Que inclusão?
Há alguns anos a inclusão social é um dos temas da hora nas esferas pública e privada, com uma atenção muito especial dos meios de comunicação. Mas, a despeito de certo modismo, é preciso falar sério sobre o assunto, inclusive repensar alguns conceitos que eventualmente adotamos, como autômatos.
E vou me deter num tema. Fala-se muito do direito universal à educação e à socialização e é verdade que em algumas regiões do Brasil já não há crianças fora de salas de aula por falta de vagas. Mas a realidade, vista com um pouco mais de cuidado, se revela menos alentadora. Podemos olhar por todos os pontos de vista: das famílias desprovidas de recursos, de indivíduos portadores de alguma doença e de crianças com deficiência, seja ela física, emocional e/ou cognitiva. É nesta última que vou me deter.
Se pensarmos que a educação atual, salvo algumas exceções, mal consegue dar conta da aprendizagem das crianças ditas “normais”, imaginemos o que resta para as crianças que necessitam de um olhar especial? Sim, um olhar especial, porque são especiais. Porque nelas as dificuldades existem verdadeiramente, mas elas estão dispostas a superá-las.
Achar que inserir uma criança numa sala de aula, sentada numa mesa, com um professor à frente é inclusão é um equívoco danoso para a sociedade. Inclusão é ofertar estrutura, mas uma estrutura que proporcione a qualquer criança uma aprendizagem saudável, eficaz e prazerosa. Nisso está incluso a qualidade dos mestres, não só sob o ponto de vista da formação técnica do profissional, mas, particularmente, em relação a sua disponibilidade afetiva. Ser professor é uma profissão divina, se bem exercida.
Essa estrutura depende de quem? Depende do governo, depende de cada profissional, de cada escola, depende de cada ser humano. Se há “fome” de busca, é possível encontrar soluções.
A questão não se restringe à educação. No que se refere a diferenças, toda a sociedade precisa se repensar. Aceitar as diferenças NÃO é só ver uma criança especial brincando na praça e NÃO tirar o seu filho de perto; NÃO é só NÃO mudar de calçada ao ver um adolescente especial em sua direção. É mudar o olhar. Simples assim.
A Inclusão é mais do que um ato teoricamente correto. Insisto e defendo: o que precisa mudar é o OLHAR sobre as diferenças. Ser igual não requer a aceitação alheia, porque ela é concedida sem ser solicitada. Agora, ser diferente causa medo e desconfianças porque nos sujeita à surpresa, nos tira do conforto da segurança. O diferente causa medo, quando, na verdade, deveria gerar curiosidade, porque é com a diferença que se aprende.
Todos temos semelhanças, mas também temos diferenças, todos nós, sem exceção. Deficiências, crises e conflitos interiores, também. Criou-se uma fantasia, no imaginário das pessoas, em relação às crianças especiais. A verdade é que, por algumas terem feições físicas que fogem do padrão social, ou por terem atos inesperados, as pessoas sentem-se inseguras em como reagir naturalmente, preferindo, na dúvida, se distanciar. De alguma forma, é compreensível, mas se eu pudesse dar um conselho, daria um só: entregue-se a elas.
Depois de alguns anos trabalhando com dificuldades de aprendizagem em crianças com as mais diversas características, muitas com quadros de patologias neurológicas ou psicopatias, posso afirmar que não existem pessoas mais especiais do que “os especiais”. E procure um deles se você quiser aulas de resiliência ou quiser aprender como se tornar uma fortaleza motivada diante de quaisquer dificuldades. Uma criança que não caminha estará sempre tentando dar os primeiros passos, custe o que custar. Aquela que não fala verbalmente (porque fala com o coração) estará sempre arriscando novos sons e modos diferentes de se comunicar. Aquela que tem dificuldade em controlar suas emoções fará esforços intensos e internos para fazer com que os outros a compreendam e a amem mesmo assim. E, em geral, elas são muito amadas por quem se permite aproximar delas.
Sobre a forma de viabilizar a verdadeira inclusão, não tenho a resposta e não sei se alguém a tem. Podemos pensar várias e urgentes medidas para as redes pública e privada de ensino, o que já seria ótimo. Mas um bom começo seria a gente decidir parar de olhar para as diferenças dos outros e enxergar as nossas próprias. Olhar para dentro de nós, para depois romper com a aparente segurança e descobrir o outro. Afinal, qualquer vida é um milagre em si. Nesse momento, talvez possamos pensar em evolução.
E vou me deter num tema. Fala-se muito do direito universal à educação e à socialização e é verdade que em algumas regiões do Brasil já não há crianças fora de salas de aula por falta de vagas. Mas a realidade, vista com um pouco mais de cuidado, se revela menos alentadora. Podemos olhar por todos os pontos de vista: das famílias desprovidas de recursos, de indivíduos portadores de alguma doença e de crianças com deficiência, seja ela física, emocional e/ou cognitiva. É nesta última que vou me deter.
Se pensarmos que a educação atual, salvo algumas exceções, mal consegue dar conta da aprendizagem das crianças ditas “normais”, imaginemos o que resta para as crianças que necessitam de um olhar especial? Sim, um olhar especial, porque são especiais. Porque nelas as dificuldades existem verdadeiramente, mas elas estão dispostas a superá-las.
Achar que inserir uma criança numa sala de aula, sentada numa mesa, com um professor à frente é inclusão é um equívoco danoso para a sociedade. Inclusão é ofertar estrutura, mas uma estrutura que proporcione a qualquer criança uma aprendizagem saudável, eficaz e prazerosa. Nisso está incluso a qualidade dos mestres, não só sob o ponto de vista da formação técnica do profissional, mas, particularmente, em relação a sua disponibilidade afetiva. Ser professor é uma profissão divina, se bem exercida.
Essa estrutura depende de quem? Depende do governo, depende de cada profissional, de cada escola, depende de cada ser humano. Se há “fome” de busca, é possível encontrar soluções.
A questão não se restringe à educação. No que se refere a diferenças, toda a sociedade precisa se repensar. Aceitar as diferenças NÃO é só ver uma criança especial brincando na praça e NÃO tirar o seu filho de perto; NÃO é só NÃO mudar de calçada ao ver um adolescente especial em sua direção. É mudar o olhar. Simples assim.
A Inclusão é mais do que um ato teoricamente correto. Insisto e defendo: o que precisa mudar é o OLHAR sobre as diferenças. Ser igual não requer a aceitação alheia, porque ela é concedida sem ser solicitada. Agora, ser diferente causa medo e desconfianças porque nos sujeita à surpresa, nos tira do conforto da segurança. O diferente causa medo, quando, na verdade, deveria gerar curiosidade, porque é com a diferença que se aprende.
Todos temos semelhanças, mas também temos diferenças, todos nós, sem exceção. Deficiências, crises e conflitos interiores, também. Criou-se uma fantasia, no imaginário das pessoas, em relação às crianças especiais. A verdade é que, por algumas terem feições físicas que fogem do padrão social, ou por terem atos inesperados, as pessoas sentem-se inseguras em como reagir naturalmente, preferindo, na dúvida, se distanciar. De alguma forma, é compreensível, mas se eu pudesse dar um conselho, daria um só: entregue-se a elas.
Depois de alguns anos trabalhando com dificuldades de aprendizagem em crianças com as mais diversas características, muitas com quadros de patologias neurológicas ou psicopatias, posso afirmar que não existem pessoas mais especiais do que “os especiais”. E procure um deles se você quiser aulas de resiliência ou quiser aprender como se tornar uma fortaleza motivada diante de quaisquer dificuldades. Uma criança que não caminha estará sempre tentando dar os primeiros passos, custe o que custar. Aquela que não fala verbalmente (porque fala com o coração) estará sempre arriscando novos sons e modos diferentes de se comunicar. Aquela que tem dificuldade em controlar suas emoções fará esforços intensos e internos para fazer com que os outros a compreendam e a amem mesmo assim. E, em geral, elas são muito amadas por quem se permite aproximar delas.
Sobre a forma de viabilizar a verdadeira inclusão, não tenho a resposta e não sei se alguém a tem. Podemos pensar várias e urgentes medidas para as redes pública e privada de ensino, o que já seria ótimo. Mas um bom começo seria a gente decidir parar de olhar para as diferenças dos outros e enxergar as nossas próprias. Olhar para dentro de nós, para depois romper com a aparente segurança e descobrir o outro. Afinal, qualquer vida é um milagre em si. Nesse momento, talvez possamos pensar em evolução.
http://www.webartigos.com/articles/14768/1/Educacao-e-Criancas-Especiais/pagina1.html#ixzz1TC8Ddc6v
Nenhum comentário:
Postar um comentário