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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O verdadeiro amor

O verdadeiro amor

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Duas classes de amor pode o coração do ser humano conter: o comum e o verdadeiro.

O primeiro caracteriza-se por ser fogoso, impulsivo, cheio de violência. Tão logo desperta, giram os instintos; surge o desejo de posse, atormentando o coração e fazendo-o padecer o sofrimento de uma constante amargura. Os ciúmes, o egoísmo e as exigências perturbam constantemente a ação mental, e pouco a pouco a vontade se inverte e uma nova adversária surge no cenário interno: a ansiedade, que priva do sono. Sobrevém o casamento, e, ao se restabelecer o equilíbrio pela prodigalidade com que são tratados os elementos inferiores, desaparecem as ternuras do sentimento.

Ao contrário, o outro amor, o verdadeiro, é aquele que não ofusca a mente. É aquele que, sem nos defraudar nunca, oferece a possibilidade de alcançarmos a felicidade.
O verdadeiro amor não se expressa com palavras ocas,
cheias de sonoridade para impressionar e cativar,
mas sim com a eloquência do silêncio
 Esse amor jamais se expressa com palavras, em fingidas expressões de doçura, e sim vive no coração, sem contaminar-se com a atmosfera externa.

O verdadeiro amor é aquele que vive sempre em seu mundo, trabalhando em silêncio para o bem, pelo bem mesmo. Sem ele não seria possível conceber as belezas e encantos de tão sublimes manifestações do sentir humano.

Isso nos faz compreender, sem equívocos, que o amor verdadeiro é mais humano que aquele que é denominado assim, e que o mal chamado amor humano não é outra coisa que a expressão de sentimentos externos ao coração; amor que num instante pode se transformar em ódio, ao mero desencanto das presunções egoístas desse mesmo sentimento exterior.

E para que esse amor fresco e puro que se sente um pelo outro, perdure, sem que se debilite jamais, duas coisas são indispensáveis: a primeira é o afeto, que, menos impulsivo que a paixão, as­segura seu arraigamento, já que, se bem seja certo que a paixão infunde vida ao amor, o afeto é chamado a preservá-lo e conservá-lo. A outra, a segunda, tão indispensável quanto a primeira, é nossa dignificação aos olhos do ser querido. Esta só se consegue por meio dos esforços e das preocupações pelo bem-estar da família, e alcança sua máxima expressão quando nos elevamos, numa superação constante, acima da vulgaridade.

Em tais condições, sem dúvida se desfrutam prerrogativas muito maiores que as comuns, traduzidas num aumento considerável da capacidade mental, que habilitará, ao mesmo tempo, para a tarefa de enriquecer progressivamente a vida e enchê-la de felicidade. Isto é algo que se pode e deve fazer, seja qual for nossa idade e estado, uma vez que a maior preparo e conhecimento corresponderá maior bem-estar, e teremos mais em mãos, também, os fios de nosso destino. 
Trechos extraídos dos livros Intermédio Logosófico, p. 95, e O Senhor de Sándara, p. 214

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