CONVERSA DAS MOCHILAS
Marlene B. Cerviglieri
No cantinho do quarto ela estava encostada e parecia bem triste. Vamos ouvir seus pensamentos: Eu era uma mochila linda toda enfeitada sempre com mil selinhos brilhando, brilhando... Agora estou aqui encostada sabe lá o que vão fazer comigo! Ajudei tanto andei nas costas de meu amiguinho, levei alguns chutes de outros malcriados da sala, mas eu era feliz.
-Assim estava pensando a pobre mochila ali no cantinho.
Na outra parte da casa, no escritório dos pais de Pedrinho a mãe já preparava o material escolar para o ano que se iniciaria em poucos dias.
-Pedrinho meu filho, você escolheu a mochila certa é bem grande e dá para colocar no carrinho não precisará por nas costas!
-Sim mamãe, também gostei tenho muito carinho pela minha velha mochila. Foram dois ou mais anos juntos e ela não pesava tanto assim.
Dizendo isto voltou para seu quarto e pegou a mochila.
-Minha querida amiga, sei que você não fala que é um objeto, mas estou triste de ter que encostar você.
-Sabe, preciso de mais espaço tenho mais livros e cadernos a cada ano que passa.
-Meu amigo o que farei com você, não quero que fique aqui sem fazer nada!
Sentou-se em sua cama e adormeceu. Sonhando que estava em uma escola pequena cheia de crianças e a maioria não tinha nem cadernos para escrever... livros então era coisa rara! Andou pelas salas de aula e os lápis eram emprestados dia a dia! Escreviam em folhas que as professoras davam! Chegou à hora de lanche e o que iriam comer? Assustado assim, acordou de repente. Foi então que a idéia veio.
Já sei o que vou fazer. Abriu todas as gavetas e foi retirando tudo que tinha em dobro e o que não precisaria também. No Natal havia ganhado lápis de cores, canetas alguns livros de historias, cadernos grandes e bonitos enfim muita coisa. Foi até o escritório e disse à mãe que gostaria de dar todo material extra que tinha para alguma escola que precisasse.
-Que idéia maravilhosa disse à mãe que era uma pessoa de muito bom coração também.
-Faça isso meu filho você tem tanto e se precisar de mais poderemos mos comprar, já as escolas não podem estar oferecendo de tudo para as crianças.
Assim foi, voltou para seu quarto e pegou tudo até aquele tênis que estava no gaiteiro guardado para que, perguntou a si mesmo? Chegou à hora da mochila. Pegou-a e levou até o escritório.
-Veja minha velha amiga, aqui esta a que vai me ajudar daqui para frente.
Encostou uma mochila na outra e foi atender a campainha da porta. Conversa das mochilas:
Oi, você é muito bonita toda colorida e bem grande.
Você também ainda esta muito bem.
Sabe que bom que estamos juntas, preciso de uns conselhos teus.
Meus?
É. Quero saber como vai ser minha vida de agora em diante e você já sabe, já passou por isso.
A velha mochila ficou toda contente e foi logo respondendo
-Bem você será a amiga numero um de Pedrinho fique sempre junto dele, é um menino cuidadoso e vai cuidar de você direitinho como cuidou de mim. Andei muito nas costas dele, mas você já ganhou um carrinho assim o peso não será tanto para ele.
-Ah, muito obrigado pelas palavras gentis.
Eis que Pedrinho volta dirige-se para a velha mochila e diz:
-Pronto minha velha mochila você vai ajudar outra pessoa agora, é uma menina muito boazinha que precisa muito de você.
-Entre Laurinha, veja aqui esta tua mochila agora.
A menina abraçou a mochilinha e saiu toda contente. E assim se alegraram três corações, de Pedrinho, de Laurinha e da mochilinha também.
Você pensa que ela não ficou contente! Ficou sim, que tal seguir o exemplo e ajudar os que estão precisando das coisinhas que você tem até demais!
Você não sabe, mas na fila das mochilas há muita conversa...
Feliz retorno às aulas.
Um abraço. MBC
O Calendário mágico
Marlene B. Cerviglieri
O Calendário fixado ali naquele mural era bem grande. Fiquei olhando e então comecei a ver tudo se movimentando! O Calendário era a casinha dos meses do ano! Cada um de uma cor com suas atividades lindas e explicativas. Entrei na primeira casinha que era a de Janeiro! Vi mar praia e até montanhas, representando as férias que estavam começando, algumas datas comemorativas como aniversário de São Paulo. Um mês de reunião de famílias e muitos passeios.
Ao seu lado pequenino em comparação com as outras, estava a casinha de Fevereiro! Ah este eu conhecia, o retorno às aulas, o encontro com meus colegas e também o carnaval. Mas a casinha ao lado era grande, de Março, onde mudaria a estação o Outono viria.Muita data, Dia da Poesia, do Circo Dia da Mulher, puxa é um mês bem grande.
Já chegamos à casinha de Abril!Quanta comemoração... e a Páscoa chegou.Dia do índio e de Monteiro Lobato e, o descobrimento do Brasil, Tiradentes e Dia do Livro Infantil também. Na casa de Maio, já no primeiro dia tem festa, Dia do trabalho, e este mês é o Dia das Mães. Vamos fazer uma festa!
Nem percebi e já estou na metade do Calendário, parece que comecei agorinha mesmo. Veja lá a casinha de Junho com suas festas juninas e finalmente chegamos à casa de Julho Oba férias novamente!
Continuando entramos em Agosto Dia dos Pais não vamos esquecer Folclore também e do Soldado valente. Ah mas que casa linda cheia de flores, é Setembro com sua Primavera, Dia da Pátria da Arvore do Idoso, mas que mês florido e cheio de coisas alegres.
Nesta casa que é bem grande também vemos o Outubro, Nosso dia Crianças. Dia dos professores Dia do Médico, é estamos chegando ao fim do calendário.
Chegamos a Novembro com seus dias de chuva, Finados Dia da república, da Bandeira da Música, e o inicio da montagem para Natal...
Chegou Dezembro, Dia da Justiça, dos Direitos Humanos, encerramento do ano com muita alegria. Natal, e começaremos tudo novamente.Perceberam porque o calendário é mágico!
Vamos ver novamente?
Abraço
MBC
O Príncipe e a Fada.
Marlene B. Cerviglieri
Era uma vez num lugar muito distante, onde havia duas famílias que moravam em seus majestosos castelos.
Uma delas tinha um filho de nome Artur que era o Príncipe herdeiro, pois não tinha mais irmãos.
No outro castelo, morava a linda princesa Dara que também não tinha irmãos.
As duas famílias se conheciam e faziam muito gosto que os dois casassem e continuassem com o reino.
Desde crianças eles brincavam juntos, nadavam e até aprendiam com os mesmos professores.
O Príncipe Artur era muito lindo, tinha os cabelos todos encara coladinhos em cachos que mais pareciam ouro. Seus olhos eram muito azuis e sua pele branquinha como leite.
Tinha um bom coração e gostava muito de ajudar a todos.
Já Dara era uma verdadeira bonequinha.
Tinha os cabelos longos lisos e dourados. Sua pele era também branquinha mas suas faces eram da cor da maça.
Seus olhinhos tinham um brilho intenso, e eram bem escuros dando-lhe um olhar de mistério!
Dara era uma menina muito educada, sabia dizer muito obrigado e, por favor, a todos, mesmo seus criados. Adorava seus avós e os tratava com muito carinho.
Era querida por todos pelas suas boas maneiras.
Sempre abria a porta para os mais velhos, comia de boca fechada, gostava de tudo e muito de frutas e saladas por isso tinha a pela tão bonita!
Neste mesmo reino, vivia quietinha uma Fada que tinha a mesma idade dos dois.
Ela tinha um grande segredo bem guardadinho no fundo de seu coração.
Adorava o príncipe Artur e gostaria muito mesmo de se casar com ele!
Mas como? Se era uma Fada...
Dizem que Fadas não casam, será verdade?
Bem, com este segredo guardado há muito tempo já, um dia resolveu contá-lo para a Princesa Dara.
Estavam as duas sentadas no banco do jardim em meio a muitas flores e pássaros que ali cantavam muito naquele dia.
-Porque será que os pássaros estão cantando tanto hoje?
Perguntou Dara.
-É porque é a estação das flores e eles procuram lugares para fazerem seus novos ninhos, disse a Fada.
Mas como se chama esta estação mesmo?
Primavera, respondeu a Fada.
Depois virá o Verão e poderemos passear muito não é?
É mesmo! Disse Dara.
Depois as folhas começam a cair e vem o Outono e então chega o frio no Inverno.
-Isso mesmo Dara vejo que sabe das coisas. Se você fosse se casar como os pássaros, casaria na Primavera?
-Não sei não, mas acho que sim.
-E você Fada?
Bem eu... e ficou calada por um tempo.
-Diga lá o que for Fada saberei ouvi-la.
Dara vou contar-te um segredo.
Conhecemos-nos desde pequeninas e te quero muito bem.
-Somos até parecidas não é mesmo?
-Diga o que é?
-Se eu fosse me casar gostaria de fazê-lo nesta estação Primavera.
Só que com o Príncipe Artur...
Ficou esperando a reação de Dara.
De Artur? Fada.
Sim sempre gostei muito dele. e sei que esta prometido para você.
Pode até ser, mas quem te disse que gostaria de me casar com ele?
-Não?
Não, gosto muito dele como se fosse meu irmão, mas para casar não.
As duas começaram a rir bastante.
Já sei como vamos fazer disse Dara.
Somos parecidas demais não é mesmo?
Pois bem, você tem poderes para se tornar eu, e eu você!
A idéia é muito boa, mas e Artur?
Será que ele aceitará a troca?
Que troca minha Fada? Não estamos com nada marcado, somente o gosto de nossos pais.
E você estaria de acordo em trocarmos?
Claro, vamos conversar com Artur primeiro.
E assim o fizeram.
Na verdade ele sempre gostou muito da Fada e muito de Dara, mas não para casar.
Ficou até envaidecido com o que elas lhe propuseram.
Mas disse:
Não posso aceitar, nunca menti e não será agora que irei enganar meus pais.
A mentira acaba sempre aparecendo, dizer a verdade sempre é meu lema mesmo que doa para alguns.
Às vezes precisamos machucar para melhorar. Não farei isso, e pode ficar tranqüila que na época certa falarei com meus pais.
Tenho interesse em conhecer outros reinos, outros povos para poder aprender mais.
Aprender sempre se faz necessário, pois não sabemos nada!
As duas ficaram caladinhas com a lição do Príncipe, e entenderam que ele tinha razão.
Enganar, mentir! Não leva a nada e você acaba ficando triste com você mesmo
Pois sabe como conseguiu e de que forma. seja sincero sempre.
Hei, Hei acordem meninas!
Vão acabar caindo do banco, dormiram sentadas?
É acho que foi, responderam as duas.
Sonharam... é acho que não passou disso.
Mas deu para aprender alguma coisa não é mesmo?
Abraço
MBC.
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