JUSTIFICATIVA:
Garantir que as crianças efetivamente aprendam a ler e escrever assim que entram na escola é o grande desafio do professor alfabetizador.
Justifica-se o presente projeto.
Alfabetizar é todo dia
O professor deve planejar com antecedência e constantemente as atividades de leitura e escrita. Por isso, manter-se atualizado com as novas pesquisas didáticas é essencial
Thales de Menezes (novaescola@atleitor.com.br)Colaborou Nina Pavan. Leitoras que sugeriram o especial: Rosany Dutra, Timóteo, MG, e Magda Cecília Arantes de Carvalho, Itapevi, SP
=== PARTE 1 ====
MÃO NA MASSA As crianças precisam ser confrontadas com situações de escrita desde o início do processo. Foto: Ricardo Beliel
Alfabetizar todos os alunos nas séries iniciais tem implicações em todo o desenvolvimento deles nos anos seguintes. Segundo a educadora Telma Weisz, supervisora do Programa Ler e Escrever, da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, "a leitura e a escrita são o conteúdo central da escola e têm a função de incorporar a criança à cultura do grupo em que ela vive". Por isso, o desafio requer trabalho planejado, constante e diário, conhecimento sobre as teorias e atualização em relação a pesquisas sobre as didáticas específicas.
Esta edição especial traz o que há de mais consistente na área. Hoje se sabe que as crianças constroem simultaneamente conhecimentos sobre a escrita e a linguagem que se escreve. Conhecer as políticas públicas de Educação no país e seus instrumentos de avaliação é um meio de direcionar o trabalho. Um exemplo é a Provinha Brasil, que avalia se as crianças dominam a escrita e também seus usos e funções. Para a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda e Silva, o grande mérito do teste de avaliação que mede as competências das crianças na fase inicial de alfabetização é fornecer instrumentos para o professor interpretar os resultados, além de sugerir práticas pedagógicas eficazes para alcançá-los. "É um material que ajuda o professor na reflexão porque nenhuma avaliação serve para nada quando se limita a constatar. Ela só faz sentido para mudar práticas e identificar as dificuldades de cada aluno.”
E não há tempo a perder. No início do ano, como agora, a tarefa essencial é descobrir quais as hipóteses de escrita das crianças, mesmo antes que saibam ler e escrever convencionalmente (leia mais sobre como fazer um bom diagnóstico). Assim, fica mais fácil acompanhar, durante o ano, a evolução individual para planejar as intervenções necessárias que permitam que todos efetivamente avancem. Essa sondagem inicial influi na distribuição da turma em grupos produtivos de trabalho, como mostra a reportagem Parceiros em Ação.
Da mesma forma, organizar a rotina é imprescindível. Uma distribuição de atividades deve ser estabelecida com antecedência, contemplando trabalhos diários, sequências com prazos determinados e projetos que durem várias semanas ou meses (confira dicas preciosas sobre o planejamento). Ao montar essa programação, cabe ao professor abrir espaço para as quatro situações didáticas que, segundo as pesquisas, são essenciais para o sucesso na alfabetização: ler para os alunos, fazer com que eles leiam mesmo antes de saber ler, assumir a função de escriba para textos que a turma produz oralmente e promover situações que permitam a cada um deles escrever até que todos dominem de fato o sistema de escrita. Nesta edição, você encontra as bases teóricas e casos reais de professoras que obtiveram sucesso ao desenvolver cada uma das situações (com sugestões detalhadas de atividades).
Sabe-se, já há algum tempo, que as crianças começam a pensar na escrita muito antes de ingressar na escola. Por isso, precisam ter a oportunidade de colocar em prática esse saber, o que deve ser feito em atividades que estimulem a reflexão sobre o sistema alfabético.
No livro Aprender a Ler e a Escrever, as educadoras Ana Teberosky e Teresa Colomer apontam que o desenvolvimento do aluno se dá “por reconstruções de conhecimentos anteriores, que dão lugar a novos saberes”. Essa condição está presente nos 12 planos de aula deste especial. Em todos, transparece a necessidade de abrir espaço para que a turma debata o que produz, permitindo que a reflexão leve a avanços nas hipóteses iniciais de cada estudante.
É fundamental levar para a escola as muitas fontes de texto que nos cercam no cotidiano, como livros, revistas, jornais, gibis, enciclopédias etc. Variedade é realmente fundamental para os alfabetizadores, que devem ainda abordar todos os gêneros de escrita (textos informativos, listas, contos e muito mais). E, nas atividades de produção de texto, a intervenção do professor é vital para negociar a passagem da linguagem oral, mais informal, à linguagem escrita.
O número do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), de 2007, mostra que só 28% da população brasileira está na condição de alfabetizados plenos. Para impedir que mais pessoas fiquem restritas a compreender apenas enunciados simples, o desempenho escolar nos anos iniciais precisa de resultados melhores. Essa preocupação deve ser compartilhada por professores e órgãos públicos. “O governo está fazendo uma intervenção específica nas séries iniciais para ter resultados rapidamente, com dois docentes por sala, material didático de apoio, formação continuada e avaliação bimestral”, afirma Maria Helena Guimarães de Castro, secretária estadual de Educação de São Paulo.
As principais redes de ensino do país, como a estadual e a municipal de São Paulo, trabalham com a meta de alfabetizar as turmas em no máximo dois anos. Para garantir que essas expectativas de aprendizagem sejam atingidas, é preciso um compromisso dos coordenadores pedagógicos em utilizar os horários de trabalho coletivo para afinar a capacitação das equipes. “Pesquisas, debates e orientações curriculares têm de ser incentivados”, sugere Célia Maria Carolino Pires, que coordenou em 2008 o Programa de Orientações Curriculares da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Nas próximas páginas, você confere uma lista, adaptada por NOVA ESCOLA, de expectativas de aprendizagem em Língua Portuguesa para o 1º e o 2º ano da rede municipal paulistana. Com base nela, você pode adequar suas propostas de trabalho e fazer com que, em 2009, nenhum aluno da turma fique para trás. Pois superar os desafios da alfabetização é apenas o primeiro passo para que todos tenham uma vida escolar cheia de aprendizagens cada vez mais significativas.
Nomes próprios
Bloco de Conteúdo
Língua Portuguesa
ConteúdoProdução de Textos
Mais sobre Alfabetização
Animação
Vídeos
Reportagens
Legendas para fotos
Bloco de Conteúdo Língua Portuguesa ConteúdoProdução de TextosMais sobre AlfabetizaçãoReportagens Planos de aula- Nomes próprios
- Hora da chamada
Hora da chamada
Faixa etária 4 e 5 anos ConteúdoLinguagem oral, leitura e escritaObjetivos • Realizar a leitura do próprio nome e do de alguns colegas. • Reconhecer as letras. • Escrever o próprio nome. Tempo estimado Até que todos aprendam a escrever seu nome e reconhecer o dos colegas. Material necessário Caixa de sapato, cartaz de pregas, fichas com o nome das crianças, alfabeto (com letras maiúsculas e de fôrma) e letras móveis.Conteúdo relacionadoReportagens- Pequenos leitores
- Alfabetizar é todo dia
- O alfabeto não pode faltar
- Tudo sobre alfabetização inicial
- Bloco de Conteúdo Língua Portuguesa
- ConteúdoProdução de Textos
Mais sobre AlfabetizaçãoREPORTAGENS PLANOS DE AULA ESPECIAIS
Conteúdo
Leitura e escrita de nomes próprios
Ano 1º e 2º anos
Tempo estimado Um mês
Introdução
Por que trabalhar com os nomes próprios? As crianças que estão se alfabetizando podem e devem aprender muitas coisas a partir de um trabalho intencional com os nomes próprios da classe.
Leitura e escrita de nomes próprios
Ano 1º e 2º anos
Tempo estimado Um mês
Introdução
Por que trabalhar com os nomes próprios? As crianças que estão se alfabetizando podem e devem aprender muitas coisas a partir de um trabalho intencional com os nomes próprios da classe.
Objetivos - Diferenciar letras e desenhos.
- Diferenciar letras e números.
- Diferenciar letras umas das outras.
- A quantidade de letras usadas para escrever cada nome.
- Função da escrita dos nomes: para marcar trabalhos, identificar materiais, registrar a presença na sala de aula (função de memória da escrita) etc.
- Diferenciar letras e números.
- Diferenciar letras umas das outras.
- A quantidade de letras usadas para escrever cada nome.
- Função da escrita dos nomes: para marcar trabalhos, identificar materiais, registrar a presença na sala de aula (função de memória da escrita) etc.
Material necessárioFolhas de papel sulfite com os nomes das crianças da classe impressos, etiquetas de cartolina, folhas de papel craft e letras móveis.
Desenvolvimento 1ª etapaPeça que as crianças desenhem. Recolha as produções e questione os alunos como fazer para que se saiba a quem pertence cada material. Ouça as sugestões. Distribua etiquetas e peça que cada um escreva seu nome na sua presença. Chame a atenção para as letras usadas, a direção da escrita, a quantidade de letras etc.
Desenvolvimento 1ª etapaPeça que as crianças desenhem. Recolha as produções e questione os alunos como fazer para que se saiba a quem pertence cada material. Ouça as sugestões. Distribua etiquetas e peça que cada um escreva seu nome na sua presença. Chame a atenção para as letras usadas, a direção da escrita, a quantidade de letras etc.
Flexibilização para deficiência auditiva (perda auditiva parcial, tem oralidade e está em fase de alfabetização)Dê oportunidade de o aluno escrever da maneira que consegue.
2ª etapa Questione os alunos como os professores podem fazer para saber o nome da sala toda nos primeiros dias de aula. Ajude-os a concluir sobre a função do uso de crachás. Distribua
cartões com a escrita do nome de cada um que deverá ser copiado nos crachás. Priorize nesse momento a escrita com a letra de imprensa maiúscula (mais fácil de compreensão e reprodução pelo aluno).
cartões com a escrita do nome de cada um que deverá ser copiado nos crachás. Priorize nesse momento a escrita com a letra de imprensa maiúscula (mais fácil de compreensão e reprodução pelo aluno).
3ª etapa Lance para a classe o problema: como podemos fazer para não esquecer quem falta na aula? Apresente uma lista com todos os nomes da classe. Escreva todos os nomes com letra de imprensa maiúscula. Peça que localizem na lista da sala o próprio nome. O cartaz com essa lista pode ser grande e fixado em local visível. Disponibilize letras móveis e peça para cada um montar o próprio nome.
4ª etapa
Dê uma lista com todos os nomes da sala para cada criança. Dite um nome e peça que encontre sua escrita e o circule. Em seguida, peça a um aluno que escreva aquele nome na lousa. A turma deve conferir se circularam o nome certo. Para que essa atividade seja possível, é importante fornecer algumas ajudas. Diga a letra inicial e final, por exemplo.
Flexibilização para deficiência auditiva (perda auditiva parcial, tem oralidade e está em fase de alfabetização) Para o aluno saber melhor qual é o nome ditado, a professora pode pedir que cada aluno se levante quando seu nome for dito.
5ª etapa
Peça que as crianças digam o nome dos alunos ausentes e que façam circular esses nomes. Depois, peça para separarem a lista em duas colunas: nomes das meninas e nomes dos meninos. É importante chamar a atenção para a ordem alfabética utilizada nas listas. A nomeação das letras do alfabeto é fundamental para ajudar o aluno a buscar a letra que necessita para escrever. Em geral, as crianças chegam à escola sabendo “dizer” o alfabeto, ainda que não associando o nome da letra aos seus traçados. Aproveite esse conhecimento para que possam fazer a relação entre o nome da letra e o respectivo traçado.
Dê uma lista com todos os nomes da sala para cada criança. Dite um nome e peça que encontre sua escrita e o circule. Em seguida, peça a um aluno que escreva aquele nome na lousa. A turma deve conferir se circularam o nome certo. Para que essa atividade seja possível, é importante fornecer algumas ajudas. Diga a letra inicial e final, por exemplo.
Flexibilização para deficiência auditiva (perda auditiva parcial, tem oralidade e está em fase de alfabetização) Para o aluno saber melhor qual é o nome ditado, a professora pode pedir que cada aluno se levante quando seu nome for dito.
5ª etapa
Peça que as crianças digam o nome dos alunos ausentes e que façam circular esses nomes. Depois, peça para separarem a lista em duas colunas: nomes das meninas e nomes dos meninos. É importante chamar a atenção para a ordem alfabética utilizada nas listas. A nomeação das letras do alfabeto é fundamental para ajudar o aluno a buscar a letra que necessita para escrever. Em geral, as crianças chegam à escola sabendo “dizer” o alfabeto, ainda que não associando o nome da letra aos seus traçados. Aproveite esse conhecimento para que possam fazer a relação entre o nome da letra e o respectivo traçado.
Avaliação Observe se as crianças avançaram em suas hipóteses de escrita, ampliaram o repertório das relações que estabelecem, começam a interpretar a escrita durante e depois de sua produção e se pedem ou fornecem informações ao colega durante a realização das atividades.
O alfabeto não pode faltar
Ferramenta indispensável nas salas de séries iniciais, o alfabeto ajuda as crianças a tirar dúvidas sobre a grafia das letras com autonomia
Rodrigo Ratier (rodrigo.ratier@abril.com.br)
=== PARTE 1 ====
É ASSIM QUE SE FAZ Na EM Atenas, a turma consulta o alfabeto na parede para conferir a grafia correta das letras. Foto: Gilvan Barreto
Mais sobre Alfabetização
Reportagens
Planos de aula
ESPECIAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário