O Chimarrão é um legado do índio Guarani.
Sempre presente no dia-a-dia, o chimarrão constituiu-se na bebida
típica do Rio Grande do Sul, ou seja, na tradição representativa do
nosso pago. Também conhecido como mate amargo, como bebida preferida
pelo gaúcho, constitui-se no símbolo da hospitalidade e da amizade do
gaúcho. É o mate cevado sem açúcar, preparado em uma cuia e sorvido
através de uma bomba. É a bebida proveniente da infusão da erva-mate,
planta nativa das matas sul-americanas, inclusive no Rio Grande do Sul.
O homem branco, ao chegar no pago gaúcho, encontrou o índio guarani
tomando o CAA, em porongo, sorvendo o CAÁ-Y, através do TACUAPI.
Podemos dizer, que o chimarrão é a inspiração do aconchego, é o
espírito democrático, é o costume que, de mão – em – mão, mantém acesa a
chama da tradição e do afeto, que habita os ranchos, os galpões dos
mais longínquos rincões do pago do sul, chegando a ser o maior veículo
de comunicação.
O mate é a voz quíchua, que designa a cuia, isto é, o recipiente para
a infusão do mate. Atualmente, por extensão passou a designar o
conjunto da cuia, erva-mate e bomba, isto é, o mate pronto.
O homem do campo passou o hábito para a cidade, até consagrá-lo
regional. O Chimarrão é um hábito, uma tradição, uma espécie de
resistência cultural espontânea.
Os avios ou os apetrechos do mate constituem o conjunto de utensílios
usados para fazer o mate. Os avios do mate são fundamentalmente a cuia e
a bomba.
A Lenda da Erva Mate
Contam que um guerreiro guarani, que pela velhice não podia mais sair
para as guerras, nem para a caça e pesca, porque suas pernas trôpegas
não mais o levavam, vivia triste em sua cabana. Era cuidado por sua
filha, uma bela índia chamada Yari, que o tratava com imenso carinho,
conservando – se solteira, para melhor se dedicar ao pai.
Um dia, o velho guerreiro e sua filha receberam a visita de um
viajante, que foi muito bem tratado por eles. À noite, a bela jovem
cantou um canto suave e triste para que o visitante adormecesse e
tivesse um bom descanso e o melhor dos sonos.
Ao amanhecer, antes de recomeçar a caminhada, o viajante confessou
ser enviado de Tupã, e para retribuir o bom trato recebido, perguntou
aos seus hospedeiros o que eles desejavam, e que qualquer pedido seria
atendido, fosse qual fosse.
O velho guerreiro, lembrando que a filha, por amor a ele, para melhor
cuidá-lo, não se casava apesar de muito bonita e disputada pelos jovens
guerreiros da tribo, pediu algo que lhe devolvesse as forças, para que
Yari, livre de seu encargo afetivo, pudesse casar.
O mensageiro de Tupã entregou ao velho um galho de árvores de Caá e
ensinou a preparar a infusão, que lhe devolveria as forças e o vigor, e
transformou Yari em deusa dos ervais, protetora da raça guarani.
A jovem passou a chamar-se Caá-Yari, a deusa da erva-mate, e a erva
passou a ser usada por todos os componentes da tribo, que se tornaram
mais fortes, valentes e alegres.
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