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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ALFABETIZANDO COM SUCESSO

ALFABETIZANDO COM SUCESSO 
Sabe-se, que a leitura e a escrita são instrumentos básicos para o ingresso e participação na sociedade letrada em que vivemos. São ferramentas para compreensão e realização da comunicação do homem na sociedade e chave para a apropriação dos saberes já conquistados. Por meio da alfabetização, o homem se torna um ser global, simbólico, social, enfim, um cidadão inserido na sociedade.
 Assim, pode-se concordar com CÓCCO e HAILER (1996:9) quando afirmam que: 
“Saber ler e escrever é condição necessária, desta forma, aprender a ler e a escrever é apropriar-se do código linguístico, é tornar-se um usuário da leitura e da escrita. Uma aprendizagem mecânica do ler e escrever, que não se apoie sobre ideias e conhecimentos adquiridos pela criança sobre a língua escrita, que não venha acompanhada de uma real compreensão dos usos e funções da linguagem, que não esteja sustentada em um interesse comum, em comunicar e compreender, é totalmente inútil  a participação na sociedade letrada em que vivemos. É pré-requisito para a cidadania”.
Pode-se perceber a partir do trecho acima que a alfabetização vai muito além do decifrado. A alfabetização é um processo de aprendizagem conceitual onde o sujeito emprega a sua lógica sobre a língua escrita para poder aprendê-la e entender o seu significado.
FERREIRO (1986) ainda afirma que:
 “Ler não é decifrar, escrever não é copiar”. A escrita da criança não resulta de uma simples cópia de um modelo, mas é um processo de construção, onde reinventam a escrita, no sentido de compreender seus processos de construção e suas normas de produção.
Ler e escrever são, de um lado, processos que envolvem o relacionamento entre símbolos escritos e unidades sonoras; mas, por outro, também são processos de construção de interpretação de textos escritos (leitura) e de expressão de idéias e de organização de pensamento (escrita).  Portanto, ler e escrever o seu próprio nome ou um simples bilhete, ou até mesmo, ler apenas para decifrar o que está escrito é muito pouco para uma sociedade letrada como a nossa. O cidadão que sabe ler é aquele que consegue dar sentido ao material a que tem acesso. É ler o mundo o tempo todo. Enfim, estar alfabetizado é dar compreensão e posicionamento crítico do material e da realidade vivida, sendo este, o conceito de letramento.

As fases da criança para a construção do pensamento em relação a língua escrita


No contexto escolar ainda é muito comum encontrarmos professores que ao perguntarmos como ocorre a aprendizagem da língua escrita respondem: “A criança vai juntando as sílabas e formando as palavras, de repente dá na criança um estalo e ela passa a ler e a escrever”. Na verdade, vemos que o que acontece não é nenhum sobrenatural e muito menos um estalo. Os estudos de Emilia Ferreiro e outros pesquisadores contribuíram para a prática pedagógica testando e organizando as concepções da criança sobre a linguagem, mostrando em seus estudos que a alfabetização é um longo processo, em que o aprendiz observa, estabelece relações, organiza, interioriza conceitos, reelabora, até chegar ao código alfabético.
Assim, da mesma forma em que todo o ser humano passa pela infância, adolescência até chegar a vida adulta, a criança para construir e reconstruir o código lingüístico apresenta fases ou níveis de desenvolvimento para a construção do pensamento em relação à linguagem escrita.


 Nível pré-silábico


A escrita é concebida como um desenho. Lê em gravuras, fotos e outros. Dividindo-se em duas fases:
Fase pictórica: fase caracterizada pelas garatujas, desenhos sem e com figuração.
Fase gráfica primitiva: são registros, símbolos e pseudoletras, onde letras e números são misturados. Nesta fase a criança questiona muito o adulto sobre as coisas que vê no meio que a cerca.
Fase pré-silábica: nesta fase propriamente dita a criança já difere as letras dos números, desenho e símbolos e já reconhece o papel das letras na escrita.


 Nível silábico


Nesta fase surge a tentativa de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõe uma escrita. É um período de maior importância evolutiva, pois é o surgimento do que Emilia Ferreiro denominou “hipótese silábica”, em que cada letra vale por uma sílaba.
A hipótese silábica pode aparecer com sinais distantes das letras do alfabeto ou aplicar-se a letras sem que se lhes atribua valores sonoros estáveis. Mas ainda nesse período, as letras começam a adquirir valores sonoros (silábicos) com certa estabilidade, estabelecendo-se uma correspondência com o eixo qualitativo: as partes sonoras semelhantes entre as palavras começam a se exprimir por letras semelhantes, o que também é fonte de conflito para a criança quando, por exemplo, produz uma mesma escrita (AO) para palavras diferentes tais como pato e gato.
O conflito entre as hipóteses internas – silábica e de quantidade – é resolvido “acrescentando” um numero maior de grafias que as previstas. Assim, as palavras dissílabas que deveriam ser escritas com duas letras passam a ter três, para atender a hipótese de quantidade mínima, mas conflita com o fato de uma das letras não ter uma emissão possível.
O nível silábico caracteriza-se, portanto, pelos aspectos que se seguem:

     .Vem o descobrir a silaba na fala (e não escrita) a criança sabe que a escrita vincula-se à pronúncia das partes da palavra (hipótese de que a silaba oral corresponde a uma letra);
  • Tem dificuldade para escrever monossílabos e dissílabos por entrar em conflito com a exigência da quantidade mínima de letras;
  • Na escrita de palavras tem a preocupação de não repetir letras;
  • Quando silábico convicto, usa para cada som que emite, uma letra. Não há sobras;
  • Pode ou não conhecer o valor sonoro convencional das letras e saber utilizá-las;
  • Pode misturar letra com número na escrita de palavras, apesar de diferenciá-las;
  • Lê apontando para cada letra;
  • Leitura silábica.
  • Fonte: http://www.projetospedagogicos.com


 
Karina Thetinski Rodrigues e Márcia de Oliveira Soares

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