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segunda-feira, 23 de abril de 2012



Saudades da infância, da mocidade...  da juventude, das férias e a liberdade, nos princípios da virtude e dos valores ensinados por Rochinha e Mindoquinha.
Lembro como se fosse hoje, do tempo em que minha mãe dedicava todo o tempo dela, sua preocupação com a comida, casa... Doces feitos no tacho de ferro... E de uma senhora que conversava enquanto ela fazia o doce e perguntava sempre: - Perada ou Pessegada, Arminda? Isso que a minha mãe já havia dito de que era o tal doce, inúmeras vezes.
Também lembro das gargalhadas da mãezinha, das trancinhas em meus cabelos com fita xadrez nas pontas, das franjas, das suas lágrimas escondidas, das noites de febre em que ela dormia em meu quarto ou quando eu inventava doença só para eu dormir entre meu pai e ela.
Também me lembro quando algum bichinho de estimação morria e da minha mãe os enterrando no quintal e semeando flores em seus túmulos dando explicação de que a vida era apenas um ciclo, que só morria quem um dia já viveu e foi muito feliz. Como pode? Somente agora me dou conta que ela preparava-me para a sua partida.
Lembro-me das guerras de cócegas com minhas irmãs, do cuidado dos meus irmãos para comigo, deles me levando e buscando na escola, de ser arrastada dentro de uma caixa de papelão, carrinho de rolimã, pernas de pau... E como não poderia deixar de faltar as resingas e brigas.
Lembro da cara feia do Rochinha quando eu fazia alguma coisa errada (Puxava o tapete da Brasil, apitava nas campainhas ... Estourava bexiguinhas e como esse olhar de reprovação me causava medo ... Quanto respeito!!!
Saudades das festas bonitas... Dos blocos... Dos amigos: As Toledo, Os filhos do Paraguai, o filhos da Sra Sílvia (Carlouis), os  filhos do sr.  Léo Fialho, sra Dorinha Amada...
Sempre há o que se falar desse sentimento. Mas precisamos acordar para o presente... Nele está a nossa maior riqueza: Nossos filhos!
Os anseios da juventude e as saudades da infância, por um lado, e o prazer de um firme compromisso.
O tempo é o maior dos ladrões, ele nos rouba à infância, a juventude, a beleza, a saúde, a consciência até... Saudades da infância querida, jamais esquecida.
O estranho é que apenas agora, hoje, aqui, neste momento enquanto escrevo é que pude perceber o quanto eu era feliz, muito feliz! Eu ainda sou feliz e continuarei buscando sempre para ser melhor e fazer meus filhos felizes!
Lembro-me dos verões dormindo no pátio, dos invernos em casa escutando “eletrola” e comendo pipoca que era milimetricamente dividida em seis recipientes iguais para evitar as brigas.
Tão belo era outrora!
A infância se foi
E a mocidade logo atrás
O tempo correu
Mas a vida não se foi
Tivemos o privilégio
De sermos amigos, vizinhos.
Desde crianças participamos
No dia a dia
Brincadeiras, alegrias
Inocência
Crescemos
O coração continua
Não somos adultos chatos
Ainda somos metade infância/mocidade
E outra metade velhice
Crianças, para que não esqueçamos o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenhamos pressa.
Hoje, restam as recordações com imagens de um tempo onde a infância era como o canto que acordava o coração de alegria.
Hoje ainda ouvimos o mesmo canto e relembrando revivemos contando as nossas peraltices inocentes aos nossos filhos.



Infância e velhice,
Épocas na vida,
Em que a felicidade está numa caixa de bombons.
Há na memória
De repente
Um lembrar de brinquedos e pessoas queridos
Queridos ... Mas
que ficaram esquecidos
Bate uma saudade
uma vontade,
De voltar no tempo
De voltar ao passado
Mas nunca vai acontecer
Eu queria voltar a ser criança
Aquela criança
Que não queria crescer!
Para realizar os velhos sonhos da minha infância!
E aí ... estaria de volta à Mallet
E fazer tudo o que não tive tempo de fazer, nem dizer!!!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

LEI 9394/96  – A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional é uma lei criada desde 1971 e que foi realmente reconhecida como tal em 1996 no Governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. A LDB só veio acrescentar informações e obrigatoriedades de extrema importância na educação do Brasil, pois de acordo com ela, a educação é um direito de todos e as crianças precisam ter acesso ao ensino desde os primeiros anos de vida, com a inclusão dessas em creches e em pré-escolas.
De acordo com essa lei as escolas precisam ter oitocentas horas na carga horária, que devem ser distribuídas no decorrer do ano letivo. Essa carga horária deve ser respeitada e utilizada de forma a alimentar com conhecimento todos os alunos, independente da escola ser pública o particular. A educação precisa ser vista como uma condição na preparação dos jovens não só para o mercado de trabalho mas para sua vivência dentro da sociedade.
A lei que foi recentemente reformulada e traz informações importantes referente aos currículos, avaliações para ingresso no ensino superior, participação dos professores na educação e integração do aluno na sociedade, ensino a distância, sistema estadual de ensino e sistema municipal de ensino e muitas outras informações que vale a pena conferir.
LDB ATUALIZADA 2011 MEC – LDB ATUALIZADA E COMENTADA EM PDF  – Se você ficou curioso para entender um pouco mais sobre essa atualização LDB 2011 e quer vê-la comentada. A LDB atualizada também se preocupa no tempo de permanência do aluno no espaço escolar e a diminuição do tempo de sua vida na escola por motivo de repetência. O ideal seria que as escolas adotassem o sistema de período integral, onde os alunos possam estudar no período da manhã, almoçar na escola e a tarde ter atividades extra curriculares, tais como esportes, aulas de artesanato, línguas estrangeiras, aulas de reforço e outras atividades que farão parte da formação desse estudante.
Lei de Diretrizes e Bases - 1996

Com a promulgação da Constituição de 1988, a LDB anterior (4024/61) foi considerada obsoleta, mas apenas em 1996 o debate sobre a nova lei foi concluído.

A atual LDB (Lei 9394/96) foi sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo ministro da educação Paulo Renato em 20 de dezembro de 1996. Baseada no princípio do direito universal à educação para todos os LDB de 1996 trouxe diversas mudanças em relação às leis anteriores, como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escolas) como primeira etapa da educação básica.
[editar] Principais características

    Darcy Ribeiro foi o relator da lei 9394/96
    Gestão democrática do ensino público e progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares (art. 3 e 15)
    Ensino fundamental obrigatório e gratuito (art. 4)
    Carga horária mínima de oitocentas horas distribuídas em duzentos dias na educação básica (art. 24)
    Prevê um núcleo comum para o currículo do ensino fundamental e médio e uma parte diversificada em função das peculiaridades locais (art. 26)
    Formação de docentes para atuar na educação básica em curso de nível superior, sendo aceito para a educação infantil e as quatro primeiras séries do fundamental formação em curso Normal do ensino médio (art. 62).
    Formação dos especialistas da educação em curso superior de pedagogia ou pós-graduação (art. 64)
    A União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no mínimo 25% de seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino público (art. 69)
    Dinheiro público pode financiar escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas (art. 77).
    Prevê a criação do Plano Nacional de Educação (art. 87)

[editar] Histórico

O texto aprovado em 1996 é resultado de um longo embate, que durou cerca de seis anos, entre duas propostas distintas. A primeira conhecida como Projeto Jorge Hage foi o resultado de uma série de debates abertos com a sociedade, organizados pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, sendo apresentado na Câmara dos Deputados. A segunda proposta foi elaborada pelos senadores Darcy Ribeiro, Marco Maciel e Maurício Correa em articulação com o poder executivo através do MEC.

A principal divergência era em relação ao papel do Estado na educação. Enquanto a proposta dos setores organizados da sociedade civil apresentava uma grande preocupação com mecanismos de controle social do sistema de ensino, a proposta dos senadores previa uma estrutura de poder mais centrada nas mãos do governo. Apesar de conter alguns elementos levantados pelo primeiro grupo, o texto final da LDB se aproxima mais das idéias levantadas pelo segundo grupo, que contou com forte apoio do governo FHC nos últimos anos da tramitação.
[editar] Estrutura

Possui 96 artigos, organizados da seguinte maneira:

    Título I - Da educação
    Título II - Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
    Título III - Do Direito à Educação e do Dever de Educar
    Título IV - Da Organização da Educação Nacional
    Título V - Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
        Capítulo I - Da Composição dos Níveis Escolares
        Capítulo II - Da Educação Básica
            Seção I - Das Disposições Gerais
            Seção II - Da Educação Infantil
            Seção III - Do Ensino Fundamental
            Seção IV - Do Ensino Médio
            Seção V - Da Educação de Jovens e Adultos
        Capítulo III - Da Educação Profissional
        Capítulo IV - Da Educação Superior
        Capítulo V - Da Educação Especial
    Título VI - Dos Profissionais da Educação
    Título VII - Dos Recursos Financeiros
    Título VIII - Das Disposições Gerais
    Título IX - Das Disposições Transitórias

[editar] Lei de Diretrizes e Bases - 1971

Foi publicada em 11 de agosto de 1971, durante o regime militar pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.
[editar] Principais características

    Prevê um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º grau e uma parte diversificada em função das peculiaridades locais (art. 4)
    Inclusão da educação moral e cívica, educação física, educação artística e programas de saúde como matérias obrigatórias do currículo, além do ensino religioso facultativo (art. 7).
    Ano letivo de 200 dias (art. 24)
    Ensino de 1º grau obrigatório dos sete aos 14 anos (art. 20)
    Educação a distância como possível modalidade do ensino supletivo (art. 25)
    Formação preferencial do professor para o ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, em habilitação específica no 2º grau (art. 30 e 77).
    Formação preferencial do professor para o ensino de 1º e 2º grau em curso de nível superior ao nível de graduação (art. 30 e 77)
    Formação preferencial dos especialistas da educação em curso superior de graduação ou pós-graduação (art. 33)
    Dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas (art. 43 e 79)
    Os municípios devem gastar 20% de seu orçamento com educação, não prevê dotação orçamentária para a União ou os estados (art. 59).
    Progressiva substituição do ensino de 2º grau gratuito por sistema de bolsas com restituição (art. 63)
    Permite o ensino experimental (art. 64)
    Pagamento por habilitação (art. 39)

[editar] Estrutura

Possui 88 artigos, organizados da seguinte maneira:

    Capítulo I - Do Ensino de 1º e 2º Graus
    Capítulo II - Do Ensino de 1º Grau
    Capítulo III - Do Ensino de 2º Grau
    Capítulo IV - Do Ensino Supletivo
    Capítulo V - Dos Professores e Especialistas
    Capítulo VI - Do Financiamento
    Capítulo VII - Das Disposições Gerais
    Capítulo VIII - Das Disposições Transitórias

[editar] Lei de Diretrizes e Bases - 1961

A primeira LDB foi publicada em 20 de dezembro de 1961 pelo presidente João Goulart, quase trinta anos após ser prevista pela Constituição de 1934. O primeiro projeto de lei foi encaminhado pelo poder executivo ao legislativo em 1948, foram necessários treze anos de debate até o texto final.
[editar] Principais características

    Dá mais autonomia aos órgãos estaduais, diminuindo a centralização do poder no MEC (art. 10).
    Regulamenta a existência dos Conselhos Estaduais de Educação e do Conselho Federal de Educação (art. 8 e nove)
    Garante o empenho de 12% do orçamento da União e 20% dos municípios com a educação (art. 92)
    Dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas (art. 93 e 95)
    Obrigatoriedade de matrícula nos quatro anos do ensino primário (art. 30)
    Formação do professor para o ensino primário no ensino normal de grau ginasial ou colegial (art. 52 e 53)
    Formação do professor para o ensino médio nos cursos de nível superior (art. 59).
    Ano letivo de 180 dias (art. 72)
    Ensino religioso facultativo (art. 97)
    Permite o ensino experimental (art. 104)

[editar] Histórico

A Constituição de 1891, primeira do período republicano, pouco trata da educação por primar pela autonomia das unidades federativas. Ficava subentendido que a legislação nessa matéria deveria ser resolvida no âmbito dos estados. Cabia à Federação apenas o ensino superior da capital (art. 34º), a instrução militar (art. 87º) e a tarefa, não exclusiva, de "animar, no país, o desenvolvimento das letras, artes e ciências" (art. 35º). Não havia nessa Carta e também na anterior (Constituição de 1824) nem sequer a menção à palavra "educação".

Até a década de 1930, os assuntos ligados à educação eram tratados pelo Departamento Nacional do Ensino ligado ao Ministério da Justiça. Somente em 1931 foi criado o Ministério da Educação.


A Constituição de 1934 dedica um capítulo inteiro ao tema, trazendo à União a responsabilidade de "traçar as diretrizes da educação nacional" (art. 5º) e "fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino em todos os graus e ramos, comuns e especializados" para "coordenar e fiscalizar a sua execução em todo o território do país" (art. 150º). Através da unidade gerada por um plano nacional de educação e da escolaridade primária obrigatória pretendia-se combater a ausência de unidade política entre as unidades federativas, sem com isso tirar a autonomia dos estados na implantação de seus sistemas de ensino. Idéia defendida pelos educadores liberais, dentre os quais se destacava Anísio Teixeira.

Um ponto importante de disputa que refletiu diretamente na tramitação da primeira LDB foi à questão do ensino religioso. Enquanto a proclamação da República teve como pano de fundo a separação entre Estado e igreja, a segunda Carta marca essa reaproximação. No que diz respeito à educação, instaura o ensino religioso de caráter facultativo, e de acordo com os princípios de cada família, nas escolas públicas (art. 153º).

A despeito do ensino religioso, a Carta de 1934 pode ser considerada uma vitória do grupo de educadores liberais, organizados através da Associação Brasileira de Educação, por atender suas principais proposições.

Porém, apenas três anos depois a Constituição de 1937, promulgada junto com o Estado Novo, sustentava princípios opostos às idéias liberais e descentralistas da Carta anterior. Rejeitava um plano nacional de educação, atribuindo ao poder central à função de estabelecer as bases da educação nacional. Com o fim do Estado Novo, a Constituição de 1946 retomou em linhas gerais o capítulo sobre educação e cultura da Carta de 1934, iniciando-se assim o processo de discussão do que viria a ser a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
[editar] A tramitação da lei

Dois grupos disputavam qual seria a filosofia por trás da primeira LDB. De um lado estavam os estadistas, ligados principalmente aos partidos de esquerda. Partindo do princípio de que o Estado precede o indivíduo na ordem de valores e que a finalidade da educação é preparar o indivíduo para o bem da sociedade, defendiam que só o Estado deve educar. Escolas particulares podem existir, mas como uma concessão do poder público.

O outro grupo, denominado de liberalista e ligado aos partidos de centro e de direita, sustentava que a pessoa possui direitos naturais e que não cabe ao Estado garanti-los ou negá-los, mas simplesmente respeitá-los. A educação é um dever da família, que deve escolher dentre uma variedade de opções de escolas particulares. Ao Estado caberia a função de traçar as diretrizes do sistema educacional e garantir, por intermédio de bolsas, o acesso às escolas particulares para as pessoas de famílias de baixa renda.

Na disputa, que durou dezesseis anos, as idéias dos liberalistas se impuseram sobre as dos estadistas na maior parte do texto aprovado pelo Congresso.
[editar] Estrutura

Possui 120 artigos, organizados da seguinte maneira:

    Título I - Dos Fins da Educação
    Título II - Do Direito à Educação
    Título III - Da Liberdade do Ensino
    Título IV - Da Administração do Ensino
    Título V - Dos Sistemas de Ensino
    Título VI - Da Educação de Grau Primário
        Capítulo I - Da Educação Pré-Primária
        Capítulo II - Do Ensino Primário
    Título VII - Da Educação de Grau Médio
        Capítulo I - Do Ensino Médio
        Capítulo II - Do Ensino Secundário
        Capítulo III - Do Ensino Técnico
        Capítulo IV - Da Formação do Magistério para o Ensino Primário e Médio
    Título VIII - Da Orientação Educativa e da Inspeção
    Título IX - Da Educação de Grau Superior
        Capítulo I - Do Ensino Superior
        Capítulo II - Das Universidades
        Capítulo III - Dos Estabelecimentos Isolados de Ensino Superior
    Título X - Da Educação de Excepcionais
    Título XI - Da Assistência Social Escolar
    Título XII - Dos Recursos para a Educação
    Título XIII - Disposições Gerais e Transitórias

Educação Infantil


Desde 1996 com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96), a educação infantil passou a integrar a Educação Básica, juntamente com o ensino fundamental e o ensino médio. Segundo a LDB em seu artigo 29: A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
De acordo com a Lei, a educação infantil  deve ser oferecida em creches para as crianças de 0 a 3 anos, e em pré-escolas para as crianças de 4 e 5anos. Porém ela não é obrigatória. Dessa forma, a implantação de Centros de Educação Infantil é facultativa, e de responsabilidade dos municípios.
Diferente dos demais níveis da educação, a educação infantil não tem currículo formal. Desde 1998 segue o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, um documento equivalente aos Parâmetros Curriculares Nacionais que embasa os demais segmentos da educação Básica.
Segundo os Referenciais, o papel da educação infantil é o CUIDAR da criança em espaço formal, contemplando a alimentação, a limpeza e o lazer (brincar). Também é seu papel EDUCAR, sempre respeitando o caráter lúdico das atividades, com ênfase no desenvolvimento integral da criança.
Não cabe à educação infantil alfabetizar a criança. Nessa fase ela não tem maturidade neural para isso, salvo os casos em que a alfabetização é espontânea.
Segundo os Referenciais, devem ser trabalhados os seguintes eixos com as crianças: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática.
O objetivo é o de desenvolver algumas capacidades, como: ampliar relações sociais na interação com outras crianças e adultos, conhecer seu próprio corpo, brincar e se expressar das mais variadas formas, utilizar diferentes linguagens para se comunicar, entre outros.
Alguns aspectos previstos nos Referenciais para adequar as escolas de educação infantil às necessidades das crianças são desconhecidos da maioria dos pais, tais como: As escolas devem ter duas cozinhas, uma para as crianças de 0 a 3 anos e outra para crianças de 4 e 5 anos, o espaço físico deve ser de 2 m² por criança em sala, e inclusive deve ter fraldário e lactário independentes da sala de aula.
A ênfase da educação infantil é ESTIMULAR as diferentes áreas de desenvolvimento da criança, aguçar sua curiosidade, sendo que, para isso, é imprescindível que a criança esteja feliz no espaço escolar.

A EDUCAÇÃO INFANTIL NA NOVA LDB

     Ângela Rebelo

            A expressão educação infantil e sua concepção com primeira etapa da educação básica  está agora na lei maior da educação do país, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sancionada em 20 de dezembro de 1996. Se o direito de 0 a 6 anos à educação em creches e pré – escolas já estava assegurado  na Constituição de 1988 e reafirmado no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, a tradução deste direito em diretrizes e normas, no âmbito da educação nacional, representa um marco histórico de grande importância para a educação infantil em nosso país.
            A inserção da educação infantil na educação básica, como sua primeira etapa, é o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art. 22 da Lei: “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando , assegurar – lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer – lhes meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores”.
            A educação infantil recebeu um destaque na nova LDB, inexistente nas legislações anteriores. É tratada na Seção II, do capítulo II (Da Educação Básica), nos seguintes termos:
Art. 29 A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Art. 30 A educação infantil será oferecida em: I – creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré – escolas para crianças de  quatro a seis anos de idade.
Art. 31 Na educação infantil a avaliação far – se – á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.
            Da leitura desses artigos, é importante destacar, além do que já comentamos a respeito da educação infantil como primeira etapa da educação básica:
1)     A necessidade de que a educação infantil promova o desenvolvimento do indivíduo em todos os seus aspectos, de forma integral e integrada, constituindo – se no alicerce para o pleno desenvolvimento do educando. O desenvolvimento integral da criança na faixa etária de 0 a 6 anos  torna – se imprescindível  a indissociabilidade das funções de educar e cuidar.
2)     Sendo a açõa da educação infantil complementar à da família e à da comunidade, deve estar com essas articuladas, o que envolve a busca constante do diálogo com as mesmas, mas também implica um papel específico das instituições de educação infantil no sentido de ampliação das experiências, dos conhecimentos da criança, seu interesse pelo ser humano, pelo processo de  transformação da natureza e pela convivência em sociedade.
3)     Ao explicitar que a avaliação na educação infantil não tem objetivo de promoção e não constitui pré – requisito para acesso ao ensino fundamental, a LDB traz uma posição clara contra as práticas de alguns sistemas e instituições que retêm as crianças na pré – escola até que se alfabetizem, impedindo seu acesso ao ensino fundamental aos sete anos.
4)     Avaliação pressupõe sempre referências, critérios, objetivos e deve ser orientadora, ou seja, deve visar o aprimoramento da ação educativa, assim como o acompanhamento e registro do desenvolvimento (integral, conforme Art. 29) da criança deverá ter  como referência objetivos estabelecidos no projeto pedagógico da instituição e o professor. Isto exige que o profissional da educação infantil desenvolva habilidades de observação  e de registo do desenvolvimento da criança e que reflita permanentemente sobre sua prática, aperfeiçoando – a  no sentido do alcance dos objetivos.
Além da seção específica sobre a educação infantil, a LDB define em outros artigos aspectos relevantes para essa etapa da educação. Assim, quando trata “Da Organização da Educação Nacional” (capítulo IV), estabelece o regime de colaboração entre a União, os Estados e o Municípios na organização de seus sistemas de ensino. É afirmada a responsabilidade principal do município na educação infantil , com o apoio financeiro e técnico de esferas federal e estadual.
            Uma das partes mais importantes da LDB é a que trata Dos Profissionais da Educação. São sete artigos que estabelecem diretrizes sobre a informação e a valorização destes profissionais. Define o Art. 62 que a “formação de docentes para atuar na educação básica far – se á em nível superior , em curso de licenciatura , de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admita para formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal”.
            Deve – se ainda destacara na Disposições Transitórias, a instituição da Década da Educação,  a iniciar –s e um ano após a publicação da Lei, e que até o fim da mesma “somente serão admitidos  professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço” (Art. 87§4°).
Há um artigo das Disposições Transitórias que tem uma relevância ímpar para a educação infantil. Trata – se do Art.89, que afirma que “as creches e pré – escolas existentes ou que venham a ser criadas, no prazo de três anos, a contar da publicação desta lei, integrar – se –ão ao respectivo sistema de ensino”.
Para atender a este prazo, urge que os sistemas de ensino e as instâncias reguladoras da área da educação estabeleçam normas e diretrizes que garantam  o caráter educativo da creches e pré – escolas e sua inserção real nos sistemas de ensino, especialmente nas creches  que, como é sabido, têm – se caracterizado mais por seu caráter assistencial que pelo educativo.
Assumindo seu papel na formulação de políticas e programas de âmbito nacional, o MEC, por intermédio da SEF / DPE / Coordenação – Geral  de educação infantil, está promovendo a articulação com o Conselho Nacional, Estaduais e Municipais de Educação, visando estabelecer critérios comuns para credenciamento e funcionamento de instituições de educação infantil e apoiar essas instâncias na divulgação e implementação desses critérios. O MEC, juntamente com o Ministério do Trabalho e o Ministério da Previdência e Assistência Social, apoiará projetos que visem a formação dos profissionais que já atuam na educação infantil e que não possuem a escolaridade mínima exigida em Lei (ensino médio).

quarta-feira, 11 de abril de 2012

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Você tem Lasefoia?

ENFERMIDADE: LASEFOIA



LASEFOIA :Enfermidade ainda não aceita pela classe médica. Entretanto, milhões de pessoas em todo mundo padecem deste mal e esperam a aprovação da Organização Mundial de Saúde para que se estude e se encontre a cura para esta mortal enfermidade que, cada dia, é adquirida por milhares de pessoas.

Se você tiver 3 ou mais sintomas indicados abaixo é sinal de alerta vermelho!!!



SINTOMAS QUE DEFINEM O APARECIMENTO DESTA PATOLOGIA:



1.- Se um café te provoca insônia.



2.- Se uma cerveja te leva direto ao banheiro.



3.- Se tudo te parece muito caro.



4.- Se qualquer coisa te altera.



5.- Se todo pequeno excesso alimentar te provoca aumento de peso.



6.- Se a feijoada "cai" como chumbo no estômago.



7.- Se o sal sobe a tua pressão arterial.



8.- Se em uma festa pedes a mesa mais distante possível da música e das pessoas.



9.- Se amarrar os sapatos te produz dor nos quadris.



10.- Se a TV te provoca sono.



Todos esses sintomas são prova irrefutável que padeces de Lasefoia



LÁ-SE-FOI-A juventude !!!

4 COISAS QUE NÃO VOLTAM JAMAIS ...


















"A hora é agora. Perdoe, arrependa-se e ame! Amanhã pode ser tarde demais..."

terça-feira, 10 de abril de 2012

Liberdade de Expressão

Liberdade de expressão é o direito de manifestar livremente opiniões, ideias e pensamentos. É um conceito basilar nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral.

Como Colocar Um Fim à Dor Emocional - Bel Cesar

Podemos localizar em nossa vida fases em que uma dor emocional permanece instalada em nós por um longo período - um ano e meio, pelo menos. Vamos dormir sabendo que, ao acordar, sentiremos a mesma dor no peito. Geralmente isso ocorre quando vivemos algo maior do que nossa capacidade de elaborar.

A meta de transformar o sofrimento em autoconhecimento faz com que nos sintamos íntimos da nossa dor, tão próximos dela que, às vezes, sentimos pena de deixá-la. Eu me lembro claramente da primeira vez que senti nostalgia por perceber que uma dor emocional estava para acabar. Cheguei a perguntar para Gueshe Sherab: Será que sem esta dor continuarei aprendendo tanto quanto aprendi ao senti-la?. Ele riu e me respondeu: Você não precisa chamar a dor para evoluir, pode ter certeza que sempre haverá sofrimento suficiente para aprender algo com ele. Quando a mente não está sobrecarregada com uma dor intensa, pensa melhor.

Se estivermos sofrendo pela mesma dor há muito tempo, devemos identificar o momento de nos desapegarmos dela. É necessário sentirmos a dor apenas enquanto ela nos ajudar a aprender mais a nosso próprio respeito, ou seja, enquanto ela representar uma forma de ampliarmos a visão acerca de nós mesmos.

Parece óbvio que ninguém deseja se apegar à dor. Na realidade, porém, desapegar-se dela talvez seja um de nossos maiores desafios.

Aceitar a necessidade de abandonar um padrão emocional, mesmo que ele implique sofrimento, pode ser tão difícil quanto aceitar a morte de um ente querido, pois sentimos como se perdêssemos algo de nós mesmos. Em ambos os casos devemos aprender a fazer o luto. Como escreve Christine Longaker em Esperança diante da morte (Ed.Rocco): O processo de recuperação da nossa dor pode nos ajudar a viver de maneira mais plena e apreciar cada dia e cada pessoa, como uma dádiva insubstituível. No luto, devemos por fim nos desapegar da pessoa que se foi; no entanto, podemos manter o seu amor conosco. Não somos abandonados na perda; podemos nutrir nossas memórias de amor, e permitir que o amor continue fluindo na nossa direção. Do mesmo modo, quando nos separamos de um padrão emocional dolorido com o qual convivemos por tantos anos, devemos manter a consciência de sua importância em nosso processo de autoconhecimento: uma forma de gratidão pelo aprendizado.

Sogyal Rinpoche sugere o contato com a natureza como um potente método de pôr fim à dor: Um dos métodos mais poderosos que conheço para aliviar e dissolver o sofrimento é ir para a natureza, contemplar uma cachoeira, em especial, deixando que as lágrimas e a dor saiam de você e o purifiquem como a água que flui. Pode também ler um texto tocante sobre a impermanência ou o sofrimento, e deixar a sabedoria contida em suas linhas trazer-lhe consolo. Aceitar a dor e pôr-lhe fim é possível. (O livro Tibetano do Viver e Morrer, Ed. Talento )

Quando aceitarmos o fato de que podemos experimentar conscientemente nossa dor, então, estaremos prontos para nos liberar dela! Finalmente romperemos o hábito de autocomiseração e estaremos aptos para sermos felizes.

A intensidade da dor de uma emoção possui um tempo que lhe é próprio, mas que também tem seu fim. Se ela continuar presente depois de um tempo prolongado é porque a estamos invocando em demasia. É melhor pararmos de invocar essa dor e abrirmo-nos para o desconhecido, perguntando-nos: Como serei sem esta dor?

Muitas vezes encontramos justificativas nobres para não mudar, quando, na realidade, estamos é precisando ser mais sinceros com nossa fraqueza.

A sinceridade é um antivírus contra as interferências interiores e exteriores, pois quando somos sinceros não fazemos rodeios. A sinceridade nos dá coragem e abertura para lidar com qualquer situação, agradável ou desagradável. Desta forma, nos abrimos para o mundo. A falta de foco é um modo de nos protegermos das exigências do mundo, e de adiarmos nossa participação nele.

Ao saber quem somos, podemos adquirir a flexibilidade de perceber igualmente as nossas necessidades e as dos outros sem privilegiar nenhuma das partes. Assim, não estaremos amarrados a nós mesmos, nem nos confundiremos com os desejos dos outros.

Extraído do livro "O Livro das Emoções" de Bel Cesar, Ed. Gaia.
Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano.
Email: belcesar@ajato.com.br

Habilidade de Alegrar-se Espontaneamente - Bel Cesar

Você já parou para pensar qual é a origem da alegria? Em geral, dizemos: o que me dá alegria é... No entanto, sentir alegria somente a partir de eventos externos é tão difícil como encontrar água e sombra no deserto. A origem da alegria está dentro de nós: em nossa capacidade de abrir-se para senti-la. Podemos sentir a alegria espontânea que surge do bem-estar frente à vida.

Quem já não se pegou com medo de sentir felicidade? Como se não a merecesse? Portanto, não basta sentir a alegria, precisamos também cultivar as condições para expandi-la.

Para expandir a alegria, precisamos educar a mente para romper o hábito de andar para o passado e correr para o futuro. Se nossa mente souber ficar no presente enquanto observa o passado e planeja o futuro, não irá se perder nem se cansar.

No início, precisamos aprender a nos alegrarmos com nossas próprias alegrias: parar de buscá-las em situações externas e reconhecê-las quando ocorrem interiormente. O importante é ter confiança no valor dessa experiência, que vale a pena ser cultivada. Não é perda de tempo! A alegria surge quando não desistimos de nós mesmos.

A alegria espontânea surge quando mostramos apreciação por nós mesmos e por aqueles que amamos. O apreço traz a sensação de proximidade e de conforto.

Tornamo-nos o que amamos, tornamo-nos o que olhamos: contemplar o Vivo é tornar-se vivo. Escreve Jean Yves Leloup em A Arte da Atenção (Ed. Versus).

Um dos maiores obstáculos para sentir a alegria espontânea é sentir rancor contra nós mesmos, por estarmos onde estamos e sermos quem somos. Por uma razão ou por outra, quase nunca estamos satisfeitos conosco mesmos. A vida é um contínuo processo de transformação. São raros os momentos em que nos sentimos completos. Por isso, precisamos aprender a sentir alegria até diante da imperfeição.

A alegria de viver com abertura surge da clareza de nossos propósitos. Podemos reconhecer nossos desejos e necessidades como legítimos. Assim, quando fizermos nossas escolhas e assumirmos responsabilidade por elas, já não sentiremos mais necessidade de justificá-las. Isto é, não precisaremos mais nos defender das idéias alheias para nos afirmarmos.

O segredo está em nos mantermos ligados à nossa aspiração sem nos prendermos aos resultados imediatos, nem nos deixarmos levar pelas preocupações que não podemos resolver de imediato.

E por fim, não desistir. Às vezes desistimos no momento mais intenso porque pressentimos que a mudança real irá ocorrer. Então, caímos nas armadilhas do medo do desconhecido. Se isto lhe ocorrer, procure se refrear e recupere seu humor, dizendo para você mesmo: Ei, pare, você já conhece o caminho de voltar atrás! Desta vez, siga em frente.

Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano.
Email: belcesar@ajato.com.br

Com o Coração Aberto Algo Acontece - Bel Cesar

Aprendemos tantas vezes a fechar nosso coração para nos proteger, que abri-lo é um grande desafio. Abrir o coração é uma atitude pouco familiar em nossa cultura ocidental que estimula o espírito competitivo.

As diversas tradições espirituais nos ensinam sobre a importância de abrirmos nossos corações e abandonarmos nossa atitude comumente egocentrada para que haja paz no mundo.

A mensagem essencial da filosofia budista consiste, justamente, em nos esclarecer que o apego à nossa auto-imagem é a raiz de todo nosso sofrimento. Pois o hábito de considerar nosso próprio Eu como o único referencial verdadeiro na percepção da realidade está arraigado em nossa atitude mental desde que nascemos.

Uma vez Lama Gangchen me disse diretamente: O Caminho do Tantra é maravilhoso, mas só se você quiser abrir o seu coração. Senão, ele se torna um caminho muito difícil de percorrer, e aí não vale a pena.

Lama Gangchen Rinpoche nos inspira a enfrentar este desafio. Pacientemente, ele nos ensina a superar o hábito de pensar no que se restringe somente a nós mesmos. Ao seu lado, testemunhamos o valor de um coração verdadeiramente aberto. Com o coração aberto algo acontece disse-me ele, certa vez.

O budismo nos mostra que enquanto nos interessarmos apenas por nós mesmos, nada acontece e os nossos problemas sempre parecerão intransponíveis. Contaminada pela avareza, a mente egocentrada está continuamente preocupada com a idéia do Eu, e torna-se, assim, tensa e angustiada.

O caminho espiritual nos chama para a abertura: ter empatia pelos outros, reconhecer que estamos todos interligados. Enquanto estivermos presos por uma visão egocentrada, intensificada pela idéia de que somos seres separados uns dos outros, não poderemos ser empáticos, pois estaremos limitados pela carência de ser constantemente reconhecidos por eles.

Assim como escreve Pema Chödrön em Quando tudo se desfaz (Ed. Gryphus): Quando nos tornamos mais perspicazes e compassivos diante de nossas próprias dificuldades, espontaneamente sentimos mais ternura pelos outros seres humanos. Ao conhecer nossa própria confusão, ficamos mais dispostos e capazes para colocar a mão na massa e tentar aliviar a confusão dos outros.

Somente quando estamos bem conosco, temos energia disponível para perceber o outro. De fato, precisamos, antes de tudo, abrir nosso coração para nós mesmos. Cultivar a auto-estima, portanto, reconecta-nos com a sabedoria da interdependência.

Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano.
Email: belcesar@ajato.com.br

Mudar Mesmo Quando Não Acreditamos Na Mudança - Bel Cesar

Todos nós sabemos o quanto é difícil mudar de atitude, mesmo que isso implique em seguir um caminho melhor.

O cérebro percorre automática e velozmente os caminhos neuronais já formados há muito tempo. Por isso, fazer o que nos é habitual é tão fácil. Mas quando se trata de formar um novo caminho neuronal, uma nova sinapse, é preciso tempo e esforço para seu aprendizado. É como quando aprendemos a dirigir. Primeiro, temos que prestar atenção em todos os detalhes, depois dirigimos sem ter de pensar no que estamos fazendo.

Assim também ocorre com as atitudes mentais, quando pensar e reagir de um determinado modo torna-se familiar e nossa reação é automática. Por exemplo, o hábito de sentir-se alvo de ataques externos. Por termos vivido muitas vezes agressões em relação à nossa pessoa, conhecemos o papel do bode expiatório. No entanto, nem sempre estamos sendo atacados, mas facilmente nos sentimos alvo das agressões alheias... Identificar quando isto está de fato ocorrendo e nosso hábito de nos sentir atacados é a primeira tarefa do autoconhecimento. A segunda se trata de aprender a sair cada vez mais rápido do campo de batalha! Seja ele real ou imaginário...

Pema Chödrön comenta numa palestra sobre Felicidade (veja True Happiness em www.amazon.com) sobre três estados que nos encontramos diante das mudanças.

O primeiro é quando já compreendemos que uma atitude mental nos faz mal, então, saímos dela automaticamente. O segundo, quando já sabemos que nos faz mal, mas estamos parcialmente convictos de que somos capazes de mudar e, a terceira, quando sabemos que nos faz mal, mas acreditamos ser impossível mudar.

No primeiro estado, deixar de agir de um modo negativo já não exige mais esforço, pois se tornou uma escolha. Como desistimos de nos torturar, de nos sentirmos frustrados diante de certa atitude mental, toda vez que ela vem à tona naturalmente a identificamos e buscamos saídas efetivas para deixá-la.

Por exemplo, o ressentimento. Toda vez que percebemos que estamos ressentidos, lembramos de escolher deixar essa postura de nos sentirmos prejudicados. Esta lembrança é a sabedoria intuitiva que nos diz: Procure uma saída, dê um salto, caia fora.

No segundo estado, apesar de estarmos convictos de que determinada atitude mental é negativa, nos sentimos propensos a permanecer nela. Seja porque ainda temos a esperança de tirar algum proveito desta postura ou porque nos sentimos tão familiarizados com ela, isto é, ela faz tão parte de nós, que duvidamos se somos capazes de mudar.

Facilmente nos encontramos presos neste estado, pressionados pela expectativa de sermos quem idealizamos ser e a realidade na qual nos encontramos.

Podemos já ter entendido que cultivar a atitude de que deveríamos ou poderíamos fazer isso e aquilo nada adianta, se não a colocarmos em prática. Viver em constante estado condicional nos leva a nos distanciar de nós mesmos! Afinal, quando estamos sob a custódia de idealizações exigentes, deixamos de nos sentir reais para nós mesmos!

Mas, apesar de já saber que de nada ajuda nos culparmos, nos colocarmos para baixo, ainda não temos a capacidade de mudar.

Neste segundo estado mental, a saída encontra-se em buscar o caminho do meio: nem nos exigir demais, nem nos denegrir. Assim, este estado de meia confiança pode tornar-se um possível ponto de partida. Nele, começamos a desenvolver a autocompaixão. Deste modo, tornamo-nos mais flexíveis e empáticos em relação a nós mesmos e aos outros. Lenta, mas, suavemente, o caminho obstruído começa a se abrir.

Pema Chödrön ressalta que neste momento é importante lembrar que não importa se nos consideramos merecedores ou não da mudança, porque a escolha de mudar não é uma questão moral baseada no julgamento de ser ou não merecedor de felicidade, mas sim da escolha de melhorar e progredir, isto é, de dar o salto.

Por fim, temos o terceiro estado: quando entendemos que a mudança é necessária e poderia nos trazer algo positivo, mas, simplesmente, não acreditamos sermos capazes de mudar.

Ficamos presos neste estado enquanto ainda acreditamos que esta atitude vai nos trazer algum benefício, mesmo que passageiro. Há algo que nos conforta diante da idéia de não termos que nos esforçar para mudar. Desta forma, enquanto não nos sentirmos angustiados, iremos permanecer tal como estamos. No entanto, inevitavelmente, uma hora ou outra, seremos tocados pela dor de tal atitude mental negativa. Então, cada vez que nos sentirmos novamente desesperados, estaremos mais descrentes que podemos encontrar uma saída. É um círculo vicioso: sofremos, nos acomodamos com o sofrimento e sofremos novamente, mais e mais...

Por isso, não vale a pena cultivar este terceiro estado. Uma maneira de passar deste estado sem saída, para o segundo -o da meia confiança- é reconhecer os momentos, mesmo que fugazes, de bem-estar.

O antídoto é a autocompaixão: despertar o desejo de se resgatar do próprio sofrimento. Assim, gradualmente nos tornamos receptivos para receber ajuda, seja alheia ou de nós mesmos, isto é, quando reconhecemos que temos recursos internos que não estávamos usando.

Mesmo sendo difícil mudar um padrão negativo, não nos resta outra escolha se não quisermos continuar sofrendo!

Não estamos condenados a sofrer para sempre. Aliás, a única virtude da negatividade é que ela também é impermanente!

Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano. Trabalha com a técnica de EMDR, um método de Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares. Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções e Mania de sofrer pela editora Gaia.
Email: belcesar@ajato.com.br

A Diferença Entre Cobrar e Receber Amor - Bel Cesar

Todos nós conhecemos a necessidade de amar e ser amado. No entanto, quando esta necessidade se torna carência, há algo extra a ser alertado: estamos vulneráveis e desequilibrados.

A origem da carência afetiva encontra-se em nossa dificuldade para receber amor. É como estar com fome e não ter estômago para digerir. Mas, como será que nosso estômago afetivo tornou-se tão pequeno? Fomos nos alimentando cada vez menos, à medida em que o alimento emocional tornou-se escasso ou invasivo.

Em outras palavras, fomos instintivamente diminuindo nosso estado de receptividade ao associar a experiência de receber amor a vivências de insuficiência, abandono ou de um controle excessivo. Se nos sentimos manipulados ao receber alimentos, presentes, elogios, carícias e incentivos, associamos a idéia de receber com o dever de retribuir algo além de nossa capacidade ou vontade pessoal. Quem não se lembra de ter escutado advertências como: Agora você já deve se comportar como um menino grande ou Se você comer todo jantar, pode comer a sobremesa....

Estas frases parecem inocentes, mas revelam os condicionamentos pelos quais passamos a aprender que receber modula nosso modo de ser.

Filhos de pais intrometidos e controladores desde cedo aprendem a conter seus desejos, pois sabem que ao revelarem suas intenções acabarão tendo que abandonar seus planos para realizar as vontades de seus pais. Para garantir fidelidade frente aos seus desejos e gostos, diferentes de seus pais e orientadores, acabam se contraindo cada vez mais - por um instinto de autopreservação, necessário no processo de autoconhecimento e autoconfiança, distanciam-se de seus pais para conhecer a si mesmos.

Desta forma, com a intenção de nos proteger do excesso ou da falta de atenção diante de nossas necessidades de amarmos e sermos amados, fomos nos fechando, isto é, formando camadas protetoras contra os ataques diante à nossa vulnerabilidade. Este processo sutil e delicado tem um efeito bastante grave: ao estar mais atento no que estou recebendo do que no que desejo, acabo aprendendo a dar mais atenção ao mundo exterior que às minhas reais necessidades.

A necessidade de ser amado faz parte de nosso instinto de sobrevivência, portanto é algo natural, enquanto seres que vivem em sociedade. Mas em nossa sociedade materialista onde autonomia é sinônimo de maturidade, muitas vezes esta necessidade é vista como um sinal de imaturidade ou infantilidade. Vamos esclarecer este preconceito: amar só se torna infantil quando se torna uma exigência unilateral: quando queremos apenas ser amados.

Estranhamente, quando quero algo do outro, deixo de perceber a mim mesmo. Quando preciso do outro, passo a controlá-lo. Então, ao invés de expressar o meu amor, passo a cobrar por atenção. No lugar de dizer que amo, digo o que falta no outro para me sentir amada.

Quantas discussões entre casais, pais e filhos estão baseadas nesta troca de intenções!

Vamos exemplificar melhor este drama. Quando o parceiro se distancia, por razões alheias à sua parceira, ela se sente abandonada. Então, no lugar de dizer: Quero estar mais próxima de você, ela diz: Você está distante!. Este seu modo de alertar o outro de sua carência é defensivo. Ela não está sendo aberta, nem transparente, pois detrás de sua reclamação há um desejo de controlá-lo, para que ele seja do modo como ela quer. Ele, sentindo-se pressionado, perde a espontaneidade e afasta-se cada vez mais. Ela sentindo-se carente, se torna refém da atenção dele!

Quando nos tornamos refém do comportamento alheio, deixamos de estar conectados ao nosso sentimento de amar e esperamos apenas ser amados. Em outras palavras, deixo de perceber o que estou sentindo em relação a ele e apenas me atenho ao que ele está demonstrando sentir em relação a mim. A expressão do afeto se contrai sob a pressão e gradualmente ambos perdem a espontaneidade.

Há uma diferença entre expressar claramente o que se quer e cobrar indiretamente o que se necessita. No momento em que simplesmente expresso meu desejo, desobrigo o outro de atuar. Assim, ele já não se sente mais pressionado a mudar e torna-se naturalmente disposto a retomar a relação.

Ao perceber nossas verdadeiras necessidades, desejos e intenções, liberamos o outro da carga de adivinhar o que secreta e indiretamente desejamos. Deixamos de imaginar o que precisamos e passamos a sentir nossas reais necessidades.

Este processo exige auto-observação. Muitas vezes, dar-se conta de algo que nos falta dói mais do que imaginávamos. Perceber nosso bloqueio em saber receber pode ser uma surpresa maior do que pensávamos. Mas, a cada momento que percebo uma limitação interior tenho a chance de mudar. Como?

Começando por admitir que receber é bom. Não é uma ameaça. Só a experiência pode nos afirmar o que queremos ou não. Precisamos aprender a sermos sinceros com nossas necessidades frente aos desejos alheios. Isso ocorre quando nosso sim é um sim verdadeiro.

Não precisamos deixar de ser quem somos ao receber algo intencional de outra pessoa. Não precisamos usar máscaras sociais comportando-nos como é esperado de nós. Nem nos sentirmos insuficientes e inadequados se não estivermos em condições de retribuir. Podemos ser autênticos!

Nos sentimos amados quando o outro nos aceita tal como somos. Portanto, dar amor é abrir-se para receber o amor que o outro tem para lhe dar. Dar um espaço de si para acolher o outro em seu interior.

Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano.
Email: belcesar@ajato.com.br