A enurese noturna, que nada mais é que o ato da pessoa fazer xixi na cama, é um fato cotidiano na vida de crianças de 0 a 5 anos de idade. A enurese noturna pode inclusive afetar pessoas na adolescência e, em casos raros, na fase adulta, caso não tratado corretamente. Aproveitando o tema em questão, a primeira pergunta que vem à cabeça de cada nove entre dez pais é a seguinte: por que a criança muitas vezes não consegue controlar a vontade de urinar enquanto dorme?
Acontece que até mais ou menos os três anos de idade o queridinho da família ainda não tem o completo desenvolvimento da micção, ação responsável pela coordenação dos órgãos do sistema urinário. Logicamente a formação varia conforme a criança, entretanto, somente a partir dos 5 anos ela já possui o controle diurno da micção. A enurese noturna é mais comum em meninos (três casos para cada um do sexo feminino).
O hábito de fazer xixi na cama passa a ser encarado de forma mais preocupante após o quinto ano de vida, fase em que a criança já devia ter maior controle da micção. A causa da enurese noturna pode estar relacionada a problemas psico-sociais, como crises na família (separação dos pais, brigas, medo ou falta de atenção); hereditariedade (pais que na infância também tiveram problemas semelhantes) e problemas na bexiga (instabilidade vesical e outras disfunções anatômicas).
A médica residente em pediatria do Hospital Guilherme Álvaro, de Santos/SP, Marcellina Basseto explica que os pais devem estimular desde cedo o filho a ter maior controle miccional. A especialista afirma que é fundamental que os pais exponham à criança os transtornos causados pela enurese noturna, ilustrando o pensamento de maneira educativa e nunca de forma repreensiva. "O pai deve ter calma ao conversar com o filho, procurando saber se existe algum problema que o afeta. O nervosismo na conduta pode deixar a criança ainda mais angustiada, podendo atrapalhar em vez de ajudá-la a melhorar", informa.
Como controlar o pipi durante o sono - A profissional destaca alguns exercícios simples que contribuem para a conscientização e desenvolvimento voluntário da micção. A primeira delas é levar a criança para urinar e, durante o ato, interromper a micção por alguns segundos para, em seguida, fazer com que ela volte a fazer xixi. A atividade exercita o músculo da bexiga conhecido como esfíncter, que controla a perda urinária.
Outra recomendação é fazer um calendário, onde os pais, com a participação da criança, anotam os dias em que a criança ficou sem urinar na cama. Uma terceira iniciativa visando controlar a "torneirinha" durante o sono é fazer com que a criança, acompanhada do pai ou da mãe, lave o lençol e o pijama molhado pela urina, mesmo que seja de mentirinha (roupas previamente lavadas). Nesses dois últimos casos citados, o estímulo à conscientização por parte da criança é o principal objetivo desejado.
"Ao término de cada atividade, os pais devem dar uma prenda ao filho como recompensa pela sua participação com sucesso. A atitude estimulará a seguir suas lições corretamente", completa Marcellina Bassetto.
Bruno Thadeu
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