DOIS PALHAÇOS PONTO COM- peça infantil de ANDRÉ FAXAS - 2010
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Música de circo – Os palhaços Pinduca e Cabelo dançam, pulam, fazem números circenses. Ao final da música, começará o diálogo.
PINDUCA- Sou o palhaço Pinduca, cara de cumbuca.
CABELO- E eu sou o palhaço Cabelo, cara de... cara de que mesmo ?
PINDUCA (RINDO)- Cara de camelo !
CABELO- Não tem a menor graça, Pinduca. Você é um palhaço sem graça. Você é um palhaço desgraçado.
PINDUCA (ABORRECIDO)- Não me ofenda, Cabelo ! Eu não admito insultos !
CABELO- O quê que é insulto ?
PINDUCA- Insulto é o mesmo que ofensa.
CABELO- Se insulto é o mesmo que ofensa, eu te insultei ou te ofendi ?
PINDUCA- Você me insultou e me ofendeu.
CABELO- Não senhor ! Eu não quis te insultar, só te ofender.
PINDUCA- Mas se os dois são a mesma coisa, você me insultou também.
CABELO- Mentiroso ! Eu só te ofendi !
PINDUCA- Me insultou de novo ! Me chamou de mentiroso !
CABELO- Eu ??? Que injustiça ! Eu chamei ele de mentiroso, criançada ?
PINDUCA- Não se faça de desentendido. Chamar alguém de mentiroso é uma ofensa.
CABELO- Viu ? Viu ? É uma ofensa, não um insulto !
PINDUCA- Mas, seu burro, ofensa e insulto são a mesma coisa !
CABELO- Me chamou de burro ! Me ofendeu e me insultou !
PINDUCA (ARREPENDIDO)- É ?
CABELO- Você me deve desculpas.
PINDUCA- Tá bom... Me desculpe, Cabelo... Eu não quis te insultar...
CABELO- Me insultar ou me ofender ?
PINDUCA (IRRITADO)- Chega ! Nada de insultos ou de ofensas. Vamos ficar de bem ?
CABELO (VIRANDO AS COSTAS PARA PINDUCA, SE FINGINDO DE DIFÍCIL)- Não sei... Eu sou muito orgulhoso e me magôo fácil...
PINDUCA- Vamos lá, Cabelo. Já te pedi desculpas...
CABELO (FALSO)- Acho que você terá que me fazer um favor.
PINDUCA- Lá vem você com as suas chantagens... Não faço, não faço e não faço! O que quer dessa vez ?
CABELO- Eu estou com uma fome danada...
PINDUCA- Nem vem que não tem ! Não tenho nem um tostão furado no bolso ! O Seu Antônio ainda não me pagou o salário desse mês.
CABELO- Isso é um absurdo ! Como esse velho não te pagou ainda ! Ele é um explorador de palhaços ! Um muquirana ! Um porco sovinista !
PINDUCA- Fala baixo, senão ele pode ouvir e mandar a gente embora do circo. Mas, peraí... O que é porco sovinista ?
CABELO- Porco sovinista é... um porco sovinista... Deixa pra lá ! O importante que é uma das ofensas mais feias que eu já escutei. E eu falo alto mesmo ! Não tenho medo dele ! Já sei o que você vai fazer então, Pinduca !
PINDUCA- O quê ?
CABELO- Você vai entrar no trailer e pegará o frango que ele assou pro almoço.
PINDUCA- Tá maluco, Cabelo ! Você quer que eu roube o frango ?
CABELO- Não disse roubar, eu disse pegar !
PINDUCA- E não é a mesma coisa ? Roubar é muito feio, Cabelo. Não faço isso.
CABELO- Ele nem vai perceber... Tem uns quarenta frangos na geladeira dele... A gente vai pegar uns pedacinhos, como adiantamento do salário que não pagou pra gente. Só duas coxinhas...
PINDUCA- Duas coxinhas só ?... Bem tostadinhas, salgadinhas ?...Eu não vou. Passo fome, mas não pego o que é dos outros.
CABELO- Então, se você não tem coragem, eu tenho. Vou até lá. Você precisa atrair a atenção dele e despistá-lo, para eu poder entrar no trailer. Se perguntar por mim, diga que fui limpar a lona do circo, combinado ? Já estou até sentido o sabor suculento das duas coxinhas... ah!
PINDUCA- Êpa ! Você disse que seria uma coxinha pra mim e outra pra você !
CABELO (AS CRIANÇAS)- Disse ? ... Se eu disse, eu disse, e quer dizer que está dizido.
PINDUCA- Não é dizido, é dito !
CABELO- Mas quem disse não fui eu ?
PINDUCA- Foi.
CABELO- Então se eu disse, tá dizido.
PINDUCA- Ah, meu pai ! Mas isso não vai dar certo, Cabelo. Você é muito atrapalhado.
CABELO- Fique frio, Pinduca. Eu vou bem devagar, para não levantar suspeitas...
(CABELO SAI, SORRATEIRO, PARA TRÁS DO CENÁRIO, DERRUBANDO COISAS E FAZENDO MUITO BARULHO)
PINDUCA (AO PÚBLICO)- Ninguém merece esse Cabelo. Mas também estou com uma fome danada... Minha barriguinha está mais vazia que praia em dia de chuva. Preciso distrair o Seu Antônio... (GRITANDO) Seu Antônio, Seu Antônio ! (SURGE O FANTOCHE DO SEU ANTONIO)
ANTONIO- O que foi, Pinduca ? Espero que seja importante, pois eu estava indo almoçar um frango assado delicioso !
PINDUCA- Delicioso mesmo ?
ANTONIO- Muito ! Bem temperado, salgadinho, tostadinho...
PINDUCA- Ai, meu pai ! Sabe o que é, seu Antônio ? É que o senhor ainda não me pagou o salário desse mês...
ANTONIO- Não acredito que atrapalhou meu almoço para me cobrar, Pinduca !
PINDUCA- Que isso, Seu Antônio... Longe de mim... É que a minha barriguinha tá roncando mais do que o senhor quando tira sua soneca...
ANTONIO- Sempre reclamando ! Vocês só sabem fazer isso ! Mas para não dizer que não tenho coração e que sou um porco sovinista, vou lhe dar os dois pezinhos do frango !
PINDUCA- Nossa, como o senhor é generoso ! É um porco sovinista muito bonzinho e limpinho... (ÀS CRIANÇAS) Mas do jeito que eu ando, não estou em condições de dispensar. (AO SEU ANTONIO) Eu aceito sua oferta, Seu Antônio ! Vou ficar com um pé e dar o outro para o Cabelo !
ANTONIO- Nada disso ! Eu não gosto desse Cabelo ! É muito folgado e entrão. Além do mais, nunca acerta meu nome. Me chama de Tonico, de Totonho... Eu me chamo Antônio ! Antônio !
PINDUCA- Antonio ! Antonio !
ANTONIO- Muito bem. E, falando isso, onde o Cabelo está ?
PINDUCA- Na cabeça.
ANTONIO- Idiota ! Estou falando do palhaço !
PINDUCA- Ah tá... Do palhaço idiota ? Ele... Ele... Foi limpar a lona do circo !
ANTONIO- Isso é muito estranho. Além dele não gostar de trabalhar, a lona foi limpa ontem. Não tem uma sujeirinha.
PINDUCA- É que... é que... Ele é um palhaço idiota. E como todos os palhaços idiotas fazem idiotices, ele foi fazer a idiotice de limpar o que já está limpo... É que ele tem mania de limpeza.
ANTONIO- Isso é estranho também. Se ele tivesse mania de limpeza, tomava banho todos os dias. Mas ele fede mais do que gambá... De toda maneira, vou pegar os pés de frango no trailer....
PINDUCA- Ah, meu pai do céu ! Faz isso não !
ANTONIO- Mas que raios ! Você não disse que estava com fome e queria o frango ?
PINDUCA- Disse ? Ah, disse sim... É que... É que... A fome acabou de passar. Nem fico com água na boca quando o senhor me fala que ele está temperadinho, salgadinho, tostadinho... ah, meu pai !
ANTONIO- Chega de conversa fiada, Pinduca. Também estou morrendo de fome. Vou lá no trailer. (ANTONIO SAI)
PINDUCA (AO PUBLICO)- Ah, meu papai ! Preciso achar o Cabelo e impedi-lo de pegar o frango. Se o Seu Antonio descobrir, estaremos no olho da rua. E aí é que vai danar de vez ! Nem frango pra roubar a gente vai ter. (SAI CORRENDO POR LADO DO CENÁRIO) (PELO OUTRO, ENTRA CABELO COM UM FRANGUINHO NA MÃO)
CABELO – Que franguinho cheiroso ! Bem temperadinho, tostadinho, salgadinho ! Ainda bem que o Pinduca se mandou e o frango vai ficar todinho pra mim. Duas coxinhas nada ! Odeio miséria ! Só deixei os dois pezinhos pro pão duro do seu Totonho, pra não dizerem que eu sou um ladrão de galinha. (BOTA UM BABADOR) Agora eu vou saborear essa delícia da natureza !
(EFEITO DE ÁUDIO) (VOZ DE SEU ANTÔNIO)
ANTONIO- Raios ! Onde está meu frango ! Só deixaram os dois pezinhos ! Vou pegar aqueles dois !
CABELO (DESESPERADO)- Babou ! Babou ! Coitadinho de mim !
(VOLTA PINDUCA, CORRENDO, DESESPERADO)(CABELO ESCONDE O FRANGO)
PINDUCA- Ainda bem que eu encontrei você, Cabelo ! O Seu Antônio foi ao trailer pegar o frango ! Fomos salvos por pouco !
CABELO- Fomos ? Fomos salvos ?
PINDUCA- Claro que sim ! Você não pegou o frango...
CABELO (MOSTRANDO O FRANGO)- Tem razão... Não fui eu quem pegou o frango... Foi ele que me pegou, que me conquistou com esse cheirinho maravilhoso... Cheirinho... Cheirinho... sovinista.
PINDUCA- Pelo amor de Deus, me diga o que é sovinista ???? Mas isso agora não importa. Você fez uma besteira enorme, Cabelo.
CABELO- É ?
PINDUCA- É.
CABELO- E qual foi ?
PINDUCA- Você pegou o frango, idiota !
CABELO- Lá vem você me insultando de novo !
PINDUCA- Ah, meu papai ! O que eu faço da minha vidinha agora ???
CABELO- Vai lá e pega a farofa também !
PINDUCA (MUITO ESTRESSADO)- Chega ! Vamos devolver esse frango agora !
CABELO- Eu não.
PINDUCA- Vamos sim !
CABELO- Eu não.
PINDUCA- Quer ir para o olho da rua e ser preso pela polícia ?
CABELO- É ?
PINDUCA- É.
CABELO (CHORANDO)- É que eu tenho um sentimento tão bom pelo frango, Pinduca... Desde a hora em que a gente se viu, rolou um clima, sabe? Ele olhou pra mim, eu olhei pra ele... (MUSICA ROMANTICA- EMOÇÕES ROBERTO CARLOS)(CABELO DANÇA COM O FRANGO)(FIM DA MÚSICA)... Ele abriu as asinhas pra mim e eu abri minha boca pra ele... E depois... (QUANDO CABELO VAI MORDER O FRANGO, PINDUCA LHE TIRA DAS MÃOS)
PINDUCA- Chega de palhaçadas, Cabelo ! Esse frango será devolvido ! Mesmo que esteja tostadinho... suculento... salgadinho... (MÚSICA DO ROBERTO CARLOS EMOÇÕES)(PINDUCA TAMBÉM DANÇA COM O FRANGO E CABELO FICA COM CIÚMES)(FIM DA MÚSICA) (EFEITO DE ÁUDIO- VOZ DE ANTONIO)
ANTONIO- Pinduca, Cabelo ! Apareçam, seus sacripantas, ladrões de frango assado !
CABELO (DESESPERADO)- É o velho !
PINDUCA- Ah, meu papai ! Precisamos fazer alguma coisa, Cabelo !
CABELO- Já sei ! Minha mente inteligente teve uma grande idéia !
PINDUCA- É mesmo ? E o qual a idéia que sua mente inteligente teve ?
CABELO- Você vai lá no trailer e devolve o nosso franguinho tão amado !
PINDUCA- Que idéia genial você teve... Eu tive essa idéia antes !
CABELO- Teve ?
PINDUCA- Tive ! E você acaba de roubá-la de mim !
CABELO- Já que você disse que a idéia era sua, por que não foi lá devolver o nosso querido frango ?
PINDUCA- Porque um palhaço idiota que limpa o que está limpo, não me deixou !
CABELO- E porque esse palhaço idiota que limp (INTERROMPIDO POR PINDUCA)
PINDUCA- Chega ! Você é muito estressante, Cabelo ! Vou logo lá devolver o frango, antes que ele chegue ! (PINDUCA SAI DE CENA)
CABELO (AO PÚBLICO)- Esse Pinduca é muito enrolado, muito atrapalhado. Mas o que eu faço agora ???? Já sei, vou fingir que não sei de nada. Vou fingir que nem é comigo. Mas eu tô com um cheiro danado de frango ! Preciso disfarçar... Já sei, vou usar todo o desodorante do Pinduca... (PEGA UM DESODORANTE E JOGA TUDO SOBRE O CORPO) Que delícia o desodorante do Pinduca... Se eu tomasse banho, eu usaria ele todos os dias.... Agora eu vou fingir que está tudo normal... Que eu não to nem aí...(ASSOVIA) (SURGE ANTONIO E O EFEITO DE ÁUDIO)
ANTONIO- Cabelo !!!!!
(CABELO SE DESESPERA, ENTREGANDO OS PONTOS)
CABELO- Não fui eu ! Não fui eu !
ANTONIO- O quê ?
CABELO- Não fui eu que... Não fui eu... Só sei que não fui eu, eu não fui, não fui eu, eu não fui.
ANTONIO- Claro, que tonto sou... Está falando do frango...
CABELO- Que frango ?
ANTONIO- O assado !
CABELO- Assado ? Assadinho ?
ANTONIO- Assadinho, tostadinho, temperado e salgadinho !
CABELO- Não me recordo de tê-lo visto...
ANTONIO- Não se faça de santo, Cabelo... Isso está me cheirando mal...
CABELO- Deve ser o desodorante do Pinduca. Ele é uma porcaria.
ANTONIO- Quem cheira mal é você, Cabelo ! Estou dizendo do roubo do meu frango assado !
CABELO- O senhor está muito estressado seu Tonico....
ANTONIO- Não sou Tonico, eu sou Antônio !
CABELO- Desculpe, seu Totonho...
ANTONIO- Antônio, idiota ! Antônio !!!!!
CABELO- Não grite assim, pois faz mal ao coração, seu Tonicotonho !
ANTONIO- Basta ! Basta ! Quero o meu frango de volta !
CABELO- Será que... Ele não saiu por aí pra visitar a mãe ?
ANTONIO- Não.
CABELO- Ou para ver a namorada, aquela franguinha...
ANTONIO- Não.
CABELO- Ou para dar uma ciscadinha em outro terreiro ?...
ANTONIO- Ele está assado, seu palhaço idiota !
CABELO- Então é melhor o senhor passar uma pomadinha nele, pois assadura incomoda muito...
ANTONIO- Raios ! O que eu fiz pra merecer isso !!!!????
CABELO- Fique tranqüilo, seu Tonico... Ele vai voltar pra casa...
ANTONIO- Antônio!!!!! Chega de conversa fiada ! Eu quero saber qual de vocês dois roubou o meu franguinho.
CABELO- Eu não fui, porque acho que quem rouba um frango assado suculento, temperado, tostadinho e salgadinho não presta. Não vale nada.
ANTONIO- Merece ser preso pela polícia !
CABELO- Preso, algemado e obrigado a ouvir um cd de funk pro resto da vida. (MUSICA: FUNK – CABELO DANÇA)
ANTONIO- Vamos investigar... Por que está usando um babador, Cabelo?
CABELO- Eu estou usando um babador ?
ANTONIO- Está.
CABELO- Coisas estranhas andam acontecendo por aqui...
ANTONIO- Quem usa um babador desses é porque vai almoçar... Você ia almoçar, Cabelo ?
CABELO- Bem... bem... eu pus esse babador porque... porque...
ANTONIO- Por que o quê, Palhaço Cabelo ?
CABELO- Porque eu babo. Isso, eu babo mais do que velho na frente da Juliana Paes.
ANTONIO- Não sabia que você era babão...
CABELO- Vixe ! Eu sou o palhaço mais babão do mundo ! Eu babo toda hora. Babo de manhã, de tarde, de noite... Babo dormindo, babo comendo, babo o tempo todo. O senhor baba também, seu Totonho ?
ANTONIO- Antônio, Antônio ! E eu não babo.
CABELO- De toda maneira, eu vou pegar o babador e botar no senhor. A gente nunca sabe o dia de amanhã. (BOTA O BABADOR EM ANTONIO E VÊ OS DOIS PÉS DE FRANGO) Que isso na sua mão, Seu Tonico ?
ANTONIO- Antônio ! Antônio ! Esses são os pezinhos do frango que eu prometi para o Pinduca. Mas eu mudei de idéia.
CABELO- O senhor ia dar dois pezinhos de frango pro Pinduca ?
ANTONIO- Ia sim. Ele ia comer os dois pezinhos.
CABELO- Que covarde e traidor esse Pinduca ! Nem me falou nada !
ANTONIO- Mas agora ele não vai ganhar, pois me traiu.
CABELO- Esse Pinduca não vale nada mesmo. Ele é chato, cabeçudo, soltador de pum e tem bafo de cebola. O senhor está certo, Seu Totonho. Não dê os pezinhos do frango pra ele.
ANTONIO- Antônio ! Antônio ! E não vou dar mesmo.
CABELO- E o senhor vai dar os pezinhos pra quem ?
ANTONIO- Pra ninguém. Eu vou comer os dois.
CABELO- Se eu fosse o senhor, não faria isso... Acho que deveria dar os pezinhos para alguém.
ANTONIO- E pra quem ?
CABELO- Para um palhaço que seja fiel ao senhor, que não roube seu frango e que não reclame do salário atrasado.
ANTONIO- Mas você não reclama ?
CABELO- Claro que não. Se o senhor quiser, pode atrasar o salário por 1 ano que eu não reclamo.
ANTONIO- Mas você é muito entrão e nunca acerta o meu nome.
CABELO- Que isso ! Sei seu nome direitinho.
ANTONIO- E qual é ?
CABELO- É... um nome lindo... Um nome maravilhoso, o mais lindo do mundo, que minha boca suja não é digna de dizer.
ANTONIO- Você me emocionou agora, Cabelo. Por isso, pode pegar os pezinhos do frango. Mas o Pinduca vai ver só ! Vou demiti-lo por justa causa.
CABELO (PEGANDO E COMENDO OS PÉS DO FRANGO)- Isso mesmo, ele não merece a honra de trabalhar nesse circo tão rico e divino.
ANTONIO- Vou tomar um banho e botar outro frango para assar. Quando o ladrão do Pinduca aparecer, diga que quero falar com ele. (SAI DE CENA)
CABELO- Sim senhor ! Muito obrigado mais uma vez, seu Tonico !
ANTONIO (SÓ ÁUDIO)- Antônio ! Antônio !
CABELO (AINDA COMENDO OS PÉS)- Porco sovinista ! Esses pezinhos não tem carne, só osso. Mesmo assim, do jeito que minha barriguinha está vazia, ele está descendo muito bem...
(VOLTA PINDUCA)
PINDUCA- E então, Cabelo ? Resolveu tudo ?
CABELO ESCONDE OS PÉS DE FRANGO NA BOCA E SINALIZA POSITIVAMENTE
PINDUCA- O Seu Antônio esteve por aqui ?
CABELO FAZ O MESMO GESTO DE POSITIVO COM A CABEÇA.
PINDUCA- Ele está aborrecido com você ?
CABELO FAZ GESTO NEGATIVO COM A CABEÇA.
PINDUCA- Que bom, ainda bem que deu tempo de devolver o frango. Ele falou alguma coisa de mim pra você ?
CABELO FAZ GESTO POSITIVO COM A CABEÇA
PINDUCA- Ele disse coisas boas ?
CABELO FAZ GESTO NEGATIVO COM A CABEÇA
PINDUCA- Como assim ? Ele me prometeu até dois pezinhos de frango !
CABELO FAZ GESTO NEGATIVO COM A CABEÇA, ABORRECIDO
PINDUCA- Mas eu ia dar um pra você, escondido dele... Ele trouxe os pezinhos ?
CABELO FAZ GESTO POSITIVO COM A CABEÇA
PINDUCA- E onde eles estão ?
CABELO ENGOLE OS PÉS
PINDUCA- Não acredito ! Você comeu os dois pés do frango ???
CABELO (SENTINDO DORES NA BARRIGA)- Mas não estou nada feliz com isso.
PINDUCA- Seu traidor ! Comeu os dois pezinhos do frango !
CABELO- Eu fui obrigado, Pinduca !
PINDUCA- Como assim ?
CABELO- O seu Tonico ameaçou soltar o leão do circo em cima de você !
PINDUCA- Que sujeito cruel !
CABELO- E que ia também te obrigar a casar com a mulher barbuda.
PINDUCA- Que nojento ! Esse velho é mesmo um porco sovinista !
(EFEITO DE AUDIO- VOZ DE ANTONIO)
ANTONIO- Que beleza ! Devolveram o frango ! Acho que estou ficando maluco. Ele devia estar aqui o tempo todo, eu que não estava encontrando. Fiz um mau juízo dos palhaços. Vou tomar um banho, depois vou comer o meu franguinho e por fim, vou levar o Pinduca para jogar cartas e comer uns biscoitinhos no trailer da mulher barbuda.
PINDUCA- Você tinha razão, Cabelo ! Ele quer me obrigar a namorar a mulher barbuda !
CABELO- É ?
PINDUCA- Você não disse ?
CABELO- Disse ?
PINDUCA- Disse sim. E agora o seu Antônio confirmou. (CHORANDO) Eu não quero namorar e nem casar com a mulher barbuda...
CABELO- Mas por que ? Ela é tão jeitosa...
PINDUCA- Jeitosa ? Qual o nome dela ?
CABELO- Mulher barbuda ?
PINDUCA- E o que uma mulher barbuda tem ?
CABELO- biscoitinhos em sua casa ?
PINDUCA- Não, idiota ! Ela tem barba !
CABELO- E daí ? Eu também tenho barba, você também tem barba, o seu Totonho também tem barba...
PINDUCA- Mas eu não não vou namorar vocês !!!! Porque só homem tem barba !
CABELO- Nossa, vivendo e aprendendo...
PINDUCA- Chega ! Cheguei ao limite com esse seu Antônio ! Estava sendo bonzinho até agora, mas não serei mais.
CABELO- E o que você pretende fazer, Pinduca ?
PINDUCA- Vou no trailer pegar o frango de volta !
CABELO- Nossa, que macheza !
PINDUCA- Esse porco sovinista mexeu com o palhaço errado. Sou Pinduca, o cara de cumbuca. Vou lá agora e não me segure, Cabelo. Não me segure ! Não me segure ! (SEGURANDO CABELO)
CABELO- Mas eu não estou te segurando.
PINDUCA- Não ?
CABELO- Não. Pode ir.
PINDUCA- De repente, quem sabe... Se você fosse um palhaço corajoso... poderia... ir buscar... o franguinho ?
CABELO- Sabia que sua macheza não iria longe.
PINDUCA- Mas vamos combinar o seguinte: pegue só duas coxas e duas asas. Acho que é o suficiente para ele não nos pôr no olho da rua.
CABELO- Eu só vou porque sou seu amigo, hein ! Se não fosse, eu não iria! Não é porque as asinhas e as coxinhas devem estar tostadinhas, temperadas, suculentas e salgadinhas !
(CABELO SAI DE CENA)
PINDUCA (AO PÚBLICO)- Não vejo a hora de comer o franguinho do Seu Antônio ! Deve estar tostadinho, temperadinho, suculento e salgadinho. Minha barriguinha continua vazia, mas agora o meu amigo Cabelo vai me ajudar.
(SURGE O FANTOCHE DA MULHER BARBUDA) (AUDIO)
MULHER BARBUDA- Pinduca !
PINDUCA (ASSUSTADO)- Olá... Mulher Barbuda...
MULHER BARBUDA- Como você vai, Pinduca ?
PINDUCA- Eu vou indo, né... Você vem pra cá e eu vou pra lá...
MULHER BARBUDA- Você irá hoje no meu trailler, comer uns biscoitinhos ?
PINDUCA- Muito obrigado, minha barriga tá bem cheinha...
MULHER BARBUDA- Mas o Seu Antônio me disse que você não tinha almoçado...
PINDUCA- Porque ele é um velho mentiroso e adora espalhar calúnias de mim por aí.
MULHER BARBUDA- Que pena, Pinduca... Os artistas do circo vão ao meu trailler para comerem biscoitos e jogar cartas.
PINDUCA- Que pena, eu não sei jogar cartas...
MULHER BARBUDA- Então tá bom. Você não sabe o que vai perder... os biscoitos estão deliciosos... São recheados com chocolate e derretem na boca...
PINDUCA (SUSPIRANDO)- Ahhhhh....
MULHER BARBUDA- Bye, bye... (SAI DE CENA)
PINDUCA- Biscoitinhos crocantes... Recheados com chocolate... Que desmancham na boca...
(VOLTA CABELO COM UMA COXA E UMA ASA DE FRANGO NAS MÃOS)
CABELO- Missão cumprida ! Palhaço Cabelo nunca falha !
PINDUCA- Mas a gente não tinha combinado que você pegaria duas coxas e duas asas ?
CABELO- Deixa de ser olho grande, Pinduca. Gula é um defeito muito sério, sabia ?
PINDUCA- É ?
CABELO- É. E muito. Onde já se viu ? Roubar duas coxas e duas asas de um pobre franguinho temperado, tostadinho, suculento e salgadinho ? Você devia ter vergonha !
PINDUCA- Desculpe, Cabelo. Isso já é o suficiente. (ESTENDE A MÃO PARA PEGAR A COXA E É IMPEDIDO POR CABELO)
CABELO- Você está saindo pior que a encomenda, Pinduca. Além de guloso, você é porco também ? Não vai lavar as mãos ?
PINDUCA- E você, lavou ?
CABELO- Claro que sim. Minhas mãos estão limpíssimas, igual bumbum de neném.
PINDUCA- Bumbum de neném que acabou de fazer cocô...Então eu vou lavar as mãos. Mas vê se você não come a coxa que é minha, ouviu ? (SAI DE CENA)
CABELO (ÀS CRIANÇAS)- Esse Pinduca é bobo mesmo ! (TIRA OUTRA COXA E OUTRA ASA DO BOLSO – ENQUANTO ISSO, COME RAPIDAMENTE AS QUE ESTAVAM EM SUAS MÃOS) (EFEITO DE ÁUDIO: VOZ DE ANTONIO)
ANTONIO- Raios ! Eu não acredito ! Roubaram as asas e as coxas do meu franguinho ! Só deixaram o peito ! Já sei ! Foi o Pinduca ! Ele vai ver só !
(CABELO FICA DESESPERADO, CORRENDO DE UM LADO PARA O OUTRO COM A BOCA CHEIA) (PINDUCA VOLTA)
PINDUCA- Não acredito que você comeu minha coxa !
CABELO , COM A BOCA CHEIA, NÃO CONSEGUE SE EXPRESSAR, FICANDO AFLITO.
PINDUCA- Não caio mais na sua conversa, Cabelo. Você é um traidor ! Não está conseguindo falar porque está com a boca cheia !
CABELO FAZ SINAL DE NEGATIVO COM A CABEÇA.
PINDUCA- Claro que está. Tem uma asa e uma coxa aí dentro.
CABELO ABRE A BOCA E PINDUCA ANALISA
PINDUCA- Não tem nada na tua boca...
CABELO- Claro que não ! Eu engoli tudo sem querer ... (SENTE DOR)
PINDUCA- E por que não estava falando ?
CABELO- Porque eu estou em pânico !
PINDUCA- Sempre com as suas desculpas, hein ? Quero outra coxa ! Quero a minha coxinha de frango temperada, tostadinha, suculenta e salgadinha agora !
CABELO- Agora não dá ?
PINDUCA- Por que não dá ?
CABELO- Porque o Seu Tonico descobriu tudo e está vindo pra cá.
PINDUCA- Que venha mesmo. Vou dizer a ele quem roubou e comeu seu frango. Vou falar pra ele quem tem que namorar e casar com a mulher barbuda ! Um palhaço traidor e ladrão de galinha !
CABELO- É ?
PINDUCA- É.
CABELO- Se eu fosse você, não faria isso.
PINDUCA- E por que ?
CABELO- Por quê ? Porquê ?
PINDUCA- Por quê ?
CABELO- Porque eu tenho uma coisa que você vai gostar muito.
PINDUCA- O que é ?
CABELO- Os biscoitinhos deliciosos, recheados e que desmancham na boca. Peguei no trailler da Mulher Barbuda. Ah, e o melhor: eles não tem pêlos !!!!
PINDUCA- Não acredito ! Você roubou a Mulher Barbuda também ?
CABELO- Eu não roubei, só peguei os biscoitinhos.
PINDUCA- E onde estão ?
CABELO- Só conto se você não me entregar para o Seu Totonho...
PINDUCA- Seu chantagista !
CABELO- Imagina só... Se o velho descobrir, você também será despedido e não comerá mais o frango e nem os biscoitinhos... Sem contar do leão, né?
PINDUCA (ASSUSTADO)- Ele falou do leão de novo ?
CABELO- Falou. Disse que vem atrás de ti com o leão na corrente. Se eu fosse você, chispava daqui. Você sabe, né, Pinduca... Aquele leão não come há mais de 1 mês...
PINDUCA- Verdade. É melhor eu me mandar... Mas daqui a pouco eu volto e vou querer os biscoitos, ouviu ? (SAI DE CENA CORRENDO)
CABELO- É muito lesado esse Pinduca... Agora vou comer o restinho do meu frango... (TIRA A ASA E A COXA DO BOLSO E COME) temperado, suculento, tostadinho e salgadinho... Que delícia... (SURGE ANTONIO)(CABELO PÕE TUDO NA BOCA)
ANTONIO- E então, Cabelo ? Por onde anda o traste do Pinduca ?
CABELO, COM A BOCA CHEIA, NÃO CONSEGUE FALAR
ANTONIO- Eu te fiz uma pergunta. Onde está o Pinduca ?... O que você tem na boca, Cabelo ?... Será que são as coxinhas e as asinhas do meu franguinho ???
(CABELO ENGOLE TUDO E SENTE DOR DE BARRIGA)
CABELO- Minha boca tá vazia, vazia, seu Totonho...
ANTONIO- Antônio ! Antônio ! Alguém comeu as coxinhas e as asinhas ! Você sabe quem foi ?
CABELO- Sei !
ANTONIO- E quem foi ?
CABELO- Só conto se eu ganhar uma recompensa.
ANTONIO- Lá vem você de novo querendo me embromar...
CABELO- Se eu senhor não quiser saber, tudo bem... Eu não falo...
ANTONIO- Fale !!! O que você quer como recompensa ?
CABELO- Pelo que fiquei sabendo dessa história... O senhor tirou os dois pezinhos de frango, né ? Depois, um ladrãozinho sem vergonha roubou as coxas e as asas... Então, sobrou apenas o peito do frango...
ANTONIO- E daí ?
CABELO- Daí que eu estou com tanta fome... Cairia muito bem um peitinho temperado, suculento, tostadinho e salgadinho...
ANTONIO- Tá certo, já perdi o apetite mesmo. Não agüento nem olhar mais para a cara do meu franguinho...
CABELO- Pois eu adoro olhar pra ele, cheirar ele, morder ele...
ANTONIO- Mas antes eu quero saber quem foi.
CABELO- Quem foi o quê ?
ANTONIO- Que roubou o frango, idiota !
CABELO- O sujeito que roubou o seu franguinho, seu Tonico ?
ANTONIO- Antônio ! Antônio ! Desembucha logo, Cabelo ! Eu tenho que ir comer os biscoitinhos e jogar cartas no trailler da mulher barbuda !
CABELO- Jogar cartas ?
ANTONIO- Isso, cartas.
CABELO- Comer biscoitinhos deliciosos ?
ANTONIO- Isso.
CABELO- No trailler da Mulher Barbuda ?
ANTONIO- Você está querendo me enlouquecer ??? Por que nunca entende uma frase de início ?
CABELO- Se eu fosse o senhor, não gritava comigo, senão eu não conto quem foi.
ANTONIO (CHORANDO)- Eu estou pagando todos os meus pecados ! me conta, me conta !
CABELO- Vou contar.
ANTONIO- Então conta.
CABELO- Vou contar agora.
ANTONIO- Então conta agora.
CABELO- Agorinha, agorinha.
ANTONIO- Conta, logo !
CABELO- Foi a Mulher Barbuda.
ANTONIO- Não é possível... Por que ela faria isso ?
CABELO- Não vou contar porque eu não sou fofoqueiro.
ANTONIO- Você é fofoqueiro ! Conta logo porque foi ela???!!!
CABELO- Mereço uma outra recompensa, já que é uma outra informação.
ANTONIO- O que você quer dessa vez, seu traste ?
CABELO- Quero o meu salário.
ANTONIO- Tudo bem, eu ia pagar amanhã mesmo...
CABELO- Então não vale.
ANTONIO- Por que não vale ?
CABELO- Porque só vale como recompensa o que o senhor não faria.
ANTONIO- Muito espertinho... E o que quer mais então ?
CABELO- Já que o senhor também é o domador do circo, quero que me ensine a fazer o leão rugir.
ANTONIO- E pra que você quer fazer o leão rugir ?
CABELO- Segredo profissional (PISCA O OLHO PARA AS CRIANÇAS).
ANTONIO- Tá bom, tá bom... É só gritar a palavra “carne”. (EFEITO DE ÁUDIO: RUGIDO DE LEÃO)
CABELO- Carne ? (OUTRO EFEITO DE RUGIDO) Carne... (OUTRO EFEITO) carne, carne,carne,carne...
ANTONIO- Chega ! Vou ficar surdo. Agora me diga: por que ela roubou as coxas e as asas ?
CABELO- Vou dizer, mas antes, vou pegar o meu peitinho do frango. (PEGA O PEITO DO FRANGO E VAI COMENDO) Que delícia, hein ?
ANTONIO- Diga logo.
CABELO- O quê ?
ANTONIO- O porquê !
CABELO- De quê ?
ANTONIO- Da Mulher Barbuda ter roubado o meu frango !!!!!
CABELO- Ah tá... Já ia me esquecendo... Ela roubou o frango para... para... para dar ao Pinduca. Isso, para dar para o Pinduca comer.
ANTONIO- E por que ela roubaria o frango para dar para o Pinduca comer?
CABELO- Essa já é uma terceira informação...
ANTONIO- Maldito palhaço ! O que vai querer agora ?
CABELO- O vestido de noiva que a sua mulher usou no seu casamento.
ANTONIO- E pra quê você quer um vestido de noiva ?
CABELO (PISCANDO PARA AS CRIANÇAS)- Segredo profissional.
ANTONIO- Ta bem, vou deixar lá no trailler pra você pegar. Agora me diga o motivo.
CABELO- Que motivo ?
ANTONIO- O motivo da mulher Barbuda roubar o frango para dar ao Pinduca, seu infeliz !
CABELO- Esse peito tá gostosinho !... Tudo bem, mas é uma história muito delicada, Seu Totonho...
ANTONIO (CHORANDO)- Antonio, Antonio...
CABELO- Isso mesmo, seu Tonico. A Mulher Barbuda e o Pinduca estão namorando. Amor total !
ANTONIO- Mas não é possível ! A Mulher Barbuda ia se casar com o cuspidor de fogo !
CABELO- Ainda bem que não casaram, né ? Já pensou se eles brigassem ? O sujeito ia queimar a barbinha dela. (GARGALHA)
ANTONIO- Mas que situação difícil... Ela roubou o frango para dar de comer ao seu amado... Preciso pensar e tomar uma decisão. Hoje nós vamos ter uma conversa muito séria. (ANTONIO SAI)
CABELO- Como tem trouxa nesse circo ! Vou acabar de comer o meu peitinho temperado, suculento, tostadinho e salgadinho ! (COME O FRANGO) (VOLTA PINDUCA) (CABELO PÕE TODO O FRANGO NA BOCA)
PINDUCA- E então, ele já foi embora com o leão ?
CABELO FAZ UM GESTO DE POSITIVO COM A CABEÇA
PINDUCA- Ele ainda está muito bravo comigo ?
CABELO FAZ UM GESTO POSITIVO COM A CABEÇA
PINDUCA- Ainda quer que eu namore com a Mulher Barbuda ?
CABELO FAZ UM GESTO POSITIVO COM A CABEÇA
PINDUCA- Você está comendo o quê dessa vez, Cabelo ?
CABELO ENGOLE O FRANGO TODO E SENTE DOR DE BARRIGA.
CABELO- Agora, nada.
PINDUCA- Já que ele foi embora e eu cumpri minha parte do acordo, agora é a sua vez.
CABELO- Vez de quê ?
PINDUCA- De cumprir a sua parte.
CABELO- Que parte ?
PINDUCA- Do acordo
CABELO- Que acordo ?
PINDUCA- Não se faça de bobo, Cabelo. Nós fizemos um acordo. Eu não entregaria você ao Seu Antônio e você me diria onde estão os biscoitos deliciosos que você pegou da Mulher Barbuda.
CABELO- É mesmo ? E não é que eu tinha me esquecido...
PINDUCA- Pois eu quero saber agora. Estou morrendo de fome e quero os biscoitinhos deliciosos, recheados com chocolate e que desmancham na boca. Onde estão ?
O RESTANTE, SÓ COM PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO (21 2799.519)
PRECISO DO FINAAAAAAAAAAAAAL
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