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segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Gaúcho


“O gaúcho não é um tipo étnico racial, fruto do cruzamento eventual de portugueses e espanhóis com os índios do Cone Sul da América. Houve gaúchos autênticos que foram portugueses. Outros, espanhóis, outros, índios puros, guaranis ou m’baias. Alguns foram negros. No Rio Grande do Sul são conhecidos, ao longo da História, gaúchos de sangue alemão, de sangue italiano e até mesmo gaúchos judeus e gaúchos descendentes de árabes.” (Antonio Augusto Fagundes).
O gaúcho se caracteriza por sua atividade, seu modo de viver, pelos usos, costumes, crenças, valores, sua cultura, enfim.
No princípio os donos desta terra sul-rio-grandense eram os índios (Tapes, Charruas, Patos, Minuanos, entre outros) dos quais o gaúcho herdou o uso das boleadeiras, do laço, o governo do cavalo, o chimarrão, o pala, o chiripá, lendas e mitos.
Vieram os espanhóis. Primeiro os padres jesuítas que trouxeram o gado, depois os prisioneiros, desertores ou aventureiros que cruzaram o Rio Uruguai produzindo a primeira mestiçagem com os índios. Até 1750 o “Continente”, como os portugueses denominavam o Rio Grande, pertencia à Coroa Espanhola.
Não tardaram os Bandeirantes, paulistas e curitibanos, brasileiros mestiços, organizados em bandeiras para explorar o território, apresar índios reduzidos e formar vilas, hoje cidades, como Passo Fundo, Cruz Alta e Vacaria. Chamados birivas, foram grandes tropeiros. O tropeirismo teve papel fundamental no desenvolvimento e na integração do Estado e do Brasil.
Com o tratado de Madrid (causa principal da Guerra Guaranítica que dizimou e dispersou os indígenas) chegaram os açorianos (portugueses Ilhéus). Expansivos e muito dados ao recreio, nos legaram as danças como a “chimarrita”, o “tatu”, o “anu” e a “tirana”. Podemos dizer que os “casais açorianos” foram responsáveis primeiros pelo fortalecimento do conceito de “família” como o temos nos dias atuais. A festa do Divino Espírito Santo, a pesca artesanal do mar. Trovas, canções e provérbios são devidos aos açorianos que nos deram, também, o “tu”.
Os negros trazidos como escravos pelos portugueses ou por brasileiros descendentes de portugueses e índios (mestiços), chegaram a partir de 1725. Inicialmente trabalharam nas fazendas, que se formavam a partir da distribuição das sesmarias, e depois constituíram a mão de obra preferencial das charqueadas. Os negros foram peões de estância, carreteiros, domadores, e valorosos soldados. Escravos negros que fugiam da escravidão, chamados “caiambolas”, formaram vários quilombos. Legaram ao gaúcho a feijoada, o mocotó e o quibebe. São deles várias palavras do linguajar gauchesco (cacimba, sanga, xerenga, etc).
A alegria, a coragem, a generosidade o gosto pela liberdade e o amor intransigente ao “pago”, são características marcantes do gaúcho. Estas virtudes podem ser atribuídas ao somatório das crenças, valores e ideais das diversas etnias até aqui citadas. Porém, devemos acrescentar a esta primeira formatação do gaúcho, outras etnias, especialmente as duas mais significativas, seja pela abrangência, seja pela significação numérica de imigrantes: os alemães e os italianos.
Os imigrantes (colonos) europeus deram importante contribuição na formação do gaúcho, como o temos hoje. A ética do trabalho, o cultivo da terra, o gosto pela cantoria, a religiosidade, vários pratos da nossa culinária, algumas danças e, do alemão, até o serigote (tipo de encilha para os animais cavalares).
Além dessas origens étnicas, em algumas regiões do Estado vamos encontrar poloneses, judeus, árabes, suecos e muitas outras etnias. Cada uma delas contribuiu para que hoje tivéssemos o gaúcho como resultado de uma mescla de raças.

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