TEXTO TEATRAL INFANTIL DE ANDRÉ FAXAS 1999
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PERSONAGENS:
VICENTE – O dente cariado e maltratado.
FRANCISQUINHA- A menina rebelde
PONG- O chiclete vilão da história.
ESMERALDA- A escova de dentes namorada de Vicente.
BILLY BORDOADA- O dentista cruel e sanguinário
Ps. PONG/ BILLY BORDOADA - mesmo ator
FRANCISQUINHA / ESMERALDA - mesma atriz
CENÁRIO: QUARTO DE MENINA
(MÚSICA) (LOGO APÓS A MÚSICA, ENTRARÁ O EFEITO DE ÁUDIO, COM A VOZ DO NARRADOR) (ENTRA FRANCISQUINHA, COM UM PIRULITO GIGANTE)
NARRADOR- Esta é Francisquinha. Uma menina levada e sapeca. Cheia de saúde, ela é muito inteligente e só tira boas notas na escola. Diz ela, que tem muitos namorados e que é a menina mais bonita do colégio. Adora brincar, dançar e fazer esporte. Mas será que ela tem algum defeito ?
FRANCISQUINHA- Claro que não, eu sou perfeita.
NARRAÇÃO- Sim, ela tem um grande defeito. Um defeito que pode atrapalhar todas as suas qualidades: Francisquinha não escova os dentes.
FRANCISQUINHA- Isso é só um detalhe sem importância.
NARRAÇÃO- Isso é o que você pensa. Escovar e cuidar dos dentes é muito importante. Mas, para contar essa história, precisamos contar com a ajuda de alguém muito especial.
FRANCISQUINHA- Quem ?
NARRAÇÃO- Vicente, o dente que sente !
(ENTRA EM CENA VICENTE) (MÚSICA) (FRANCISQUINHA DESMAIA)
VICENTE- Ei, menina ? Acorde ! Acorde !
(FRANCISQUINHA ACORDA E SE ASSUSTA)
FRANCISQUINHA- Quem é você ?
VICENTE – Vicente.
FRANCISQUINHA- Vicente ?
VICENTE- O dente.
FRANCISQUINHA- Que dente ?
VICENTE- Que sente.
FRANCISQUINHA- Que história complicada ! Não estou entendendo nada.
VICENTE- Eu sou um dos seus dentes. Fui escolhido, pois sou o mais maltratado de todos.
FRANCISQUINHA- Continuo sem entender. Se você é meu dente e mora na minha boca, o que está fazendo aqui ?
VICENTE- Como disse, sou o representante do sindicato dos seus dentes. Adquiri formas humanas, para te fazer uma série de reivindicações, que elaborei junto a meus companheiros de boca.
FRANCISQUINHA- Está muito complicado para eu entender. Mas, de qualquer forma, estou achando muito estranha essa história de conversar com um dente.
VICENTE- Para você ver a que ponto chegou. Precisou um dos seus dentes adquirir vida, para implorar que nos trate melhor.
FRANCISQUINHA- Na verdade, sendo meu dente ou não, eu não te dou a mínima importância. Vocês e seus amigos não servem pra nada. A não ser, para me dar trabalho e doer.
VICENTE- Estou me sentindo profundamente ofendido. Como não sirvo pra nada ? Eu trituro os alimentos antes de irem para o estômago, facilitando o trabalho dele. Estou presente nos momentos mais felizes da sua vida, me expondo no teu sorriso. E até para situações constrangedoras eu sou usado: tenho que roer unha, mascar chiclete, tenho que agüentar o frio do sorvete e o quente do café. Preciso de consideração.
FRANCISQUINHA- Você é um dente muito folgado, sabia ? Se acha uma maravilha... Mas, eu só percebo você quando dói e tenho que ir ao dentista.
VICENTE- Por isso mesmo que estou aqui. Para fazer com que você cuide de mim, impedindo assim a dor e aquele dentista sanguinário.
FRANCISQUINHA- Acontece, meu filho, que tenho muito que fazer e não posso perder tempo com um dente sujo, amarelo e chato.
VICENTE- É tão simples, Francisquinha. Basta você nos escovar todos os dias, com uma escova leve e macia, um creme dental com flúor. Depois, tem que usar um bom fio dental, para tirar o resto dos alimentos que ficam entre nós, dentes. Precisa fazer isso todos os dias, após as refeições, ao acordar e antes de dormir.
FRANCISQUINHA- Ufa, que trabalheira ! Acho melhor você perder as esperanças. Não terei todo esse trabalho com você. Agora, suma daqui, que eu tenho que brincar com as minhas amigas.
VICENTE- Pois fique sabendo a senhora, que eu não te deixarei em paz, até cuidar de mim e dos meus companheiros. Estarei atrás de você, te fiscalizando e exigindo bons tratos.
FRANCISQUINHA- Estou morrendo de medo de você, seu bobo. Se quiser, pode ficar. Mas não quero nenhum dente maluco atrás de mim, ouviu ?
(FRANCISQUINHA SAI DE CENA)
VICENTE (AO PÚBLICO)- Que menina ! Não sabia que ela era tão atrevida assim. Terei muito trabalho com ela. Mas, vocês precisam me ajudar, amiguinhos. Se ela não cuidar de mim, eu vou apodrecer e terei de ser arrancado. Então, uma menina tão bonita como ela, ficará banguela e terá que usar dentadura. Vamos combinar o seguinte então: enquanto Francisquinha não escovar os dentes, vocês não serão amigos dela. Fiquem de mal. Outra coisa: tenho um grande inimigo na vida. É um cara mau e implicante. O nome dele é Pong. Um chiclete vermelho, que só quer saber de nos destruir e nos causar cáries. Olhem como estou: cheio de buracos ! E um dos responsáveis por isso, é o Pong. Não deixem que ele conquiste a Francisquinha mais uma vez. Agora, vou segui-la, para ver o que ela está fazendo.
(VICENTE SAI DE CENA) (MÚSICA PARA ENTRADA DE PONG) (PONG ENTRA EM CENA)
PONG (AO PÚBLICO) – Eihoooo! Sou o Pong, o chiclete gostoso ! Eihoooo! Sou irresistível e atraente. Todas as crianças me amam, não é ? Amam sim e não me tiram da boca. Existo em vários sabores. Hoje sou de tutti-frutti, amanhã de morango, depois de hortelã. Já me inventaram de tangerina, de uva, de laranja e até de melancia. Tem até Pong de caldinho dentro, com forma de bolinha e muito mais ! Sou muito doce e só acabo, quando a boca se cansa de me mastigar. Todos me mastigam, mastigam e nunca entro no estômago. Mas, quando entro, causo o maior estrago. Colo tudo lá dentro. Eihoooo! Sou o terror dos dentes ! Odeio todos eles e sempre venço ! Eihooo! Quem quer Pong, o chiclete gostosinho ?
(ENTRA FRANCISQUINHA, COM VICENTE ATRÁS) (PONG SE ESCONDE E MONTA UMA BARRACA DE VENDA DE CHICLETES)
VICENTE- O quê você está pensando em fazer, Francisquinha ?
FRANCISQUINHA- Larga do meu pé, Dente Vicente. Você é uma mala sem alça !
VICENTE- Eu só quero o seu bem. Sou seu amigo.
FRANCISQUINHA- Não preciso da sua amizade. Eu já tenho muitos amigos aqui.
VICENTE- Você acha mesmo ? Você acha também que eles aprovam o seu comportamento ruim ?
FRANCISQUINHA- Claro que sim. (AO PÚBLICO) Colegas, vocês não me apoiam ? O quê ? Não ? Vocês são uns amigos da onça e eu estou de mal. Não quero papo com nenhum de vocês. Eu sou muito esperta e vocês são uns bobos !
VICENTE- Eles também só querem a tua felicidade, Francisquinha.
FRANCISQUINHA- Não enche ! Já estou farta desse papo chato. Vou me divertir ! Já sei ! Ali tem uma banca de doces ! (AVISTA PONG E SUA BANCA) Como eu estou cheia de dinheiro, vou gastar. Tem cada maravilha naquela banca...
PONG (DENTRO DA BARRACA, GRITANDO) – Olha aí, olha aí ! Quem vai querer ? Quem vai querer ?
VICENTE- Não faça isso, Francisquinha. Ali só tem besteira. E além do mais, você não está com fome.
FRANCISQUINHA- E desde quando se precisa ter fome para comer besteiras ?
PONG- Eihooo ! Eihooo!
VICENTE (ASSUSTADO) – Nossa ! Eu conheço esse grito... Não vá lá ! (AJOELHADO) Eu te imploro !
FRANCISQUINHA- Eu faço o que quiser da minha vida, tá bom ?
PONG- Venha menina ! Venha ver que maravilhas nós temos aqui !
FRANCISQUINHA (A PONG) – Que banca legal ! O quê vocês tem aí ?
PONG- Temos muitas coisas, menina. Mas, nada tão bom, quanto à especialidade da casa.
FRANCISQUINHA- E qual é a especialidade da casa ?
PONG- Chicletes ! Muitos chicletes !
VICENTE (GRITANDO, DESESPERADO) – Chiclete não ! Chiclete não !
FRANCISQUINHA- O senhor sabe convencer um cliente, não é ?
PONG- Temos chicletes de todos os sabores. Mas, devo indicar para a bela menina, o melhor deles !
FRANCISQUINHA- E qual é ?
PONG- Pong sabor tutti-frutti ! Eihooo!
VICENTE- Pong tutti-frutti não !
FRANCISQUINHA- Adorei ! Vou levar tudo. Tudo Pong tutti-frutti.
PONG- Fez uma bela compra, senhorita.
VICENTE- Não compre, Francisquinha. Ele é o meu maior inimigo. O chiclete Pong quer me destruir.
FRANCISQUINHA- Não tenho nada a ver com as suas brigas, Vicente. O importante, é que o Pong é gostoso e açucarado. Vou levar a caixa e mascar tudo em casa.
(PONG DESMONTA A BARRACA E SAI DE CENA MOMENTANEAMENTE)
VICENTE- Francisquinha ! Se você fizer isso, sentirá dor também.
FRANCISQUINHA – Tchau, Vicente.
(FRANCISQUINHA SAI DE CENA COM A CAIXA DE CHICLETES) (PONG VOLTA)
VICENTE- Você mais uma vez provou que é um mal-caráter, Pong.
PONG- Está com medinho de me encarar, Mané ? Eihooo! Está com os seus dias contados. Ela vai abrir a caixa e mastigará todos os Pongs que tem direito. Então, eu acabarei com você ! Eihooo!
VICENTE- Apesar de ser um covarde, iludindo a menina com seu sabor açucarado, eu não tenho medo. Mesmo cariado e esburacado, eu ainda sou forte o suficiente para te enfrentar.
PONG- Francisquinha está abrindo o primeiro Pong nesse momento. Vamos ao duelo.
(MÚSICA PARA A LUTA DE VICENTE E PONG) (ELES SE PREPARAM PARA O COMBATE) (PONG BATE EM VICENTE, QUE CAI DIVERSAS VEZES) (VICENTE, ENFRAQUECIDO, CAI DE VEZ) (PONG, VITORIOSO, RI E COMEMORA)
PONG- Eihooo! Eu sou o campeão ! A vitória é minha ! Depois te pego de novo, mané !
(PONG SAI DE CENA) (VICENTE SENTE MUITAS DORES)
VICENTE (DOLORIDO)- Ah, estou cada vez mais fraco. Não agüento mais enfrentar o Pong. A Francisquinha não podia ter feito isso. Não tenho mais forças, as cáries me enfraquecem. Se eu tiver que encarar o Pong de novo, acho que não agüentarei. Terei que ser arrancado. Essa menina precisa tomar juízo, antes que seja tarde demais. Aliás, por onde estará ela agora ? De certo, deve estar cheia de dor-de-dente. Pelo menos, tão cedo não mastigará outro Pong. Ah, já sei ! Ela deve ter ido à farmácia com a mãe dela ! Preciso ir até lá procurá-la. Ela não pode ficar sozinha um minuto sequer.
(VICENTE SE DIRIGE AO CENÁRIO DA FARMÁCIA) (MÚSICA ROMÂNTICA) (ENTRA EM CENA ESMERALDA)
ESMERALDA- Vicente !
VICENTE- Esmeralda !
ESMERALDA- Vicente !
VICENTE- Esmeralda ! A escova mais bela que o mundo já produziu... Suave, cerdas brancas, cabo flexível...
ESMERALDA- Há quanto tempo não nos vemos ?
VICENTE- Desde quando a Francisquinha me escovou com você, pela última vez. Há um ano e meio atrás...
ESMERALDA- Estou com muitas saudades, Vicente. Você foi o dente mais bonito que já escovei.
VICENTE- Você continua linda, Esmeralda. Que pena, que a Francisquinha nunca mais te comprou para me escovar.
ESMERALDA- Eu estou triste, Vicente. Vejo que há muito tempo ela não cuida de você. Está cheio de cáries e sem alguns pedaços.
VICENTE- Ela nos separou. Por isso, estou acabado e fraco. Sinto que estou no fim. Fico com vergonha de chegar perto de você, assim desse jeito. Acho que não me ama mais, Esmeralda.
ESMERALDA- Sempre é tempo de mudar, Vicente. A Francisquinha vai cuidar de você, como antigamente. E voltará a ser aquele dente bonito, que era disputado por todas as escovas.
DENTE- Você lembra como éramos felizes naquele tempo ? Todos os dias nos encontrávamos. Teve um dia até, que fizemos uma festa e convidamos todos os seus parentes. Veio o seu irmão fio dental, a sua prima fita, aplicaram até o seu tio flúor em mim. Eu estava completando um ano como dente permanente. Bons tempos aqueles ! A Francisquinha gostava de nós.
ESMERALDA- Agora tenho que ir, Vicente. Tem uma família querendo me comprar.
VICENTE- Não, não vá. A Francisquinha pode te comprar e te levar para a casa.
ESMERALDA- Não. Ela passou por aqui agora e nem olhou pra mim.
VICENTE- Não podemos nos separar de novo, Esmeralda. O nosso amor é muito forte. Você é a minha única salvação.
ESMERALDA- Preciso ajudar a conservar os dentes da criança daquela família. Tenho que ir. Quem sabe um dia, a Francisquinha mude de idéia e me leve de novo pra junto de você. Adeus, Vicente.
VICENTE (MUITO TRISTE) – Adeus, Esmeralda.
(MÚSICA TRISTE) (ESMERALDA SAI DE CENA) (VICENTE CHORA)
O RESTANTE, SÓ COM PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO (21 2799.519)
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