Bernardino da Silva Moreira
A Terra é um planeta de provas e expiações, seus habitantes são em grande maioria  Espíritos imperfeitos, cujos caracteres principais são: “Predominância da matéria  sobre o Espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas  as paixões que lhes são conseqüentes.” É claro que “nem todos são essencialmente  maus.” É bem verdade que “em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do  que verdadeira maldade.” Há aqueles que ficam em cima do muro porque “não fazem  o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade.”  O restante ao contrário “se comprazem no mal e rejubilam quando uma ocasião se lhes  depara de praticá-lo.”
Entre os imperfeitos os que mais se destacam são os Espíritos pseudo sábios,  porque “dispõem de conhecimentos bastante amplos”, alguns deles pensam que são donos  da verdade, porque “crêem saber mais do que realmente sabem.” 
O egoísmo avassalador presente em todos povos do planeta, excitou a curiosidade  de muitos cientistas, entre eles, Charles Darwin (1809-1882) que na obra A Origem  do homem, publicada em 1871, tentou explicar a evolução da moralidade humana.  A conclusão que chegou Darwin foi a de que o comportamento moral, não trazia nenhuma  vantagem para o indivíduo, que pelo contrário, lucraria mais desobedecendo as regras  impostas para agir com sua vontade própria. Analisando a tribo chegou a conclusão  que “o espírito de patriotismo, fidelidade, obediência, coragem e solidariedade”  são valores que iriam contribuir para coesão e organização, trazendo maiores chances  para vitória na disputa por recursos naturais ou territórios com as tribos menos  virtuosas. Daí concluiu que a seleção natural atua sobre os indivíduos, mas também  sobre grupos adversários.
Até a metade do século XX, os cientistas não sabiam ainda o suficiente sobre  o assunto, aliás, seus métodos deixavam muito a desejar. Mesmo Darwin não foi muito  longe, pois, suas pesquisas não foram embasadas na Genética. Os estudos de Gregor  Johann Mendel (1822-1884) não foram considerados pelos cientistas da época. Seus  trabalhos permaneceram ignorados até o início do séc. XX. 
Em 1953, os cientistas Francis Crick e James Watson anunciam a estrutura do DNA,  a ciência chega a sua fase adulta e a partir da década de 60, o gene antes desconhecido,  passa a ser o super star na luta pela sobrevivência. O indivíduo e o grupo são esquecidos,  porque a seleção natural agora tem sua dinâmica embasada no gene. As vedetes desse  corrente são os biólogos George C. Williams, da Universidade Estadual de Nova York  e William Hamilton, desencarnado em 2000, considerado um dos maiores teóricos da  evolução.
A obra O Gene Egoísta, do biólogo inglês Richard Dawkins, publicada em  1976, foi a súmula perfeita que a nova biologia estava propondo. A conclusão que  chegou o autor era que éramos apenas “máquinas de sobrevivência”, isto é autômatos  a serviço dos genes ou máquinas biológicas. Isto valia para todos seres vivos, da  bactéria ao mais renomado cientista. 
O biólogo Edward O. Wilson, aquele que disse que somos programados geneticamente  para pensar em Deus, acha que a evolução do altruísmo é a preocupação central da  sociobiologia (“Corrente de pensamento de origem anglo-saxônica que afirma serem  os comportamentos sociais tanto animais como humanos baseados em princípios genéticos,  e, portanto, transmissíveis.”) Em tempo, a Sociobiologia foi fundada por ele mesmo.  Seus embasamentos estão nas obras Sociobiologia, a nova síntese, 1975;  Da natureza humana, 1978. Essas obras serviram de motivo para polêmicas, porque  foram utilizadas para fundamentos de teorias racistas. 
O biólogo Michael Ghiselin afirmou em 1974, com humor negro e daninho: “Arranhe  um altruísta, e você verá um egoísta sangrar.” A situação chegou a tal ponto que  o filósofo norte-americano da Universidade de Princeton, resolveu opinar tentando  neutralizar o negativismo dos defensores do egoísmo. Dizia ele que o sangue doado  aos bancos de sangue, servia igualmente para doadores e não-doadores, e concluiu  que isso era uma prova de que os doadores não esperavam por algum benefício futuramente.  O biólogo Richard Alexander, as Universidade de Michigan, replicou que costumamos  olhar para os doadores com respeito e admiração, mostrando que a recompensa chega  na forma do reconhecimento social.
Mas, será isso mesmo? E como explicar o comportamento altruísta de Francisco  de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Francisco Cândido Xavier, Divaldo  Pereira Franco e tantos outros que parecem estarem programados com o gene do altruísmo?  É, pois é! Essa teoria do gene egoísta não explica tudo, apenas um lado da questão,  a preocupação dos cientistas aqui citados é apenas com a matéria, para eles o Espírito  não passa de imaginação de religiosos ignorantes. É uma pena eles não conhecerem  o Espiritismo, porque então saberiam que os genes apenas refletem a realidade de  cada um. A ciência ainda não tem a verdade absoluta, apenas parte dela. Se Sócrates  dizia que nada sabia! Somos muito gratos a Ciência que através de vários cientistas  trazem suas contribuições científicas, mas não podemos aceitar seus erros. 
E para encerrar vale a pena lembrar que os Espíritos pseudo-sábios “tendo realizado  alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho  de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. Mas,  em geral, isso não passa de reflexo dos preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam  na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais polpudos, através  dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda  não puderam despir-se.” É bom lembrar que muitos deles estão reencarnados!
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, tradução de Guillon Ribeiro, 76ª edição, FEB. Escala espírita, págs. 89 e 91.
 - Super Interessante, Edição 190, julho 2003, págs. 79, 80, 81, 82 e 83.
 - As Grandes Conquistas da Humanidade, Klick editora, 2003, pág. 90
 - Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultural, 1998, Vol. 22, pág. 5437.
 

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