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sábado, 23 de abril de 2011

Egoísmo X Altruísmo

Bernardino da Silva Moreira
A Terra é um planeta de provas e expiações, seus habitantes são em grande maioria Espíritos imperfeitos, cujos caracteres principais são: “Predominância da matéria sobre o Espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são conseqüentes.” É claro que “nem todos são essencialmente maus.” É bem verdade que “em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade.” Há aqueles que ficam em cima do muro porque “não fazem o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade.” O restante ao contrário “se comprazem no mal e rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo.”
Entre os imperfeitos os que mais se destacam são os Espíritos pseudo sábios, porque “dispõem de conhecimentos bastante amplos”, alguns deles pensam que são donos da verdade, porque “crêem saber mais do que realmente sabem.”
O egoísmo avassalador presente em todos povos do planeta, excitou a curiosidade de muitos cientistas, entre eles, Charles Darwin (1809-1882) que na obra A Origem do homem, publicada em 1871, tentou explicar a evolução da moralidade humana. A conclusão que chegou Darwin foi a de que o comportamento moral, não trazia nenhuma vantagem para o indivíduo, que pelo contrário, lucraria mais desobedecendo as regras impostas para agir com sua vontade própria. Analisando a tribo chegou a conclusão que “o espírito de patriotismo, fidelidade, obediência, coragem e solidariedade” são valores que iriam contribuir para coesão e organização, trazendo maiores chances para vitória na disputa por recursos naturais ou territórios com as tribos menos virtuosas. Daí concluiu que a seleção natural atua sobre os indivíduos, mas também sobre grupos adversários.
Até a metade do século XX, os cientistas não sabiam ainda o suficiente sobre o assunto, aliás, seus métodos deixavam muito a desejar. Mesmo Darwin não foi muito longe, pois, suas pesquisas não foram embasadas na Genética. Os estudos de Gregor Johann Mendel (1822-1884) não foram considerados pelos cientistas da época. Seus trabalhos permaneceram ignorados até o início do séc. XX.
Em 1953, os cientistas Francis Crick e James Watson anunciam a estrutura do DNA, a ciência chega a sua fase adulta e a partir da década de 60, o gene antes desconhecido, passa a ser o super star na luta pela sobrevivência. O indivíduo e o grupo são esquecidos, porque a seleção natural agora tem sua dinâmica embasada no gene. As vedetes desse corrente são os biólogos George C. Williams, da Universidade Estadual de Nova York e William Hamilton, desencarnado em 2000, considerado um dos maiores teóricos da evolução.
A obra O Gene Egoísta, do biólogo inglês Richard Dawkins, publicada em 1976, foi a súmula perfeita que a nova biologia estava propondo. A conclusão que chegou o autor era que éramos apenas “máquinas de sobrevivência”, isto é autômatos a serviço dos genes ou máquinas biológicas. Isto valia para todos seres vivos, da bactéria ao mais renomado cientista.
O biólogo Edward O. Wilson, aquele que disse que somos programados geneticamente para pensar em Deus, acha que a evolução do altruísmo é a preocupação central da sociobiologia (“Corrente de pensamento de origem anglo-saxônica que afirma serem os comportamentos sociais tanto animais como humanos baseados em princípios genéticos, e, portanto, transmissíveis.”) Em tempo, a Sociobiologia foi fundada por ele mesmo. Seus embasamentos estão nas obras Sociobiologia, a nova síntese, 1975; Da natureza humana, 1978. Essas obras serviram de motivo para polêmicas, porque foram utilizadas para fundamentos de teorias racistas.
O biólogo Michael Ghiselin afirmou em 1974, com humor negro e daninho: “Arranhe um altruísta, e você verá um egoísta sangrar.” A situação chegou a tal ponto que o filósofo norte-americano da Universidade de Princeton, resolveu opinar tentando neutralizar o negativismo dos defensores do egoísmo. Dizia ele que o sangue doado aos bancos de sangue, servia igualmente para doadores e não-doadores, e concluiu que isso era uma prova de que os doadores não esperavam por algum benefício futuramente. O biólogo Richard Alexander, as Universidade de Michigan, replicou que costumamos olhar para os doadores com respeito e admiração, mostrando que a recompensa chega na forma do reconhecimento social.
Mas, será isso mesmo? E como explicar o comportamento altruísta de Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e tantos outros que parecem estarem programados com o gene do altruísmo? É, pois é! Essa teoria do gene egoísta não explica tudo, apenas um lado da questão, a preocupação dos cientistas aqui citados é apenas com a matéria, para eles o Espírito não passa de imaginação de religiosos ignorantes. É uma pena eles não conhecerem o Espiritismo, porque então saberiam que os genes apenas refletem a realidade de cada um. A ciência ainda não tem a verdade absoluta, apenas parte dela. Se Sócrates dizia que nada sabia! Somos muito gratos a Ciência que através de vários cientistas trazem suas contribuições científicas, mas não podemos aceitar seus erros.
E para encerrar vale a pena lembrar que os Espíritos pseudo-sábios “tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo dos preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais polpudos, através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não puderam despir-se.” É bom lembrar que muitos deles estão reencarnados!

Bibliografia:

  • O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, tradução de Guillon Ribeiro, 76ª edição, FEB. Escala espírita, págs. 89 e 91.
  • Super Interessante, Edição 190, julho 2003, págs. 79, 80, 81, 82 e 83.
  • As Grandes Conquistas da Humanidade, Klick editora, 2003, pág. 90
  • Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultural, 1998, Vol. 22, pág. 5437.

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