JUSTIFICATIVA
Os brinquedos de hoje não exigem tanto o imaginário das crianças. Elas se fecham em seu mundo eletrônico e se acomodam para brincar, pois, os brinquedos não exigem deles maiores esforços, criatividade e gosto pelo brincar. Exigem por outro lado competição, o que está interferindo no comportamento da maioria das crianças. Elas estão se tornando agitadas, agressivas e competidoras.
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato da criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons, e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção e a imaginação. Amadurecem algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e experimentação de regras e papeis sociais.
Ao brincar de faz-de-conta, as crianças buscam imitar, imaginar, representar e comunicar de uma forma específica que uma coisa pode ser outra, que uma pessoa pode ser uma personagem, que uma criança pode ser um objeto ou um animal, que um lugar pode ser outro. Brincar, é assim, um espaço no qual se pode observar a coordenação das experiências prévias das crianças e aquilo que os objetos manipulados sugerem ou provocam no momento presente.
Brincar constitui-se, desta forma, em uma atividade interna das crianças, baseada no desenvolvimento da imaginação e na interpretação da realidade, sem ser ilusão ou mentira.
A brincadeira faz com que a criança construa sua realidade, e perceba a possibilidade de mudança na sociedade, na qual ela faz parte. Existe uma compreensão do mundo e das atitudes humanas.
O brinquedo, visto como objeto, suporte da brincadeira, permite a criança criar,
imaginar e representar a realidade e as experiências por ela adquiridas.
Segundo Kishimoto, citado por Santos (1999, p. 24) “...um dos objetivos do brinquedo é dar a criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipula-las”. Desta forma, o brinquedo é visto como representação das experiências, da realidade que a criança faz parte.
Uma das características principais do brinquedo.
Além disso, o brinquedo é visto como um fruto da imaginação. E através dele que a
criança pode tornar o mundo imaginário que ele criou.
Vygotsky (1989) afirma que:
“é enorme a influencia do brinquedo no desenvolvimento de uma criança...
é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera”.
Do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade. Sabe-seque a característica que define o ser humano é a razão e a emoção, mas foi a racionalidade que perdurou durante séculos como instrumento de autodeterminação da pessoa e proclamada como a sua especificidade, em detrimento da emoção.
Do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como a forma mais pura de inserção da criança na sociedade. Se o conhecimento social é a base sobre a qual os grupos sociais chegam a um acordo a respeito das convenções estabelecidas pelo próprio grupo, os valores, crenças, hábitos, e modos de produção são conhecimentos assimilados pela criança através da brincadeira e do uso do objeto brinquedo, que é produzido pelo homem e colocado a disposição da criança.
Do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento; pois na formação da personalidade, nas motivações, as interações criança/família e criança/sociedade estão associadas aos efeitos do brincar.
Do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centrados na busca do “eu”. É uma busca constante para descobrir algo novo. É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se brinca com as imagens, símbolos, signos. A criança que é estimulada a brincar com liberdade terá grandes possibilidades de se transformar num adulto criativo.
Do ponto de vista psicoterapeutico o brincar tem a função de entender a criança nos seus processos de crescimento e de remoção dos bloqueios do desenvolvimento, que se tornam evidentes. O brincar é universal, é a própria saúde, facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais. É uma forma de comunicação consigo mesma e com os outros, por si só é uma terapia.
Do ponto de vista pedagógico o brincar tem-se revelado como uma estratégia
poderosa, para a criança aprender.
Por que brincar?
Brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Brincar é coisa séria porque na brincadeira não há trapaça, há sinceridade, engajamento voluntário e doação. Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções e nossa necessidade de conhecer e reinventar.
É brincando que a criança mergulha na vida, sentindo-as nas dimensões de suas possibilidades. A brincadeira espontânea proporciona oportunidades de transferências significativas que resgatam situações conflituosas.
Sugestões de brincadeiras
Cata-vento:
Para crianças de dois a cinco anos.
Objetivos: desenvolver a curiosidade, perceber os fenômenos da natureza e a mistura de
cores gerada pelo movimento.
Descrição: o cata-vento é próprio para brincadeiras ao ar livre.
Material: palito de churrasco, vareta, taquara, cartolina colorida, caneta hidrocor ou tinta
guache, prego ou percevejo.
Confecção: selecione uma vareta. Corte um quadrado de cartolina (10cm x 10cm), traçar
linhas retas unindo todos os cantos e marcando o centro, formando assim quatro triângulos. Pintar cada triângulo de uma cor. Cortar o quadrado pelas linhas até 2cm antes de chegar ao centro. Unir, alternamente, os extremos dos triângulos ao centro e pregar com percevejo ou prego na vareta.
Como brincar: entregar o cata-vento para a criança e incentivá-la a correr para observar
o brinquedo girar.
O baú de roupas
Para crianças de 2 a 7 anos.
Objetivos: desenvolver a imaginação e o “faz-de-conta”.
Desenvolvimento: as crianças retiram do baú roupas e acessórios de adultos. Cada
criança veste a roupa escolhida. Organize um desfile de modas ou faça com que ela dramatize situações. Os menores podem apenas se fantasiar. Não esqueça de levá-los até o espelho para se enxergarem, pois terão reações diversas, como: medo, alegria, estranheza. Converse sobre tais sentimentos. Caso a criança comece a chorar retire a fantasia.
Jogo de boliche
Para crianças de 2 a 7 anos.
Objetivos: desenvolver a percepção visuo-motora.
Materiais: as crianças precisarão de 6 a 10 garrafas pet limpas. Coloquem no fundo das
garrafas uma porção de areia. Rasguem papel colorido e também coloquem dentro das
garrafas. Fechem as garrafas. Confeccionem uma bola de meia ou jornal.
Desenvolvimento: agrupem as garrafas e a uma distância de 2 metros joguem a bola.
Vejam quantas garrafas foram derrubadas. Ganha o jogo quem derrubar mais garrafas.
Por que brinquedos?
“Os brinquedos são meios intermediários entre a realidade da vida que a criança não
pode abarcar e a sua natural fragilidade.” (SEGUIN)
O brinquedo é um convite ao brincar, porque facilita e enriquece a brincadeira,
proporcionando desafio e motivação.
Ao ver o brinquedo, a criança é tocada pela sua proposta; reconhece umas coisas, descobre outras, experimenta e reinventa; analisa, compara e cria. Sua imaginação se desenvolve e suas habilidades também. Enriquecendo seu mundo interior, tem mais coisas a comunicar e pode, cada vez mais, participar do mundo que a cerca.
Brinquedos que podem ser construídos de acordo com a faixa etária
0 a 3 meses:
Móbile visual;
Bracelete sonoro;
Chocalho;
Rolo de espuma.
4 a 6 meses:
Móbile sonoro;
Espelho;
Cinturão de berço;
Rolo de espuma.
7 a 12 meses:
Tapete das sensações;
Minitúnel;
Torre simples;
Encaixe;
Rolo de espuma.
1 a 2 anos:
Caleidoscópio;
Percursos motores;
Brinquedo de puxar;
Livro de pano;
Fantoche de dedo;
Revista.
2 a 3 anos:
Casinha de boneca;
Baú da fantasia;
Boneca de pano;
Memória tátil;
Memória visual;
Memória auditiva;
Memória de peso;
Baralho de imitação;
Quebra-cabeça;
Cada cor no seu lugar;
Dado do tempo;
Mundo colorido;
Cata-vento;
Saco surpresa.
AVALIAÇÃO
Através das construções dos brinquedos, debates sobre a importância do brincar no cotidiano das crianças, pesquisas sobre as diferentes brincadeiras, aprendemos que a medida em que a criança brinca, ela também trabalha o seu estado físico e psicológico. E as brincadeiras podem ser usadas também como auxílio na aprendizagem, onde a professora pode estar trabalhando assuntos diversos por meio de atividades lúdicas com seus alunos, deixando a aula mais interessante. E enquanto as crianças estarão se divertindo, sem perceber, também estarão aprendendo determinados assuntos mais facilmente. Além disso, as brincadeiras lúdicas tornam a criança mais disposta, atenciosa e dinâmica, fazendo florescer nela a criatividade.
Por meio deste projeto, também concluímos que as sucatas, com a ajuda da nossa criatividade, podem ser muito úteis para a construção de brinquedos diversos, que poderão ser usados pelas crianças em suas brincadeiras. E ao mesmo tempo, estarão colaborando muito na preservação do meio ambiente.
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