O Palhaço que Chorava
Marlene B. Cerviglieri
Não havia nada mais engraçado para mim do que ver o palhaço lá no circo dando piruetas e fazendo graça!
Ah como gostava de ir ao circo, tudo era muito divertido.
Começava já na entrada na fila para comprar a pipoca.
Tinha de todas as cores e isso me encantava.
Ficava cismando como seriam os pés de milho de todas as cores.
Minha inocência ia além e tinha pena da mulher barbada e dos anões também.
Neste dia, que era um domingo fomos para o circo, eu meu irmão maior e meus dois primos.
Eles haviam chegado para passar as férias conosco. Estavam ansiosos para ir ver os palhaços de tanto que eu falava neles O espetáculo foi lindo, os trapezistas no alto dava arrepios...
Foram feitas todas as apresentações, mas percebi que faltava o meu palhaço preferido!
Quando saímos do circo, fui até a bilheteria e perguntei para a moça o que havia acontecido?
Ela ficou surpresa e disse-me como eu sabia?
Sabia o que?
Ora sobre o palhaço Mequetrefe!
Não sei nada disse eu, apenas não o vi no espetáculo e como gosto muito dele...
Bem vá até aquele trailer que ele mora lá e saberá o que aconteceu.
Fomos todos embora meu irmão achasse perda de tempo.
Ora bolas ir atrás de um palhaço, mas foi comigo mais meus dois primos.
Bati na porta e uma menina abriu.
Eu queria falar com o Mequetrefe disse eu, meio acanhado.
Entre disse ela.
Para meu espanto todos os outros palhaços estavam lá.
Veio até mim um senhor de meia idade, com os olhos inchados e vermelhos.
Chorava? Pensei eu?
O que deseja menino?
É que não vi o senhor no espetáculo e gosto muito de suas brincadeiras, disse eu.
Meu filho agradeço e muito você ter vindo até aqui, mas hoje não pude fazer o espetáculo.
Não arrisquei perguntar por que, fiquei com vergonha.
Mas quando já ia me despedindo, ele se dirigiu a mim e disse-me:
-Menino, palhaços também choram.
E com os olhos cheios de lágrimas contou-me.
-Hoje logo cedo recebi a noticia que meu filho mais velho havia ido para o céu ao encontro de seu Deus.
Para mim foi tão triste, e chorei muito.
Agora estou bem melhor, pois todos nós teremos que ir um dia.
Não se sabe qual mas iremos, portanto não conseguiria transmitir alegria para vocês pois meu coração esta muito triste ainda.
-Fiquei tão emocionado que o abracei calorosamente como se fosse um parente meu.
Voltamos para casa e vinha pensando.
É palhaço também chora!
Ora bolas todos nós também.
Chorar como diz minha mãe faz bem!
Você coloca toda a dor que esta sentindo para fora
Sempre fiz assim e me sinto melhor depois.
Quase voltei lá para falar com ele novamente, mas pensei;
-Palhaço também chora, ele sabe das coisas.
O Gnomo Azul
Marlene B. Cerviglieri
Estávamos todos os quatro na varanda maior da casa.
Era também uma espécie de estufa cheia de plantas que meus avós cuidavam com muito carinho.
A casa era toda rodeada por árvores frondosas e até com flores.
Podia-se sentir o perfume delas e muitos pássaros moravam nelas.
Sempre gostei demais deste lugar. A natureza toda me fascinava.
Gostava de ficar olhando o céu no seu azul infinito comparando-o ao verde ao redor de nós.
Nesta varanda havia uma mesa retangular e era lá que estávamos montando um quebra cabeça muito grande.
As peças eram todas de madeira e pesadas. O motivo era uma linda e enorme montanha arredondada com curvas lindas e cheia também de arvores.
Ao redor corria um riacho tênue, mas lindo de se ver, pois tinha uma cor prata e brilhante. Claro que era a tinta que haviam pintado.Mas assim mesmo era muito lindo!
Todos concentrados no tabuleiro enorme, dividimos o trabalho em partes quase iguais.
Assim distraídos no trabalho nem percebemos quando o gnomo apareceu...
Fui eu o primeiro a ver, e quase que num sussurro chamei a atenção de meus amigos.
-Veja gente, um gnomo!
Saltitava entre as plantas e era muito pequeno eu diria que tinha mais ou menos uns 70 centímetros .
Como era lindo e todo azul!
Ele brincava e corria entre as plantas sem nem se incomodar com nossa presença!
Mas eis que de repente pulou em nosso tabuleiro...
Que susto!
Mas a risadinha dele nos deu coragem e paramos o que estávamos fazendo.
Daí que ele num salto e rapidamente colocou varias peças no lugar.
Ria e ia pulando.
Quando chegou à parte do riacho então, lavou as mãos bebeu água!
Não sabíamos o que fazer estava acontecendo bem ali na nossa frente!
Foi quando meus avós vieram nos chamar para o lanche da tarde, que conseguimos sair daquele estado de dormência.
Ele sumiu rapidamente como apareceu.
Fomos para a cozinha tomar nosso lanche Só mesmo bem mais tarde voltamos a falar do gnomo azul.
Tínhamos certeza que havíamos visto.
Guardamos segredo e não falamos para ninguém.
É, sempre que criança vê alguma coisa diferente, nos dizem para esquecer.
Nunca esqueceremos o Gnomo Azul que um dia apareceu para nós.
E você já viu algum?
Procure nos jardins é onde gostam de ficar, eu creio até que moram lá.
Voltamos a montar o quebra cabeça e de vez em quando ríamos em silêncio compartilhando o nosso segredo.
Gostei muito de ver e quem sabe um dia voltarei a vê-lo!
O Gnomo Azul!
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