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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Lei de Diretrizes e Bases - 1996

Com a promulgação da Constituição de 1988, a LDB anterior (4024/61) foi considerada obsoleta, mas apenas em 1996 o debate sobre a nova lei foi concluído.

A atual LDB (Lei 9394/96) foi sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo ministro da educação Paulo Renato em 20 de dezembro de 1996. Baseada no princípio do direito universal à educação para todos os LDB de 1996 trouxe diversas mudanças em relação às leis anteriores, como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escolas) como primeira etapa da educação básica.
[editar] Principais características

    Darcy Ribeiro foi o relator da lei 9394/96
    Gestão democrática do ensino público e progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares (art. 3 e 15)
    Ensino fundamental obrigatório e gratuito (art. 4)
    Carga horária mínima de oitocentas horas distribuídas em duzentos dias na educação básica (art. 24)
    Prevê um núcleo comum para o currículo do ensino fundamental e médio e uma parte diversificada em função das peculiaridades locais (art. 26)
    Formação de docentes para atuar na educação básica em curso de nível superior, sendo aceito para a educação infantil e as quatro primeiras séries do fundamental formação em curso Normal do ensino médio (art. 62).
    Formação dos especialistas da educação em curso superior de pedagogia ou pós-graduação (art. 64)
    A União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no mínimo 25% de seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino público (art. 69)
    Dinheiro público pode financiar escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas (art. 77).
    Prevê a criação do Plano Nacional de Educação (art. 87)

[editar] Histórico

O texto aprovado em 1996 é resultado de um longo embate, que durou cerca de seis anos, entre duas propostas distintas. A primeira conhecida como Projeto Jorge Hage foi o resultado de uma série de debates abertos com a sociedade, organizados pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, sendo apresentado na Câmara dos Deputados. A segunda proposta foi elaborada pelos senadores Darcy Ribeiro, Marco Maciel e Maurício Correa em articulação com o poder executivo através do MEC.

A principal divergência era em relação ao papel do Estado na educação. Enquanto a proposta dos setores organizados da sociedade civil apresentava uma grande preocupação com mecanismos de controle social do sistema de ensino, a proposta dos senadores previa uma estrutura de poder mais centrada nas mãos do governo. Apesar de conter alguns elementos levantados pelo primeiro grupo, o texto final da LDB se aproxima mais das idéias levantadas pelo segundo grupo, que contou com forte apoio do governo FHC nos últimos anos da tramitação.
[editar] Estrutura

Possui 96 artigos, organizados da seguinte maneira:

    Título I - Da educação
    Título II - Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
    Título III - Do Direito à Educação e do Dever de Educar
    Título IV - Da Organização da Educação Nacional
    Título V - Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
        Capítulo I - Da Composição dos Níveis Escolares
        Capítulo II - Da Educação Básica
            Seção I - Das Disposições Gerais
            Seção II - Da Educação Infantil
            Seção III - Do Ensino Fundamental
            Seção IV - Do Ensino Médio
            Seção V - Da Educação de Jovens e Adultos
        Capítulo III - Da Educação Profissional
        Capítulo IV - Da Educação Superior
        Capítulo V - Da Educação Especial
    Título VI - Dos Profissionais da Educação
    Título VII - Dos Recursos Financeiros
    Título VIII - Das Disposições Gerais
    Título IX - Das Disposições Transitórias

[editar] Lei de Diretrizes e Bases - 1971

Foi publicada em 11 de agosto de 1971, durante o regime militar pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.
[editar] Principais características

    Prevê um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º grau e uma parte diversificada em função das peculiaridades locais (art. 4)
    Inclusão da educação moral e cívica, educação física, educação artística e programas de saúde como matérias obrigatórias do currículo, além do ensino religioso facultativo (art. 7).
    Ano letivo de 200 dias (art. 24)
    Ensino de 1º grau obrigatório dos sete aos 14 anos (art. 20)
    Educação a distância como possível modalidade do ensino supletivo (art. 25)
    Formação preferencial do professor para o ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, em habilitação específica no 2º grau (art. 30 e 77).
    Formação preferencial do professor para o ensino de 1º e 2º grau em curso de nível superior ao nível de graduação (art. 30 e 77)
    Formação preferencial dos especialistas da educação em curso superior de graduação ou pós-graduação (art. 33)
    Dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas (art. 43 e 79)
    Os municípios devem gastar 20% de seu orçamento com educação, não prevê dotação orçamentária para a União ou os estados (art. 59).
    Progressiva substituição do ensino de 2º grau gratuito por sistema de bolsas com restituição (art. 63)
    Permite o ensino experimental (art. 64)
    Pagamento por habilitação (art. 39)

[editar] Estrutura

Possui 88 artigos, organizados da seguinte maneira:

    Capítulo I - Do Ensino de 1º e 2º Graus
    Capítulo II - Do Ensino de 1º Grau
    Capítulo III - Do Ensino de 2º Grau
    Capítulo IV - Do Ensino Supletivo
    Capítulo V - Dos Professores e Especialistas
    Capítulo VI - Do Financiamento
    Capítulo VII - Das Disposições Gerais
    Capítulo VIII - Das Disposições Transitórias

[editar] Lei de Diretrizes e Bases - 1961

A primeira LDB foi publicada em 20 de dezembro de 1961 pelo presidente João Goulart, quase trinta anos após ser prevista pela Constituição de 1934. O primeiro projeto de lei foi encaminhado pelo poder executivo ao legislativo em 1948, foram necessários treze anos de debate até o texto final.
[editar] Principais características

    Dá mais autonomia aos órgãos estaduais, diminuindo a centralização do poder no MEC (art. 10).
    Regulamenta a existência dos Conselhos Estaduais de Educação e do Conselho Federal de Educação (art. 8 e nove)
    Garante o empenho de 12% do orçamento da União e 20% dos municípios com a educação (art. 92)
    Dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas (art. 93 e 95)
    Obrigatoriedade de matrícula nos quatro anos do ensino primário (art. 30)
    Formação do professor para o ensino primário no ensino normal de grau ginasial ou colegial (art. 52 e 53)
    Formação do professor para o ensino médio nos cursos de nível superior (art. 59).
    Ano letivo de 180 dias (art. 72)
    Ensino religioso facultativo (art. 97)
    Permite o ensino experimental (art. 104)

[editar] Histórico

A Constituição de 1891, primeira do período republicano, pouco trata da educação por primar pela autonomia das unidades federativas. Ficava subentendido que a legislação nessa matéria deveria ser resolvida no âmbito dos estados. Cabia à Federação apenas o ensino superior da capital (art. 34º), a instrução militar (art. 87º) e a tarefa, não exclusiva, de "animar, no país, o desenvolvimento das letras, artes e ciências" (art. 35º). Não havia nessa Carta e também na anterior (Constituição de 1824) nem sequer a menção à palavra "educação".

Até a década de 1930, os assuntos ligados à educação eram tratados pelo Departamento Nacional do Ensino ligado ao Ministério da Justiça. Somente em 1931 foi criado o Ministério da Educação.


A Constituição de 1934 dedica um capítulo inteiro ao tema, trazendo à União a responsabilidade de "traçar as diretrizes da educação nacional" (art. 5º) e "fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino em todos os graus e ramos, comuns e especializados" para "coordenar e fiscalizar a sua execução em todo o território do país" (art. 150º). Através da unidade gerada por um plano nacional de educação e da escolaridade primária obrigatória pretendia-se combater a ausência de unidade política entre as unidades federativas, sem com isso tirar a autonomia dos estados na implantação de seus sistemas de ensino. Idéia defendida pelos educadores liberais, dentre os quais se destacava Anísio Teixeira.

Um ponto importante de disputa que refletiu diretamente na tramitação da primeira LDB foi à questão do ensino religioso. Enquanto a proclamação da República teve como pano de fundo a separação entre Estado e igreja, a segunda Carta marca essa reaproximação. No que diz respeito à educação, instaura o ensino religioso de caráter facultativo, e de acordo com os princípios de cada família, nas escolas públicas (art. 153º).

A despeito do ensino religioso, a Carta de 1934 pode ser considerada uma vitória do grupo de educadores liberais, organizados através da Associação Brasileira de Educação, por atender suas principais proposições.

Porém, apenas três anos depois a Constituição de 1937, promulgada junto com o Estado Novo, sustentava princípios opostos às idéias liberais e descentralistas da Carta anterior. Rejeitava um plano nacional de educação, atribuindo ao poder central à função de estabelecer as bases da educação nacional. Com o fim do Estado Novo, a Constituição de 1946 retomou em linhas gerais o capítulo sobre educação e cultura da Carta de 1934, iniciando-se assim o processo de discussão do que viria a ser a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
[editar] A tramitação da lei

Dois grupos disputavam qual seria a filosofia por trás da primeira LDB. De um lado estavam os estadistas, ligados principalmente aos partidos de esquerda. Partindo do princípio de que o Estado precede o indivíduo na ordem de valores e que a finalidade da educação é preparar o indivíduo para o bem da sociedade, defendiam que só o Estado deve educar. Escolas particulares podem existir, mas como uma concessão do poder público.

O outro grupo, denominado de liberalista e ligado aos partidos de centro e de direita, sustentava que a pessoa possui direitos naturais e que não cabe ao Estado garanti-los ou negá-los, mas simplesmente respeitá-los. A educação é um dever da família, que deve escolher dentre uma variedade de opções de escolas particulares. Ao Estado caberia a função de traçar as diretrizes do sistema educacional e garantir, por intermédio de bolsas, o acesso às escolas particulares para as pessoas de famílias de baixa renda.

Na disputa, que durou dezesseis anos, as idéias dos liberalistas se impuseram sobre as dos estadistas na maior parte do texto aprovado pelo Congresso.
[editar] Estrutura

Possui 120 artigos, organizados da seguinte maneira:

    Título I - Dos Fins da Educação
    Título II - Do Direito à Educação
    Título III - Da Liberdade do Ensino
    Título IV - Da Administração do Ensino
    Título V - Dos Sistemas de Ensino
    Título VI - Da Educação de Grau Primário
        Capítulo I - Da Educação Pré-Primária
        Capítulo II - Do Ensino Primário
    Título VII - Da Educação de Grau Médio
        Capítulo I - Do Ensino Médio
        Capítulo II - Do Ensino Secundário
        Capítulo III - Do Ensino Técnico
        Capítulo IV - Da Formação do Magistério para o Ensino Primário e Médio
    Título VIII - Da Orientação Educativa e da Inspeção
    Título IX - Da Educação de Grau Superior
        Capítulo I - Do Ensino Superior
        Capítulo II - Das Universidades
        Capítulo III - Dos Estabelecimentos Isolados de Ensino Superior
    Título X - Da Educação de Excepcionais
    Título XI - Da Assistência Social Escolar
    Título XII - Dos Recursos para a Educação
    Título XIII - Disposições Gerais e Transitórias

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