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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

publicado em 19/06/2011 às 00h00.

Injeção de equívocos

Setor de enfermagem atravessa grave crise. Conselho alerta para falhas na formação dos profissionais e aumento do número de erros fatais. Familiares choram vítimas da negligência
Gisele Brito
gisele.brito@folhauniversal.com.br


A criança estava quase boa e a família já via como certa a alta dali a poucas horas. Aquela, acreditavam, seria a última medicação. Assim que tomou a injeção, porém, o bebê “roxeou e começou a virar os olhos”, nas palavras da mãe. Em desespero, ela pediu socorro, mas já era tarde. Um erro irremediável havia acontecido. E toda aquela família nunca mais seria a mesma.
A história acima, salvo algumas diferenças, possui os mesmos ingredientes de outra situação que muito recentemente chocou e comoveu o País: Roseana Mércia dos Santos viu em dezembro do ano passado a filha Stephanie Teixeira, de 12 anos, morrer por ter recebido de uma auxiliar de enfermagem vaselina na corrente sanguínea, em vez de ser hidratada com soro. Já o caso que abre esta reportagem aconteceu em 1989 em um dos melhores hospitais privados de Ribeirão Preto, cidade do interior paulista, com Anderson Sant’Ana da Silva e sua mãe Ivanira Francisca Sant’Ana, e mostra que erros do setor de enfermagem não são exceção
nem novidade.

Na época, Anderson era apenas um bebê de 9 meses que, em função do erro de uma técnica em enfermagem, recebeu um medicamento diluído em cloreto de potássio em vez de água destilada, o que provocou uma parada cardiorrespiratória. O bebê ficou minutos sem oxigenação no cérebro e sofreu uma lesão grave. Felizmente, escapou com vida, apesar de ter tido seu desenvolvimento intelectual e motor prejudicado. Hoje, é um rapaz de 22 anos que se comporta como um garoto de 8. Sua mãe cuida sozinha dele e desde o episódio não pode trabalhar. “Minha vida acabou naquele dia, desde então vivo em função da vida do Anderson”, afirma Ivanira, de 45 anos.

Roseana Mércia dos Santos também não consegue trabalhar desde que a filha Stephanie morreu. A menina havia sido levada ao hospital público porque estava com diarreia leve. A orientação médica era que ela fosse hidratada com dois frascos de soro. O segundo frasco, no entanto, continha vaselina. “Eu tento retomar minha vida, mas parece que não sai da minha cabeça a minha filha pedindo: mãe, não me deixa morrer.”

Ivanira não teve mais filhos, mas sempre que precisa levar Anderson a uma consulta sente medo de que algo errado aconteça. Já Roseane, mãe de outras duas meninas diz que já chegou a proibir queixas de mal-estar dentro de casa. “Isso me lembra muito a Stephanie. Um dia tive que levar uma amiga que se acidentou aqui em casa ao hospital e não consegui descer do carro. Quando cheguei lá travei completamente e tive de ser medicada”, conta a mulher, que, coincidentemente, é filha de enfermeira. “Penso que se minha mãe fizesse uma coisa dessas, ela e eu, por ser filha dela, estaríamos sendo julgadas por todo mundo. Eu sei que podia acontecer. Mas, acho que minha mãe não faria, que seria atenciosa como a enfermeira que atendeu a Stephanie não foi.”



Setor em crise
Ambos os casos citados aconteceram em São Paulo, o estado mais rico da federação. Segundo o Conselho Regional de Enfermagem local (Coren/SP), entre 2005 e 2010 foram notificados 980 erros envolvendo enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Não existe um levantamento nacional, mas o Conselho Federal (Cofen) diz que os erros acontecem em todo o País e estão aumentando. “Os erros ainda são casos isolados. São poucos se pensarmos que existem hoje mais de 1,5 milhão de profissionais em atuação no País. Mas nos últimos 5 anos os erros se tornaram mais frequentes”, afirma Manoel Carlos Neri da Silva, presidente do Cofen.

Segundo o representante da entidade que regulamenta a atividade, entre as razões para esse aumento estão a falta de qualidade nos cursos técnicos e de graduação e a falta de valorização do profissional de enfermagem. “É uma mão de obra valorizada apenas no discurso, apesar de ser um dos sustentáculos de qualquer sistema de saúde. Nenhum hospital funciona sem o médico e o profissional de enfermagem. É o que trabalha mais e ganha menos”, resume Silva. Em São Paulo, há profissionais de enfermagem trabalhando até por R$ 800 por mês.

Segundo o Coren/SP, entre 2000 e 2010 o número de profissionais registrados em São Paulo aumentou mais de 18% e o número de escolas e instituições de ensino entre faculdades e cursos técnicos cresceu quase 30%. Hoje o estado conta com 363 mil profissionais. “Para formar essas pessoas seria preciso professores, não é? Mas nos últimos anos muitos dos antigos mestres se aposentaram e hoje boa parte dos que são professores nunca tiveram experiência prática”, diz Cláudio Alves Porto, presidente do Coren/SP.

Porto justifica o aumento no interesse pela área de enfermagem em função da alta empregabilidade, apesar dos baixos salários. “Nenhuma máquina supera o ser humano no cuidado a outro ser humano, por isso é muito difícil que o enfermeiro fique desempregado o que cria interesse pela profissão.”

Mesmo assim o País ainda carece de enfermeiros, ou seja, profissionais graduados. “A Organização Mundial de Saúde recomenda 10 enfermeiros para cada mil habitantes. No Brasil temos 0,8 enfermeiros para essa mesma população”, aponta Silva. Em alguns estados, a situação é crítica. Em Rondônia, por exemplo, os profissionais de enfermagem têm cogitado entrar em greve em função de baixos salários e da precariedade do ambiente de trabalho. “Tem tanta gente pelos corredores, pelo chão que é preciso tomar muito cuidado para que não aconteçam erros”, aponta o presidente do sindicato Ângelo Florindo.

Segundo Florindo, no hospital de base de Porto Velho há cinco profissionais para cuidar de 200 pessoas e na maternidade da mesma instituição a proporção é de um profissional para cada 12 bebês. O trabalho se intensificou ainda mais desde que duas usinas hidrelétricas começaram a ser construídas no estado e atraíram milhares de pessoas. “Quem vem para trabalhar tem plano de saúde. Mas os familiares são atendidos no hospital público, então faltam recursos humanos. Além disso, há muitos enfermeiros afastados por licença médica com problemas na coluna porque têm que atender os pacientes de cócoras. É uma falta de respeito total pelo trabalhador e pelo paciente.”

Baixos salários e jornada dupla

Rafael Tozetto concluiu o ensino técnico em enfermagem aos 18 anos em Ponta Grossa, no Paraná. Hoje, aos 24 anos, tem dois empregos, um na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital em Curitiba e outro à noite, como enfermeiro particular. “Tenho um paciente fixo dia sim, dia não. E atendo pacientes eventuais nos dias de folga”, conta. Ele dorme menos de 4 horas por dia durante a tarde e ganha cerca de R$ 2 mil por mês. “O salário base do hospital é R$ 880, então preciso de outro trabalho. O cansaço físico e psicológico é muito grande”, diz alertando que toda categoria está sujeita a erros pelo cansaço. Segundo o presidente do Cofen, Manoel Carlos Neri da Silva, não existe regulamentação sobre carga horária, nem piso salarial. “A carga de trabalho de um médico não passa de 20 horas semanais, enquanto os enfermeiros da rede pública trabalham 40 horas e os da rede privada 44”, diz.

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