança inicia seu processo de individualização que se dará através dos cuidados da mãe com o bebê. Nesta etapa, o colo é importante, pois permite que o bebê conheça os limites entre o eu e o não eu. Entre os sete e nove meses as crianças começam a engatinhar, e, assim, partem para explorar o mundo. Nessa idade, elas já são capazes de compreender o sentido do não, mas ainda não entendem totalmente o significado da proibição. Nesta época, recomenda-se que os locais perigosos ou que reúnam objetos importantes sejam interditados. Isso irá ajudar no aprendizado do sentido da proibição, que deve ser enfatizado verbalmente.
[...] educar implica sempre, em maior ou menor grau, a necessidade de limitar, de às vezes dizer não, de negar algumas coisas aos filhos. Dizer não nessas circunstâncias pode se tornar uma coisa difícil, para muitos, talvez uma barreira intransponível. (ZAGURY, 2000, p.24)
As crianças da atualidade vêm sendo vítimas da tentativa de "modernizar" a educação ao meio familiar. São vítimas porque não se tem conseguido atingir o objetivo desejado. Não se deve esquecer que o equilíbrio deve ser a base de todas as atitudes, comportamentos, enfim, de tudo que, principalmente, diga respeito a educação infantil. Desde a década de 60 era comum que as crianças fossem tratadas com pouca ou nenhuma consideração. Suas idéias não tinham valor e às vezes nem eram ouvidas ou solicitadas; suas vontades não eram consideradas e não lhes era dado o direito de questionamento. O poder do adulto sobre a criança era claro e inquestionável.
As crianças eram vistas como pessoas que não sabiam nada e que ainda tinham tudo para aprender, mas, ao mesmo tempo, eram cobrados comportamentos de adultos, pois tinham que ser responsáveis e compreender as regras sociais. Então eram tratadas como adultos pequenos. Atualmente, começou a se evidenciar a necessidade de uma mudança na estrutura familiar.
"Hoje em dia, no meio em que vivemos, a liberalidade é grandemente incentivada.Torna-se, pois difícil para os pais discernirem em que situação, devem ou não ser severos, porque a severidade passou a ter uma conotação negativa, sendo encarada como uma forma de autoritarismo, o que agrava a insegurança dos pais quanto à tomada de decisões". (ZAGURY, 2002, p.46)
Os papéis não se apresentavam mais tão rigidamente constituídos. Mães saíam para trabalhar e as responsabilidades domésticas eram divididas, os pais começavam a ter mais "peso" na educação dos filhos, antes exclusividade materna. Mas, não se tinha a receita dessa nova família, o que aconteceu foi que alguns pais confundiram o que seria uma relação mais aberta, íntima e afetuosa, com falta de limites.
Consequentemente, muitas famílias começaram a enfrentar um problema: o poder passou para os filhos. Agora, eles tentavam cercear os pais, querendo ditar as regras na família. Os pais, na procura de uma educação menos rígida e castradora, acabaram criando filhos "mandões" e sem noção de direitos e deveres, sem limites - o que é imprescindível para a vida na sociedade conforme Zagury (2002, p.46) "Filhos de pais severos podem realmente tornar-se dependentes e inseguros, da mesma forma que os filhos de pais permissivos podem apresentar as mesmas características".
Não se deve perder de vista a necessidade e o respeito recíproco, da abertura, da confiança, da intimidade e da expressão de sentimentos nessas relações. Porém, isso não implica uma liberdade total e ausência de regras. Implica, sim, numa relação e numa educação mais flexível e consciente; onde regras e limites estão presentes.
A falta de limites pode provocar na criança a sensação de abandono, pela falta de orientação e controle dos pais sobre o que pode ou não fazer e a ilusão de que pode fazer e ter o que quiser. É importante para ela a concepção de limites dada pelos pais ou pessoas que os substituam, pois, com isso, se sente segura.
"Os pode" e os "não pode", devem ser internalizados pelas crianças, desde a primeira infância, cabendo aos pais e também a escola a importante e fundamental tarefa de estabelecimento de limites e regras básicas de convivência, ou seja, o processo de socialização essencial para o desenvolvimento psíquico-social futuro das mesmas. Por vezes, este processo perde a continuidade devido os pais sentirem-se inseguros, culpados por sua ausência (conseqüência de pais profissionalmente realizados) ou medo de serem antiquados e autoritários, e permitirem que seus filhos perpetuem o meio social, primeiro através do grito (berra e esperneia), depois pela violência e agressão. Os pais devem ensinar a civilidade a seus filhos substituindo os atos que a criança tem no início da vida por formas reconhecidas socialmente.
Conforme Zagury, pais inseguros e sem convicção sobre suas reais responsabilidades, tendem a criar conflitos com os filhos, especialmente, os da classe média e alta, pelo fato destes terem sido acostumados a obterem tudo o que desejassem. Habituam seus filhos a um padrão de vida sem consciência da realidade que os cerca, economicamente ou socialmente, desenvolvendo desta maneira uma certa indiferença ou desvalorização ao que possuem e ao que desejariam possuir, aprendendo apenas a consumir, "pediu, ganhou. Desejou, teve". Os filhos deixam de se perceberem "membros" da família, de uma sociedade, para sentirem-se "senhores" das mesmas com todos os direitos, entretanto, sem nenhum dever nem interesse pelo outro produzindo assim a tirania.
"É fundamental restituir aos pais a coragem que eles perderam, talvez até sem sentir, na tentativa de encontrar um novo caminho nas suas relações com os filhos. É preciso evitar que se invertam os papéis de dominador-dominado /dominado-dominador. Isto pura e simplesmente não conduzirá a nada de positivo". (ZAGURY, 2002, p.26)
Todo estudo investigativo parte de uma questão problemática. A preocupação em observar o comportamento da criança na faixa etária em questão, requer compreender os limites que ela deve ter para uma convivência socialmente integrada. Em vista do exposto, o problema que norteou o estudo foi perceber quais as conseqüências apontadas pelos professores, da falta de limites para o desenvolvimento social de crianças de classe média.
Observa-se que a criança deve saber obedecer às normas de convívio social, o que será fundamental para o equilíbrio de sua formação adulta, tornando-se evidente que os pais são os primeiros orientadores que irão nortear as atitudes da criança em sua fase de desenvolvimento infantil.
É fundamental para a boa educação do ser humano, que pais e professores acreditem no estabelecimento dos limites como um processo de compreensão e apreensão do outro através do respeito, pois, não se pode ultrapassar os limites que este terá estabelecido para si, nem satisfazer somente aos próprios desejos sem pensar nos direitos do outro.
Auto-estima: alma da educação
Não se pode pensar em educação integral sem pensar em AUTO-ESTIMA. A auto-estima é uma poderosa necessidade humana, que contribui de maneira essencial para o processo da vida, sendo indispensável para um desenvolvimento normal e saudável. Tem valor de sobrevivência. Cada um decide a pessoa que é. A cada momento. E, se não estiver gostando, pode mudar. Pode reprogramar-se. Acreditar na sua capacidade de decidir sua vida é um passo essencial para ter auto-estima e realizar seus ideais. A valorização de si mesmo é um processo que se constrói no dia-a-dia e que pode ser ajudado através do autoconhecimento. Quem se conhece, sabe da riqueza que existe em seu mundo interior, sabe dos recursos de que pode lançar mão nos momentos bons e ruins, confia mais em si mesmo, entretanto a pessoa que não se valoriza que não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve. A auto-estima fortalece, dá energia e motivação. Ela inspira a obter resultados e permite sentir prazer e satisfação diante de realizações. A auto-estima proclama-se como uma necessidade porque sua (relativa) ausência compromete nossa capacidade de funcionar. É por esse motivo que dizemos que ela tem valor de sobrevivência. E hoje mais do que nunca. Atingimos um ponto na história em que a auto-estima, que sempre se mostrou como uma necessidade psicológica de suma importância, também se tornou uma necessidade econômica da maior relevância, atributo imperativo para a adaptação a um mundo cada vez mais complexo, desafiador e competitivo As escolas, diretores, professores e alunos precisam despertar para a alma da educação, a tão esquecida AUTO-ESTIMA. Esse componente do comportamento humano e da psiquê é fundamental para uma escola sadia, arejada e voltada para o educador e o educando. O indivíduo com boa auto-estima é:
Não se pode pensar em educação integral sem pensar em AUTO-ESTIMA. A auto-estima é uma poderosa necessidade humana, que contribui de maneira essencial para o processo da vida, sendo indispensável para um desenvolvimento normal e saudável. Tem valor de sobrevivência.
Cada um decide a pessoa que é. A cada momento. E, se não estiver gostando, pode mudar. Pode reprogramar-se.
Acreditar na sua capacidade de decidir sua vida é um passo essencial para ter auto-estima e realizar seus ideais.
A valorização de si mesmo é um processo que se constrói no dia-a-dia e que pode ser ajudado através do autoconhecimento. Quem se conhece, sabe da riqueza que existe em seu mundo interior, sabe dos recursos de que pode lançar mão nos momentos bons e ruins, confia mais em si mesmo, entretanto a pessoa que não se valoriza que não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
A auto-estima fortalece, dá energia e motivação. Ela inspira a obter resultados e permite sentir prazer e satisfação diante de realizações.
A auto-estima proclama-se como uma necessidade porque sua (relativa) ausência compromete nossa capacidade de funcionar. É por esse motivo que dizemos que ela tem valor de sobrevivência. E hoje mais do que nunca. Atingimos um ponto na história em que a auto-estima, que sempre se mostrou como uma necessidade psicológica de suma importância, também se tornou uma necessidade econômica da maior relevância, atributo imperativo para a adaptação a um mundo cada vez mais complexo, desafiador e competitivo
As escolas, diretores, professores e alunos precisam despertar para a alma da educação, a tão esquecida AUTO-ESTIMA. Esse componente do comportamento humano e da psiquê é fundamental para uma escola sadia, arejada e voltada para o educador e o educando.
O indivíduo com boa auto-estima é:
- Ambicioso sem ser ganancioso
- Poderoso sem ser opressor
- Assertivo sem ser agressivo
- Inteligente sem ser pernóstico
- Humilde sem ser subserviente
- Compreensivo ser idiota
- Ambicioso sem ser ganancioso
- Poderoso sem ser opressor
- Assertivo sem ser agressivo
- Inteligente sem ser pernóstico
- Humilde sem ser subserviente
- Compreensivo ser idiota
As aulas, as atividades complementares, as provas fazem parte do dia a dia das escolas, mas falta a capacidade de AMAR, que vem da auto-estima, do auto-amor. É fundamental que educador e educando se amem em primeiro plano para depois conseguirem plasmar o AMOR na relação interpessoal da educação. Pestalozzi já nos dizia “educar é amar”. Se o educador amar, o aluno irá receber esse amor e assim, trabalhará com esse sentimento, surgindo, de verdade, a EDUCAÇÃO INTEGRA, PLENA, de dentro para fora, despertando os potenciais e as habilidades dos alunos. Quanto mais saudável for a auto-estima, mais propenso se torna tratar os outros com respeito, benevolência, boa vontade e equanimidade – uma vez que não se tende percebê-los como ameaça, e que o auto-respeito é a base do respeito pelo outro. Enfim, a auto-estima elevada é a base para a felicidade pessoal. Com uma auto-estima elevada, é mais provável que consigamos persistir diante das dificuldades. Com uma auto-estima baixa é mais provável que desistamos ou façamos o que tem que ser feito, sem dar de fato o melhor de nós. As pesquisas mostram que os indivíduos com auto-estima alta persistem nas tarefas um tempo significativamente maior do que os indivíduos com baixa auto-estima. O valor da auto-estima não está apenas no fato de ela permitir que nos sintamos melhor, mas pode permitir que vivamos melhor – respondendo aos desafios e às oportunidades de maneira mais rica e mais apropriada. Um professor emocionalmente equilibrado, com auto-estima elevada, consegue intervir de forma adequada nas relações conflituosas de sua sala de aula, ou seja, sua participação na vida de seus alunos tenderá a basear-se no respeito e na justiça. O verdadeiro progresso econômico e social do mundo está inexoravelmente ligado ao bem-estar físico, emocional e intelectual. AUTO-ESTIMA, a solução eficaz e proativa para uma EDUCAÇÃO INTEGRAL.
As aulas, as atividades complementares, as provas fazem parte do dia a dia das escolas, mas falta a capacidade de AMAR, que vem da auto-estima, do auto-amor. É fundamental que educador e educando se amem em primeiro plano para depois conseguirem plasmar o AMOR na relação interpessoal da educação. Pestalozzi já nos dizia “educar é amar”. Se o educador amar, o aluno irá receber esse amor e assim, trabalhará com esse sentimento, surgindo, de verdade, a EDUCAÇÃO INTEGRA, PLENA, de dentro para fora, despertando os potenciais e as habilidades dos alunos.
Quanto mais saudável for a auto-estima, mais propenso se torna tratar os outros com respeito, benevolência, boa vontade e equanimidade – uma vez que não se tende percebê-los como ameaça, e que o auto-respeito é a base do respeito pelo outro. Enfim, a auto-estima elevada é a base para a felicidade pessoal.
Com uma auto-estima elevada, é mais provável que consigamos persistir diante das dificuldades. Com uma auto-estima baixa é mais provável que desistamos ou façamos o que tem que ser feito, sem dar de fato o melhor de nós. As pesquisas mostram que os indivíduos com auto-estima alta persistem nas tarefas um tempo significativamente maior do que os indivíduos com baixa auto-estima.
O valor da auto-estima não está apenas no fato de ela permitir que nos sintamos melhor, mas pode permitir que vivamos melhor – respondendo aos desafios e às oportunidades de maneira mais rica e mais apropriada. Um professor emocionalmente equilibrado, com auto-estima elevada, consegue intervir de forma adequada nas relações conflituosas de sua sala de aula, ou seja, sua participação na vida de seus alunos tenderá a basear-se no respeito e na justiça.
O verdadeiro progresso econômico e social do mundo está inexoravelmente ligado ao bem-estar físico, emocional e intelectual.
AUTO-ESTIMA, a solução eficaz e proativa para uma EDUCAÇÃO INTEGRAL.
Construtivismo e Educação
INTRODUÇÃO
Quando começou a falar em construtivismo pensava-se que era apenas mais uma teoria de educação que estavam inventando, com o passar dos anos foi ficando claro a proposta do construtivismo como uma nova forma de pensar e re-estrutura a educação. A partir deste momento começou a pensar a criança de outra forma, não mais como um papel, onde podem escrever um monte de informação, sem que este questione o que esta recebendo, mesmo porque nossas crianças de hoje não aceitam mais nada que venha sob imposição. Os meios de comunicação e a própria sociedade moderna contribui para esta mudança, bom ou ruim não se sabe, mas ajudou.A qualidade do ensino de uma instituição não é garantida pela adoção de uma determinada teoria pedagógica. Podem existir escolas que em seu discurso demonstrem estar afinadas com as mais modernas propostas pedagógicas e que, na prática, deixem a desejar na formação de seus alunos. Ao mesmo tempo, estabelecimentos tradicionais, que utilizam uma metodologia mais conservadora, podem ter êxito em seus objetivos.Entre as teorias de aprendizagem, o construtivismo é a que goza de maior aceitação no momento. Pode-se dizer até que nove entre dez escolas se apresentam como construtivistas. Baseado em estudos do suíço Jean Piaget sobre o desenvolvimento do processo de aprendizagem das crianças, o construtivismo proposto pela psicóloga Argentina Emilia Ferreiro. Neste trabalho será descrito o que se pensa sobre Construtivismo e Educação sendo mostrado a posição de alguns estudiosos sobre o assunto, de modo geral.
CONSTRUTIVISMO E EDUCAÇÃO
Construtivismo encontra as suas bases nas pesquisas de Jean Piaget sobre a construção do conhecimento (Epistemologia genética), afirmando que este é o resultado da construção do próprio indivíduo. Essas conclusões são derivadas das suas pesquisas sobre "a origem e evolução da inteligência" que também se constrói na interação do sujeito com o mundo, considerando os fatores biológicos (maturação do sistema nervoso), experiências físicas, a troca social, e os processos de equilíbrio e desequilíbrio nessa construção. Nesse processo, o indivíduo é o motor ativo e coordenador do seu próprio desenvolvimento.Quando se fala em construtivismo dentro da educação, muitas pessoas pensam que é uma teoria educacional, no entanto, nada mais é que uma teoria sobre o conhecimento, este assunto é bem visto por uns, mal vistos por outros, e ainda existem aqueles que não sabem o que isto significa. Fazendo uma análise sobre os anos que se passa dentro das escolas, talvez não se tenha boa recordação do passado, tanto quanto aos conteúdos estudados, quanto a nossa formação como indivíduos realizados intelectualmente. Continuando análise, pensa-se agora no ensino que as escolas estão fornecendo atualmente. Que tipo de cidadão a escola visa formar?As escolas realmente tem tido esta preocupação com o tipo de cidadão que pretendem formar ou apenas preocupam-se em manter o sistema já pré-estabelecido?São estas e outras perguntas que nos deixam cada vez mais intrigados sobre o nosso futuro, futuro destas crianças que poderão tornar-se até mesmo governantes de nossa cidade, nosso estado ou país. Será que essas crianças estarão preparadas psicologicamente para encararem o futuro? Será que conseguirão introduzir em suas vidas os conteúdos programados que as escolas introduziram em seus anos escolares? Ou os mesmos não servirão para nada?
A maioria dos educadores visa formar indivíduos críticos, autônomos, confiantes de si mesmos, etc. Porém, na prática escolar o que proporcionam para desenvolverem estas habilidades em seus alunos?O Construtivismo (vale a pena lembrar que não é um método), de certa forma "surge" como uma forma de re-estruturar a educação, baseado na teoria de Jean Piaget, acredita-se que o conhecimento do indivíduo é construído por si mesmo e não transmitido por alguém. Trata-se principalmente, de desenvolver a mente, pois isso contribuirá para que aprenda com menos dificuldade. Além disso, um bom desenvolvimento intelectual, contribui para que compreenda melhor o mundo em que vive e se torne mais livre. Compreendendo essa situação e sabendo qual seu papel no mundo, o indivíduo poderá fazer suas próprias escolhas.A educação nos permite contribuir para o desenvolvimento da mente dos indivíduos, mas para isso, precisamos saber como se produz esse conhecimento, e suas leis, e contribuir para estimulá-lo colocando as pessoas em situações que o favoreçam. É importante que estejamos cientes que a inteligência não se desenvolve através de fórmulas ou técnicas transmitidas, a inteligência somente é desenvolvida exercitando-a e não ensinando a ser inteligente.Um dos fatores que dificultam o progresso de muitos indivíduos na escola é o fato de não entenderem qual é a natureza do conhecimento e o que estão aprendendo na escola. De certa forma, este fato contribui para a indisciplina que cresce gradualmente dentro das escolas, sabemos que a criança tem muito a oferecer, sabem sobre os mais diversos assuntos, entretanto, o planejamento escolar já foi programado e seus conhecimentos talvez não poderão ser expressados em determinados momentos.A aprendizagem deve começar pelos acontecimentos em que os alunos estão envolvidos (suas "crenças" prévias) e cujo significado procuram construir. Para se poder ensinar bem é necessário conhecer os modelos mentais que os alunos utilizam na compreensão do mundo que os rodeia, e os pressupostos que suportam esses modelos. Aprender é construir o seu próprio significado e não encontrar as "respostas certas" dadas por alguém.Além de Piaget, outros estudiosos importantes para a educação, como o russo Lev Semynovitch Vygostky (1896-1934) e o francês Henry Wallon (1879-1962), também são construtivistas. Temos ao nível de Rio Grande do Sul, o GEEMPA, que é um grupo de pessoas que estudam o construtivismo e divulgam-no com a ajuda da Esther Pillar Grossi e outros colaboradores. Temos também a Argentina Emilia Ferreiro como outra estudiosa do Construtivismo.Outro pensador que influencia a prática das escolas é o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934), que preconizava que o sujeito não nasce pronto nem é resultado exclusivo da ação do ambiente externo. Para ele, o desenvolvimento do indivíduo era resultado de uma interação permanente entre os processos internos e as influências do mundo exterior. Seu pensamento ficou sendo conhecido como sociointeracionismo.A aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar que nunca parte do zero. Toda aprendizagem da criança na escola tem uma pré-história. Atividade criadora é uma manifestação exclusiva do ser humano, pois só este tem a capacidade de criar algo novo a partir do que já existe. Através da memória, o homem pode imaginar situações futuras e formar outras imagens. Sendo assim, a ação criadora reside no fato da não-adaptação do ser, isto é, de não estar acomodado e conformado com uma situação, buscando através do imaginário e da fantasia, um equilíbrio, bem como a construção de algo novo.O papel da escola, para este autor é de fazer a criança progredir em sua compreensão do mundo a partir de seu desenvolvimento já construído e tendo como fim etapas posteriores ainda não obtidas. Cabe ao professor interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos a fim de que esse se sinta intrigado a procurar saber cada vez mais, fato esse não acontece ao aluno se não for provocado. É mister salientar que esta interferência pode acontecer entre pares, ou seja, uma criança que já sabe as regras de um jogo ajudar aos colegas que não sabem a entende-las, também, mesmo porque as crianças têm uma linguagem comum, pois se compreendem muito bem.Como confirma Palangana (2001,160) ao escrever: "É nesse ambiente social e historicamente organizado que o sujeito se insere e se constitui enquanto tal".Emilia Ferreiro, também, prega que o aluno precisa construir o próprio conhecimento. O pressuposto básico é que o processo de aprendizagem concretiza-se em situações de interação entre aluno, colegas e educadores, assegurando a construção de significados a partir de relações entre o que eles já conhecem e o que estão aprendendo de novo. Ao contrário do que acontece na escola tradicional, em que o professor ensina e o aluno escuta, o construtivismo pressupõe uma parceria e uma troca de informações entre as duas partes envolvidas. Como mediador, o professor precisa conhecer de perto os alunos para elaborar hipóteses que os ajudem a se desenvolver. Os materiais didáticos são produzidos segundo as necessidades da turma. Como as aulas não se repetem de um ano para o outro, é preciso haver uma colaboração estreita entre os mestres e a coordenação. Sem o investimento em muitas horas de reunião, é difícil ser fiel ao ideal construtivista.A autora Emilia Ferreiro ainda vai mais longe afirmando que temos que alfabetizar para dar ao homem do povo sua palavra, para que ele possa escrevê-la, para ajudá-lo a não destruir seu discurso em troca de um discurso escolar estereotipado. Concorda-se com a mesma, quando diz que a criança deve ser ajudada a escrever, não apenas, necessariamente, de maneira correta, mas que esta ortografia não limite, não destrua, nem mate a língua escrita que ela pode produzir através de sua construção própria e livre de estereótipos escolares.E ainda tivemos a colaboração de Henri Wallon para ele o fator importante na compreensão do desenvolvimento é entender os processos interativos existentes na relação do homem com seu meio físico e social. O homem e o meio estão vinculados como processos contínuos e interdependentes, e o elemento que estabelece este vínculo é a emoção. Através da emoção, a criança adquire seqüências de ações diferenciadas e instrumentos fundamental para distinguir, classificar e se sobrepor à realidade, num lance de conhecimentos dela própria, dos outros sociais e dos objetos de seu mundo.Segundo o autor é baseada nas emoções e interesse que a criança construirá melhor seu conhecimento e o tipo de relação que terá com o meio social. Portanto, conclui-se que o professor só poderá ter seus alunos em aula, para aprenderem se seus anseios aí estiverem. Desta forma conforme o construtivismo, provoca-se esta falta, mediante um problema que toque realmente cada aluno.No entanto, o professor não conseguirá ensinar por exposições ou explicações dos conteúdos logicamente já estruturados para depois se propor aplicações destes problemas, ao contrário o professor deve ensinar pela proposição inicial de resolução de problemas, pois eles são os únicos a provocar uma falta para a inteligência. Sendo assim, como o desejo é algo inteiramente pessoal, provavelmente um só problema não atingira todos os alunos de uma sala de aula, portanto as propostas didáticas, só serão efetivadas se contemplarem um espaço de problemas. No momento em que o aluno resolver um problema é que vai organizar os elementos teóricos que entram nesta tarefa e dar-se –á conta de novas necessidades, cabendo ai ao professor encaminhar o modo de atendê-las, não pela doação de matéria, como tradicionalmente se fala, mas exatamente proporcionando que os alunos construam as originalmente suas soluções.Após analise destes autores observa-se à preocupação que o professor deve ter no momento de planejar o seu trabalho, o qual deverá levar em conta a bagagem cultural e emocional trazida pela criança, pois só assim terá condições de realizar um trabalho baseado no Construtivismo, porque dentro desta proposta o professor é visto como um mediador e não como quem determina previamente o que será trabalhado pelos alunos. Desta forma só com muito conhecimento da realidade em que ir atuar é que o professor pode aplicar esta proposta de trabalho pedagógico.
CONCLUSÃO
Talvez esteja na hora de pensarmos sobre os indivíduos que realmente desejamos formar, pensar em nossa forma de agir perante estas crianças que conosco estão hoje. O Construtivismo vem ao encontro das nossas necessidades, a única forma de desenvolvermos a autonomia moral e intelectual em nossos alunos é fazendo com que os mesmos se sintam seguros para tomarem decisões em suas vidas (nem sempre serão as mais acertadas), é nesta parte que nós, pais e educadores devem estar bem atentos; as crianças somente serão responsáveis por decisões tomadas por ela mesma, pois, enquanto as decisões forem tomadas por outras pessoas, ela poderá somente obedecer, perdendo desta forma a oportunidade de se tornar responsável, confiante e autônoma.Ao trabalhar-se com o Construtivismo podemos formar sujeitos conscientes de sua função social, moral e intelectual, não meras pessoas que sejam manipuladas e ludibriadas diariamente, sem darem-se por conta do que estão passando, continuão a submeter-se a decisões de pessoas que não as conhecem, as quais o fazem a respeito das decisões sobre como deve ser a educação no país. Portanto, cabe a nós professores, estudar sempre e optar por uma educação onde os nossos alunos possam ter um futuro melhor, utilizando uma proposta de trabalho onde possamos oferecer esta oportunidade a eles desde seu início na vida escolar.Dentro do construtivismo o professor deve ter uma mentalidade aberta, atitude investigativa, desprendimento intelectual, senso crítico, sensibilidade às mudanças do mundo combinado com iniciativa para torná-las significativas aos olhos dos alunos e flexibilidade para aceitar a si mesma em processo de mudança contínua.Ela precisa dar mais de si e precisa estar o tempo todo se renovando, para sustentar uma relação com os alunos que não se baseia na autoridade, mas na qualidade. A professora precisa de uma orientadora pedagógica para servir de interlocutora com quem ela possa refletir sobre sua prática.A vantagem do construtivismo sobre outras linhas de ensino é procurar formar pessoas de espírito inquisitivo, participativo e cooperativo, com mais desembaraço na elaboração do próprio conhecimento.Além disso, o construtivismo cria condições para um contato mais intenso e prazeroso com o universo da leitura e da escrita. Mesmo, muitos reclamando do construtivismo por não oferecer à professora instrumentos tão seguros e precisos com respeito ao seu trabalho diário.Porém, em nível de conhecimento o construtivismo pode formar bem melhor o aluno quanto à qualidade do conhecimento, pois desperta no aluno um senso de autonomia e participação que não é comum em outras linhas pedagógicas. Uma das linhas mestras do construtivismo repousa justamente nos cooperação entre seus pares, investindo no desafio pessoal, como motivação para a criança ir sempre avante nas trilhas do conhecimento.Outro fator importante a ser levado em consideração é o construtivismo ser uma teoria do conhecimento baseada numa filosofia materialista-histórica, o que vai de encontro com o atual sistema que mantém a maioria das escolas (públicas) brasileiras, imagina-se existir ai, mais uma dificuldade, para bom emprego desta nova forma de pensar a educação, porque será colocar água dentro de um copo de azeite, "desculpa o pequeno devaneio".
OBRAS CONSULTADAS:
- COLL.César (org). O construtivismo na sala de aula. Traduzido por Cláudia Schilling. 6ªed. São Paulo: Ática , [s.d.]:
- FRANCO.Sérgio Roberto Kieling. O construtivismo e educação . 4ªed. Porto Alegre: Mediação, 1995.
- FURASTÉ , Pedro Augusto .Normas Técnicas para Trabalho Cientifico. 11ªed. Porto Alegre: [s.ed.] . 2002.
- LOPES, Josiane.Jean Piaget: A lógica própria da criança como base do ensino REVISTA NOVA ESCOLA, São Paulo, Fundação Victor Civita, n.95, anoXI, agosto 1996.
- OLIVEIRA.Marta Kohl de. Vygotsky; aprendizagem e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 3ªed. São Paulo: Scipione, 1995.
- PALANGANA , Isilda Campaner . Desenvolvimento e Aprendizagem em Piaget e Vygotsky . 3ªed. São Paulo: Summus, 2001.
Pedagogia de Projetos
A Pedagogia de Projetos surge da necessidade de desenvolver uma metodologia de trabalho pedagógico que valorize a participação do educando e do educador no processo ensino - aprendizagem, tornando-os responsáveis pela elaboração e desenvolvimento de cada projeto de trabalho."Os Projetos de Trabalho contribuem para uma resignificação dos espaços de aprendizagem de tal forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes." (HERNANDEZ, 1998).Como ensina FREIRE, 1997, acrescentamos a essa metodologia uma reflexão sobre a realidade social, orientando os projetos de trabalho para uma reflexão sobre as condições de vida da comunidade que o grupo faz parte, analisando-as em relação a um contexto sócio - político maior e elaborando propostas de intervenção que visem transformação social.Os projetos pedagógicos dinâmicos permitem uma aprendizagem por meio da participação ativa dos educandos, vivenciando as situações - problema, refletindo sobre elas e tomando atitudes diante dos fatos. Ao educador compete resgatar as experiências do educando, auxiliá-lo na identificação de problemas, nas reflexões sobre eles e na concretização dessas reflexões em ações.Os temas gerais dos projetos, seus conteúdos específicos e a maneira como eles são desenvolvidos não devem ser propostos apenas pelo educador ou por pessoas que não estejam diretamente envolvidas no trabalho. Trata-se de uma ação coletiva envolvendo educador, educando, instituição e comunidade.A escolha dos temas e dos conteúdos específicos a serem trabalhados é de responsabilidade de todos e deve ser pensada de forma a contemplar a realidade do educando, a sua cultura e remeter a uma reflexão sobre Cidadania, gerando ações de intervenção social passíveis de serem viabilizadas.
Pedagogia de Projetos
O que são projetos?
São inúmeras as atividades humanas nas quais, atualmente, a idéia de projetos está colocada como uma nova forma de organizar e realizar as atividades profissionais.
Profissionais dotados de maior autonomia para tomar decisões, valorização do trabalho em grupo, desenvolvimento de vínculos de solidariedade e aprendizado constante são algumas das características incentivadas pela realização de projetos de trabalho. Em uma equipe que trabalha com vistas a realizar um projeto, são mais importantes a solidariedade e o cuidado com a contribuição de cada um para o todo, do que os níveis hierárquicos. A questão não é quem manda em quem, mas se o projeto está se tornando realidade.
Entendendo a idéia de projeto...
A palavra projeto tem sido muito utilizada em várias áreas de atuação profissional. Nas escolas, falar em projeto pedagógico já se tornou moda há algum tempo. Mas, afinal, o que é um projeto? Qual das afirmações a seguir você acha mais correta?
Projeto é intenção, pretensão, sonho: “Meu projeto é comprar uma casa” .
Projeto é doutrina, filosofia, diretriz: “Meu projeto de país é muito diferente” .
Projeto é idéia ou concepção de produto ou serviço: “Estes dois carros são projetos muito semelhantes” .Projeto é esboço ou proposta: “Todos têm o direito de apresentar um projeto de lei ao Congresso”.
Projeto é desenho para orientar construção: “Já aprovei e pedi ao arquiteto que detalhasse o projeto”.
Projeto é empreendimento com investimento: “A Prefeitura vai construir novo projeto habitacional” .
Projeto é atividade organizada com o objetivo de resolver um problema: “Precisamos iniciar o projeto de desenvolvimento de um novo motor, menos poluente”.
Projeto é um tipo de organização temporária, criada para realizar uma atividade finita: “Aquele pessoal é a equipe do projeto do novo motor”.
Todas as definições são corretas e abrangem significados do termo projeto. Neste texto, interessam os dois últimos, que definem projeto do ponto de vista do gerenciamento e administração. Projeto é atividade organizada, que tem por objetivo resolver um problema.
Uma importante distinção: projetos são diferentes de atividades funcionais.
Atividades funcionais são regulares (repetem-se sempre do mesmo modo, com pequenas variações) e são também “intermináveis”, ou seja, não têm perspectiva de serem finalizadas.Já os projetos têm as seguintes características:
- Objetivo definido em função de um problema, cuja solução é o critério para definir seu grau de sucesso.
- Em geral, são realizados em função de uma necessidade específica, um problema.
- São finitos: têm começo e término programados. Solucionado o problema, o projeto termina.
- São “irregulares”, ou seja, fogem da rotina.
Optar pela criação e implementação de um projeto, para resolver determinado problema que se tem pela frente, é uma decisão gerencial, que depende de critérios. No transcorrer do trabalho cotidiano, os profissionais envolvidos percebem problemas que atrapalham o bom desenvolvimento das ações. Esse é um exemplo de situação em que a criação e implementação de um projeto podem ajudar a resolver um determinado problema e, em conseqüência, colaborar de maneira decisiva para o trabalho em geral.
Um exemplo real: Em uma escola estadual da periferia da cidade de São Paulo, professores e direção constataram a necessidade de melhorar muito os serviços da cantina. Organizaram a partir daí um “projeto para nova cantina”. Em seguida, escolheram a comissão de educadores e pais que iria implementar o projeto.Em poucas semanas, a equipe já havia organizado uma concorrência para admitir novos administradores para a cantina. Com o esforço pessoal da diretora da escola, a comissão conseguiu uma verba junto à Secretaria de Estado da Educação para a reforma da cantina. Depois de três meses, a nova cantina já estava em funcionamento. É importante ressaltar que a verba foi conseguida pela escola graças a uma pesquisa anterior dos participantes do projeto. Pesquisando junto aos órgãos da Secretaria, o grupo descobriu que havia um fundo destinado à construção ou reforma de cantinas e outros equipamentos escolares. Essa experiência ilustra bem uma das características de um bom projeto, ou seja, a capacidade de conseguir os recursos materiais, financeiros ou humanos necessários para a sua conclusão. A equipe de educadores de uma escola, além de considerar os projetos do ponto de vista didático, deve sempre estar atenta para os diversos problemas que existem ou surgem no trabalho e que podem ser resolvidos com a criação e implementação de um projetoProblemas comuns na implementação de projetos
Nenhuma abordagem, por mais sofisticada, assegura o êxito de um projeto. Muitas vezes, um detalhe põe tudo a perder. Há problemas que devem ser evitados:
- Objetivo confuso . Projeto com objetivo confuso tem alta probabilidade de fracasso. Não se sabendo onde se deve chegar, não se chega a lugar nenhum. O objetivo confuso pode ter várias origens: 1. O problema não foi estudado e entendido corretamente. Houve pressa em iniciar, sem clareza do problema. 2. Coordenador e equipe não entendem o problema e fazem suposições incorretas sobre o resultado a ser alcançado. 3. Objetivo claro, mas não coerente com o problema. O resultado a ser alcançado é incompatível com o problema.
- Execução confusa . As condições de execução tornam-se confusas nas situações a seguir: 1. As regras de decisão são imprecisas. Não há políticas nem procedimentos para resolver problemas e conflitos. 2. Autoridade e responsabilidade estão indefinidas. Não se sabe direito quem tem poderes e atribuições para quê. 3. Atividades não são coerentes com o objetivo. Isso pode ocorrer mesmo quando o problema e o objetivo são coerentes. 4. A previsão de recursos é incoerente com as atividades. Os recursos podem ter sido subestimados ou superestimados. 5. A atividade avança muito sem que pelo menos as intenções básicas do projeto estejam bem definidas.
- Falhas na execução : Projetos podem ser muito bem planejados e organizados, mas isso ainda não é garantia de sucesso. Podem ocorrer falhas na execução.
Uma das mais comuns é a seguinte: um detalhe vital não funciona e põe tudo a perder, simplesmente porque todo mundo achou que era importante demais e que outra pessoa iria cuidar daquilo.Condições para o êxito
A experiência mostra que as seguintes condições afetam positivamente a probabilidade de sucesso do projeto:
- Definição do problema . Projetos bem sucedidos, de forma geral, são definidos a partir do problema a ser resolvido e da clareza com que se define a solução do problema. O mais importante é definir com clareza os objetivos do projeto. Uma vez decidida a realização de um projeto, deve-se discutir exaustivamente como o problema pode ser resolvido e as características do resultado final, descritas nos objetivos do projeto ou em suas metas. Sempre que possível, o próprio título do projeto deve indicar as características do resultado final. Por exemplo: reforma, instalação e colocação em funcionamento da cantina escolar. Quanto mais tarde se deixa para realizar essas discussões e definições, mais difícil se torna a implementação do projeto.
- Envolvimento da equipe. Quanto mais o projeto representa um desafio para a equipe envolvida, maior é a probabilidade de que venha a ter sucesso. Projetos bem sucedidos criam na equipe uma sensação de propriedade: “Este é o nosso projeto, o problema que temos de resolver”.
Cuidados para o bom desenvolvimento de projetosCriar um projeto é definir um resultado a ser alcançado
Existem situações em que os resultados de um projeto são fáceis de definir. Por exemplo, em meados de maio, muitas escolas começam a pensar na festa junina. Para que não seja apenas um evento, pode-se então desenvolver um projeto para planejar, organizar e realizar uma festa junina que envolva toda a comunidade escolar . Em casos assim, os resultados bem definidos orientam o planejamento e a implementação do projeto. Para fazer uma festa junina é preciso escolher uma data e pensar nos preparativos: decoração da escola, quadrilha, venda de refrigerantes e comidas (quais?), jogos (derrubar latas com bolas de meia, coelho que entra na casa, argola, etc.). É preciso pensar ainda na divulgação externa (faixas, cartazes, rádio local, jornal do bairro, carta aos pais e responsáveis) e interna (comunicação aos alunos, professores e funcionários). Em muitas escolas pode ser necessário, em uma festa na qual a escola permanecerá aberta, pedir a presença de policiais para evitar ocorrências indesejáveis. Para cada um dos itens mencionados acima é preciso haver pessoas que se responsabilizem por sua resolução. É fundamental destacar que esta e outras festividades que têm origem na tradição popular devem ser sempre contextualizadas, possibilitando um enfoque enriquecedor e envolvendo a família e toda a comunidade.
Outros casos em que os resultados do projeto já estão definidos pela própria situação: limpeza e pintura das paredes externas da escola; mutirão de limpeza das áreas externas da escola (pátio, jardins, quadras, corredores, etc.);mutirão para a remodelação dos jardins da escola; organização e realização de um torneio de voleibol entre as turmas de Ensino Médio; organização e realização de um festival de música aberto a todos os alunos, professores, funcionários e familiares de alunos. Porém, nem sempre as coisas são tão simples assim. Quando o problema é o que fazer para acabar com depredações nas instalações da escola, ou como diminuir o número de alunos em recuperação nas quintas séries, ou ainda, como conseguir a participação das famílias dos alunos na vida escolar, as coisas se tornam mais complicadas. É preciso, então, refletir sobre os problemas e pensar em quais podem ser os resultados esperados para um projeto, pois este é o primeiro passo para planejar e implementar esse projeto com grandes possibilidades de êxito.A implementação do projeto e a avaliação permanente
O projeto começa a se tornar uma realidade, diversas pessoas já estão em plena atividade resolvendo problemas, tomando providências, realizando tarefas necessárias à consecução dos objetivos. Durante esse período de implementação do projeto, é muito importante que a equipe, liderada pelo coordenador, mantenha-se atenta à execução do cronograma, acompanhando se as coisas estão dando certo, se o que foi imaginado está se realizando.O papel do coordenador nesse processo é muito importante , pois essa preocupação com a avaliação deve estar presente todo o tempo, desde o começo da execução do cronograma, e não somente quando o projeto está no final, ou quando as coisas já não deram certo. Por exemplo, se uma tarefa deve estar pronta dentro de uma semana e ainda não há perspectivas de ser resolvida, o coordenador precisa chamar o responsável, ver o que está acontecendo, se a pessoa precisa de ajuda, se há algum problema relacionado com a própria tarefa e se tudo estará resolvido no prazo previsto. A avaliação permanente deve se concretizar em ações corretivas, assim, se for preciso, o coordenador deve tomar as providências necessárias para que a tarefa esteja feita no prazo.Perguntas e providências que auxiliam no planejamento e implementação de projetos
Quais as tarefas e providências necessárias à implementação do projeto e quando elas devem ocorrer?
O que não pode ser esquecido, pois poria tudo a perder?
Itens do planejamento que não devem ser esquecidos:
- Todo bom plano de trabalho tem um cronograma, no qual todas as tarefas e providências estão relacionadas, com data de início, final e nome dos responsáveis.
- Fechando o cronograma, encontram-se os resultados do projeto e a data planejada para sua finalização.
- Relacionada a cada tarefa ou providência, aparece(m) o(s) nome(s) do(s) responsável(is) pela sua execução.
- Um bom cronograma de implementação deve estabelecer os momentos em que a equipe irá se reunir com o propósito principal de avaliar a execução do plano e verificar se o que foi imaginado está acontecendo, ou se há necessidade de alterar tarefas, providências e prazos.
Os projetos no espaço escolar
Em uma escola, os projetos podem ser utilizados em vários aspectos diferentes do trabalho. Pode-se desenvolver projetos em trabalhos da administração escolar, em ações de apoio ao trabalho pedagógico e em outros aspectos do funcionamento escolar que não envolvem o ensino diretamente. Já os projetos didáticos têm por meta principal o ensino de alguns conteúdos predeterminados e neles a participação dos alunos é, evidentemente, indispensável.
Professores, equipe técnica, direção e pais podem utilizar a idéia de projeto para planejar, organizar e realizar uma festa na escola, uma feira cultural ou um festival de música. Nesses casos, a participação de alunos deve ser decidida pelos educadores. Os alunos podem estar presentes desde o planejamento, ou serem convidados a colaborar somente no momento da realização. Os objetivos educativos relacionados ao projeto é que devem orientar os educadores quanto à participação de alunos nesses casos.A presença de um coordenador de projeto também deve ser uma decisão relacionada ao tipo de projeto e seus objetivos. Nos projetos didáticos, os alunos geralmente desenvolvem suas atividades organizados em equipes. O trabalho em equipe deve ser considerado no planejamento anterior feito pelos professores. É preciso considerar se os alunos já têm autonomia suficiente para desenvolver as principais tarefas relativas ao desenvolvimento do projeto, ou se os professores envolvidos deverão acompanhar os alunos em algumas delas. A própria existência de um coordenador de equipe deve ser decidida em função dos objetivos educativos relacionados ao projeto. Nos projetos didáticos desenvolvidos com alunos das séries iniciais, por exemplo, o trabalho do coordenador é geralmente feito pela própria professora que, por sua vez, compartilha as decisões com seus alunos.Quando os projetos são desenvolvidos pelos educadores e funcionários, com objetivos relacionados ao trabalho desses profissionais, a existência de umcoordenador de projetos é importante. O coordenador tem como principal função controlar o desenvolvimento das tarefas necessárias à boa implementação do projeto. Ter certeza que todas as tarefas têm um responsável por sua execução, controlar o cronograma de trabalhos evitando atrasos e auxiliando os responsáveis, quando necessário, são algumas responsabilidades do coordenador. Quando o projeto necessita recursos financeiros, o coordenador deve também controlar o orçamento, com ou sem auxílio de outras pessoas.Os projetos didáticos na escola de Ensino Fundamental
A professora Delia Lerner, em seu texto “É possível ler na escola?” nos mostra que o planejamento do ensino pode ser organizado a partir de quatro diferentes modalidades de ensino: as atividades seqüenciadas, as atividades permanentes, os projetos didáticos e as situações independentes.
As atividades seqüenciadas são situações didáticas articuladas, que sempre possuem uma seqüência de atividades, cujo principal critério de organização é o nível de dificuldade, e que estão sempre voltadas ao ensino de um conteúdo pré-selecionado. Têm um tempo de duração variável, que depende do conteúdo que se está ensinando.As atividades permanentes são situações didáticas propostas com regularidade, cujo objetivo principal é a construção de atitudes e o desenvolvimento de hábitos. Promover o gosto pela leitura e a escrita, aprender a ler o jornal diário são aprendizagens que podem ser desenvolvidas a partir de atividades permanentes. A principal característica dessas atividades é que elas se repetem sistematicamente em horários preestabelecidos com os alunos, podendo ser diárias, semanais ou quinzenais. São exemplos dessas modalidades de ensino a roda de leitura de jornais, a leitura compartilhada, a hora da notícia, etc.As situações independentes são situações ocasionais em que algum conteúdo importante está em jogo e deve ser trabalhado em sala de aula. Mesmo que esse conteúdo não tenha uma relação direta com o que está sendo tratado nas seqüências didáticas ou nos projetos. Têm tempo de duração variável, podendo ser um assunto que está interessando à comunidade escolar em um determinado momento, ou mesmo uma discussão sobre um livro trazido à classe por um aluno.
Já os projetos didáticos são situações que partem de um desafio, de uma situação-problema e que sempre têm como um de seus objetivos um produto final. Na maioria dos casos, os projetos envolvem mais de uma área de conhecimento sendo, portanto, interdisciplinares.
A seguir, comentamos as principais características didáticas e pedagógicas dos projetos didáticos.
Uma unidade didática é “um conjunto ordenado de atividades, estruturadas e articuladas para a consecução de um objetivo educativo em relação a um conteúdo concreto.” (Ver Construtivismo na Sala de Aula , Cesar Coll e outros, editora Ática, 1996, capítulo 6: Os enfoques didáticos ).
Quando os educadores planejam uma unidade didática, pensando em como os conteúdos podem ser trabalhados com os alunos, as propostas de ensino podem ser organizadas de duas formas básicas:
- Uma unidade didática simples, ou
- Uma unidade didática organizada como projeto.
Nos dois casos, o planejamento da unidade didática deve conter:
- Uma definição clara dos conteúdos a serem ensinados e seus respectivos objetivos educativos, isto é, o enfoque e a profundidade com que o processo de aprendizagem deve ocorrer. (Um objetivo em educação é sempre um processo de crescimento pessoal que se pretende proporcionar ao aluno por meio do ensino.)
- Uma seqüência ordenada de atividades que serão propostas aos alunos com o propósito de atingir os objetivos relacionados acima.
- Uma avaliação permanente das propostas de ensino e dos processos de aprendizagem que ocorrem durante todo o desenvolvimento da unidade.
- Tanto na unidade didática simples, quanto nos projetos, o educador deve sempre considerar algumas preocupações relacionadas à concepção construtivista de aprendizagem escolar (Ver Construtivismo na Sala de Aula , Cesar Coll e outros, editora Ática, 1996, capítulo 1: Os professores e a concepção construtivista), tais como:
- Para agir, o professor deve considerar o estado inicial de seus estudantes, a partir do qual ele construirá situações de ensino com o propósito de desencadear nos alunos um processo cognitivo e afetivo que envolva os conteúdos escolhidos, de modo a provocar aprendizagens significativas relacionadas a esses conteúdos.
- O estado inicial dos alunos é definido pelos conhecimentos anteriores que eles possuem sobre os conteúdos envolvidos em cada proposta de ensino. Conhecimentos esses que serão a base a partir da qual os alunos poderão fazer relações e construir significados para aquilo que estão aprendendo.
- Para que haja desenvolvimento integral do cidadão, é preciso que os alunos aprendam também o que é aprender . Esta preocupação deve se refletir na prática pedagógica através de aprendizagens que permitam realizar reflexões de natureza metacognitiva, isto é, aquelas que tratam de explicar o que se está fazendo para aprender e por quê. A Concepção Construtivista da Educação Escolar diferencia-se de outras concepções educacionais por considerar que pensar-se como estudante é um CONTEÚDO da educação, incluindo aqui, ainda, o desenvolvimento da autonomia intelectual desse estudante.
Mas, o que DIFERENCIA uma unidade didática simples, de uma unidade didática desenvolvida por projeto?
A principal resposta a essa questão é: em um projeto há uma idéia, uma possibilidade de realização, uma meta , um querer que orienta e dá sentido às ações que se realizam com a intenção de transformar a meta (o sonho) em realidade.
Num projeto há sempre um futuro que pode tornar compreensível e dar sentido a todo o esforço de busca de informações e construção de novos conhecimentos.“[...] o projeto é a possibilidade eleita. Aquela que está orientada para a ‘realização', palavra magnífica que deveria reservar-se para a livre ação humana.” (Teoria da Inteligência Criadora, José Antonio Marina, Editorial Caminho, Lisboa, 1995, p.168.)“Esta é a segunda tese deste livro, que pode enunciar-se assim: a pessoa inteligente dirige a sua conduta mediante projetos, e isso permite-lhe aceder a uma liberdade criadora.” [...] Criar é submeter as operações mentais a um projeto criador.”(Idem, p.169.)“A primeira componente do projeto é a meta, o objetivo antecipado pelo sujeito, como fim a realizar.” (Idem, p. 178.)Nesse sentido, em uma unidade didática desenvolvida por projeto, todos os alunos devem conhecer e compreender qual é a idéia que está sendo posta em prática, todos devem conhecer e compreender a meta: fazer um livro; preparar uma campanha de esclarecimento; organizar um passeio ecológico.
Esse conhecimento inicial da meta que dá origem ao projeto é fundamental para que os alunos possam compreender as decisões que vão sendo tomadas durante a realização do mesmo. Durante o desenrolar do projeto, deve-se estabelecer uma cumplicidade de propósitos entre os alunos e destes com o(s) professor(es), provocando o surgimento de um ambiente de trabalho criativo, no qual cada indivíduo pode contribuir com suas aptidões, ou estar disposto a enfrentar o esforço de aprender algo novo e que se mostrou necessário em função do próprio projeto.O trabalho com projetos pode dar conta de alguns objetivos educacionais com maior profundidade, em particular o desenvolvimento da autonomia intelectual, o aprender a aprender, o desenvolvimento da organização individual e coletiva, bem como a capacidade de tomar decisões e fazer escolhas com o propósito de realizar pequenos ou grandes projetos pessoais.
Para que o trabalho com projetos dê bons resultados, o professor deve tomar alguns cuidados, além daqueles necessários em qualquer situação de ensino:
- O projeto precisa estar bem definido, ou seja, alunos e professores devem ter uma idéia bem clara daquilo que se vai fazer, a meta: um objeto (livro, maquete, desenho, cartaz, escultura) ou uma ação (passeio, campanha, seminário, show musical).
- É a idéia básica do projeto (a meta, o sonho) que determina e justifica as fases do projeto. Essas fases podem envolver estudo, pesquisa, construção, ensaio, e todas a ações que forem necessárias para a realização do projeto.
Nesse sentido, costuma-se dizer que, para ser um projeto, o desenvolvimento do trabalho na sala de aula deve ter a participação dos alunos em algumas decisões, para que eles aprendam também a analisar situações, tomar decisões e ter a experiência de pôr em prática o que foi planejado. Dizendo de outro modo: no desenvolvimento de um projeto, as decisões devem ser partilhadas entre professor e alunos. Mesmo as decisões que são tomadas previamente pelo professor devem ser explicadas e justificadas, ou seja partilhadas com os alunos, tendo como referência a realização do projeto.
É sempre importante que os professores comentem com seus alunos as semelhanças e diferenças que existem entre o projeto desenvolvido na escola pelos alunos, e o mesmo tipo de projeto quando é desenvolvido em situações reais, naquilo que podemos chamar “mundo real”.NOTAS:Adaptado do texto Gestão de projetos , presente no livro Gestão da Escola , do Programa de Melhoria do Desempenho da Rede Municipal de Ensino de São Paulo; iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, em convênio com a Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo, 1999.
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