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sábado, 13 de novembro de 2010

Óleo de rícino

Trinta anos atrás, uma senhora que sofria de reumatismo me contou ter sido tratada com óleo de rícino. Duas vezes por semana, ela ia ao consultório, e o médico perguntava: "Hoje a senhora prefere o vermelho ou o alaranjado?". Vermelha era a cor no pote que continha óleo de rícino com groselha; no outro, o óleo vinha misturado com essência de laranja, para disfarçar o gosto insuportável do purgativo.
Até aí, nenhuma novidade; em tantos anos de profissão, já vi os tratamentos mais estapafúrdios prescritos tanto por médicos tradicionais como pela autodenominada medicina alternativa; o curioso, nesse caso, é que a receita vinha de um renomado professor universitário, autor de um tratado de clínica médica adotado em várias faculdades. E, mais desconcertante: a senhora estava convencida de que, graças à ação do famigerado óleo, as dores entravam em períodos de acalmia.
Óleo de rícino é dotado de atividade anti-reumática? É muito pouco provável que seja, mas a medicina daquele tempo oferecia poucos recursos e não era baseada em evidências experimentais. Os médicos adotavam condutas e receitavam remédios com base em teorias jamais comprovadas cientificamente ou de acordo com idéias preconcebidas e experiências pessoais. Parte expressiva desse entulho do empirismo ainda se acotovela nas prateleiras das farmácias sob o rótulo de protetores do fígado, fortificantes, revitalizadores, complexos vitamínicos e de mirabolantes associações de panacéias que apregoam, no rádio e na TV, curar males tão diversos quanto falta de memória, fraqueza, irregularidades menstruais, gripes e doenças do fígado.
A explosão do conhecimento científico que revolucionou a forma de praticar medicina na segunda metade do século 20 implantou o paradigma de que qualquer tratamento médico só pode ser adotado depois de haver demonstrado eficácia estatisticamente significante em estudos conduzidos com absoluto rigor científico. A experiência pessoal ou de terceiros é importante para ajudar o médico a interpretar resultados e referendar ou não as conclusões tiradas nesses estudos, mas não é suficiente para substituí-los.
Por que a exigência desse rigor? Primeiro, porque as doenças evoluem de forma imprevisível: curas e recaídas podem suceder-se sem qualquer relação com o tratamento instituído. Segundo, porque cada organismo reage de acordo com suas idiossincrasias: o remédio que cura um pode matar outro. Terceiro, por causa da existência do efeito placebo, isto é, do alívio que o simples ato de ir ao médico e de tomar remédio pode trazer para algumas pessoas.
Mil anos atrás, Isaac Judaeus, médico de alta reputação no Egito, escreveu os seguintes aforismos:
* A maioria das doenças é curada pela natureza, sem ajuda do médico;
* Não confie em remédios que curam tudo, eles são fruto da ignorância e da superstição;
* Faça o paciente sentir que será curado, mesmo que você não esteja convencido, porque assim ajudará o esforço curativo da natureza.
O caso da vitamina C é um bom exemplo. Nos anos 1970, o cientista Linus Pauling lançou a idéia de que vitamina C em doses altas melhoraria a imunidade, preveniria gripes, resfriados e até câncer.
Por falta de apenas um, Pauling havia sido agraciado com dois prêmios Nobel: o de Química e o da Paz, mas entendia de medicina tanto quanto eu de pontes e de barragens. O resultado foi o uso indiscriminado de vitamina C, porque usuários contumazes que passam dois anos sem gripe atribuem à vitamina o poder protetor; quem teve um resfriado que foi embora em dois ou três dias, enquanto o do vizinho levou cinco, faz o mesmo.
O uso de vitamina C alardeado por Pauling ainda rende centenas de milhões de dólares em vendas anuais, mas não foi suficiente para livrá-lo do câncer de próstata no fim da vida nem demonstrou qualquer eficácia na prevenção ou tratamento de gripes e resfriados, em nenhum estudo realizado.
Agora vejam o caso da reposição hormonal, que alguns médicos defendiam estar indicada para todas as mulheres no climatério, porque os benefícios seriam inúmeros; entre eles, o de reduzir o número de ataques cardíacos, porque a reposição provoca aumento do colesterol HDL ("protetor") e diminuição do LDL ("o mau colesterol").
Então, os americanos publicaram em 2002 os resultados do mega-estudo conhecido como Women's Health Initiative (WHI), no qual 160 mil mulheres vinham sendo acompanhadas desde 1991. Para surpresa de todos nós, na comparação das mulheres que receberam reposição hormonal com as que tomaram comprimidos-placebo, ficou claro que as primeiras tiveram 28% a mais de ataques cardíacos, além de mais derrames cerebrais, tromboses e câncer de mama, mas a reposição reduziu o número de fraturas por osteoporose e, inesperadamente, a incidência de casos de câncer de intestino.
Não fosse esse estudo, quantos milhões de mulheres estariam recebendo reposição hormonal com a justificativa de reduzir o risco de doença cardiovascular?
Hoje, ao indicarmos a reposição, dispomos de dados para analisar vantagens e desvantagens naquele caso particular, e temos o dever de discuti-las com nossas pacientes, para que seja tomada uma decisão conjunta.
A medicina baseada em evidências decretou o fim do médico lacônico, que impõe tratamentos prescritos em hieróglifos. Na medicina moderna, o papel do profissional é apresentar as evidências e ajudar o doente a decidir qual das opções é a mais adequada para seu caso
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