Saudade... Por diversas vezes pensei nesta palavra como sendo das mais melodiosas e bonitas de nossa língua.
Saudade é um sentimento que aperta o coração por resgatar as coisas boas e significativas e que não voltam mais. Porém, ela aparece na maioria das vezes num momento em que estamos meio enfraquecidos, num momento de insatisfação, de algo que não está bem.
Senti saudades de minha infância, quando passei por situações em que eu precisava crescer; por situações em que precisava ser forte, ter meus filhos, ser madura.
Sinto saudades dos períodos em que fui protegida, que não precisava tomar decisões; quando ainda não me dava conta de que a vida apronta e nos coloca diante do desconhecido. Sinto saudades da minha infância; nela, ainda não sabia o que significava finitude.
Sinto saudades da época em que não conhecia as maldades do mundo, das violências, dos fracassos, das culpas ou dos remorsos. Saudades dos que me deixaram e partiram! Ficando em mim parte deles...
Sinto saudades da minha inocência. Ser adulta é bom, é a fase da liberdade, mas com toneladas de responsabilidades. Somos responsáveis por outras vidas que formamos.
Mas agora o momento é ter metas e sonhos que se direcionem neste presente, talvez pela objetividade que tenho de ter, pelo tempo que não é mais uma eternidade.
Sinto que viver de lembranças faz um rebuliço no presente: nos prende e nos atrasa. Nos reporta apenas a uma vida que não volta mais.
O que mais ouço, são lamúrias ditas pelos descontentes que passam se lastimando da educação que receberam, do que não tiveram, do filho preferido que não foram e dos beliscões que levaram da própria vida.
Não conseguem excluir, acrescentar ou modificar nada. Vivem amargurados e presos. O processo de cicatrização não se concretiza; o passado está tão ativo que não permite uma vida plena, mesmo em meio à tempestade.
O mundo é este aqui, nesta sociedade cada vez mais doente, cheio de gente enlouquecida rolando suas neuroses. E ter vivido ontem como hoje, é batalha, é guerra, é superação. É coragem.
Que minhas saudades se acalmem e que calem; que me deixem viver na parte que me cabe neste louco latifúndio.
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